sexta-feira, novembro 30, 2007

Homens, coisas e bichos...

Uma professora inglesa (vi na televisão) foi detida e acho que esteve em risco de ser condenada a uma dolorosa pena, num país islâmico, por ter permitido que um dos seus alunos pusesse o nome do profeta, responsável pela escrita do Corão, a um ursinho de peluche.

Sem me moverem princípios religiosos de qualquer ordem, sempre direi (chamem-me louco por isso) que nunca gostei de ouvir coisas ou animais com nome de pessoas. Tanto assim é que, aos ursinhos de peluche dos meus filhos foi dado (havia um pouco mais 9 anos de diferença entre eles) o nome de Tété. E os cães da casa chamaram-se Tété, Nada, Népia, Teço e Farrusco, pois considero indigno dar “nome de gente” – como dizia o meu Leonardo (aio preto que olhou pela minha infância) – aos bichos, ainda que muito deles se goste.

Infelizmente, nem todas as pessoas assim pensam e não é raro ouvir-se chamar Joana, Mário ou outros nomes humanos a bichos de estimação e companhia.

Em que ficamos… são bichos, são coisas ou são humanos com direito a respeito, dignificação pessoal e amor?

Tenhamos – nós homens – um mínimo de respeito por nós mesmos e pelo nosso semelhante e, desse modo, seremos felizes porque saberemos destrinçar direitos e valores, para podermos ser, devidamente, respeitados e lembrados com admiração e, até, veneração, pelos nossos contemporâneos e pelos vindouros que nos hão-de suceder

Assim seja!...

quarta-feira, novembro 28, 2007

Português mal tratado

Queixam-se os professores, os sindicatos, os governantes e, de um modo geral, toda a gente, que, cada vez, se fala e escreve pior o português e que esta disciplina escolar apresenta, nos alunos, notas bastante baixas.

E… muito pior, é haver quem se admire de tão negra situação. Eu digo pior, pior, é não haver nenhuma entidade que (há tantas por aí) regule e trave a tendência do mau português, no quotidiano das actividades co0muns aos portugueses. São as etiquetas nos estabelecimentos comerciais com erros ortográficos de palmatória, são as informações escritas a sofrerem da mesma pecha, etc.

Mas o que mais nos escandaliza e dói é a publicidade, que deveria ser responsável e cuidadosa sob tal ponto de vista, a, também, não respeitar o bem escrever, usando a “nova” grafia utilizada pelos miúdos nos aparelhos das modernas tecnologias.

Já há tempos, uma unidade bancária, em um cartaz de propaganda a um produto financeiro, cometera esse desacato linguístico. Agora, outro banco (multinacional), expõe, descaradamente, nas montras dos seus balcões, um cartaz com a seguinte frase: «já ká konta».

Santo Deus! O que é isto?!...

Somos responsáveis e pugnamos por melhorar a qualidade dos portugueses, em relação à sua língua, ou pretendemos destruir esse importantíssimo património cultural que nos foi legado e que devemos entregar intacto aos vindouros, para que tenham disso justificado orgulho?!... (Coloquei esta pontuação, porque, confesso, não sei como, no presente caso, demonstrar toda a minha dorida indignação.)

segunda-feira, novembro 26, 2007

Pobreza...

Estava um dia de sol luminoso, mas, devido ao vento, muito frio, para a época, já que ainda não chegamos ao Inverno, embora estejamos a dar as despedidas ao Outono.

Uma mulher, dos seus cinquenta e picos anos, sentada na soleira da montra de uma pastelaria, enrolada num xaile, estendia a mão a quem passava, pedindo, «por caridade», uma esmola.

Uns bons metros mais acima, uma cidadã dos países de Leste, também de mais de cinquenta anos, dirigia-se aos passantes para que lhe dessem qualquer coisinha.

Fiquei triste e meditativo, embora tivesse visto essas imagens, muitíssimas vezes nos anos 50/60 do século passado, não entendo como é que no início do século XXI, ainda não foi possível erradicar, em Portugal e no Mundo, o flagelo da pobreza.

É preocupante e lamentável como os governos e os políticos (falsos políticos que não servem, mas se servem) não têm talento para encontrarem soluções que resolvam, de vez, tão grave problema da humanidade.

«Quem pede precisa de comer todos os dias, entretanto, quem dá não o pode fazer sempre.» – Diziam, e bem, aqueles que nos antecederam.

E não são só os adultos os afectados, as crianças também são vítimas da fome, da miséria e da doença que lhe é inerente. Tinha razão Augusto Gil, no final do poema “Balada da Neve” ao perguntar doloridamente: «…mas as crianças, Senhor, / por que lhes dais tanta dor, / por que padecem assim?»

sábado, novembro 24, 2007

O Sol e a liberdade

O Sol, desde a mais remota antiguidade, foi (e ainda é para muitas religiões e povos) considerado como uma divindade produtora de energia, logo, de sabedoria e, concomitantemente, de força criadora e de poder sobre as coisas e sobre os homens.

Talvez por isso – herança inconsciente de gestação –, as crianças, em quase todas as suas garatujas, o incluem no alto do Céu azul, a sobressair, fortemente, com seus raios, num quente tom amarelo, que o destaca, de forma ingénua, de toda a restante composição infanto/artística.

O Sol, de certo modo, é a expressão da liberdade em toda a sua dimensão e pureza. É – digamos – o símbolo democratizado do homem livre de grilhetas intelectuais e espirituais. Livre de princípios e ideias velhas e preconceituosas, Livre da tirania do semelhante que explora a força dos seus braços, a capacidade criadora da sua mente e o convencimento das suas palavras bem medidas e justas na defesa das boas causas.

Quem me dera ser Sol, para dizer, sem medo, aquilo que me oprime e me dói! Quem me dera estar bem alto, como o Sol, para gritar a raiva que me vai na alma contra o Tribunal da Relação que, seguindo friamente apenas a interpretação da lei, vai, se não houverem mudanças, atirar para a demência uma criança inocente e indefesa, a qual será mais um ser humano a engrossar o já vasto quadro de pessoas a sofrerem de doenças mentais neste país, tão pequeno no tamanho, mas tão grande na estupidez e na desumanidade!

- Porra, que é demais!

sexta-feira, novembro 23, 2007

A Construção Cívil nos nossos dias

Vive-se hoje um surto de desenvolvimento verdadeiramente espantoso em Portugal, muito especialmente no que concerne á habitação. Por todo o lado há edifícios em construção.

Obviamente, é bom, pois é a substituição das casas degradadas e sem condições de habitabilidade por espaços vivenciais com condições mais humanas.

Mas… infelizmente, tal não sucede, porque, apesar da imensa oferta, os preços continuam demasiado altos. Dizem que, por as avaliações feitas pelas entidades oficiais serem elevadas o que não permite a natural e devida baixa nos preços de venda por parte dos empreiteiros.

Depois – parece-me, sou um leigo na matéria – está-se a cometer o erro de, em todas (ou quase todas) as construções, se reservarem espaços de rés-do-chão, virem a ser ocupados por estabelecimentos comerciais.

Num tempo em que o “antigo” comércio tradicional fecha portas e deixa inúmeros “baixos” devolutos, milhares de baixos novos, em construção, vão ficar fechados e inúteis.

Será que os Municípios não vêem isto ou será que isso lhes convém economicamente aumentando a receita com a respectiva licença para execução da obra? Não seria bem melhor substituir esses baixos que – de certeza – vão ficar a degradar-se por falta de uso, em espaços habitacionais?

Parafraseando Cristo, sempre digo: «Quem tiver olhos que veja!...»

quinta-feira, novembro 22, 2007

Apelo Ecológico

Cantava assim minha avó,

Sem piedade e sem dó:

- «Este Mundo é uma bola

Que gira e que rebola

E se alguém a não contenta

Ela incha, incha e rebenta!...

Filosofia do povo,

Em pensamento mui novo

Que estamos a esquecer

E que nos fará morrer

Como dolosos culpados

Sem tribunal, mas julgados

Pelos nossos próprios netos

Que não darão seus afectos.

Acorde a Humanidade

Para esta realidade:

Cuidemos da Natureza

P’ra termos sua beleza,

Permanente e sem idade,

Até à Eternidade!

quarta-feira, novembro 21, 2007

Incongruências da Justiça

Se uma rosa é feita de pétalas e folhas coloridas, em que, no caule, se destacam alguns aguçados espinhos, que a defendem, dizem os entendidos, dos ataques das bichezas que por elas trepem ou as abocanhem, por que não há-de o ser humano procurar também modo de escapar ao ataque de quem queira ser seu predador?

Os adultos arranjam (salvo bastantes excepções) modos ardilosos para essa defesa, mas as crianças ainda inexperientes e, pela sua tenra idade, sem capacidade motora e mental, quem as defende e protege?

Dirão que cabe à justiça dos tribunais fazê-lo. Eu, por mim, já não acredito nesse tipo de protecção. O que fica bem à vista è o inverso. Veja-se o chamado caso “Esmeralda”.

O que está a acontecer, sancionado pelos tribunais, é de pôr os cabelos em pé! Olha-se para a letra da lei (ou das leis) e atira-se “para as ortigas” com todo o bem-estar e desenvolvimento saudável, emocional e intelectual, da criança.

Uma vez, a propósito de um acórdão estúpido do “Supremo” que – inconsciente e irresponsavelmente – aceitava como prática natural dar uns bofetões em crianças com deficiência, para as levar a fazer o que os adultos pretendem, eu cheguei à conclusão que ponho a seguir e que encerra este meu modesto texto, parafraseando o título de um filme.

“Os Juízes devem estar loucos!....”

segunda-feira, novembro 19, 2007

Blogues e blogistas

A bloguista (não sei se em português a palavra é adequada, mas, se não é, passa a ser no meu dicionário privado, já que acabei de a inserir no vocabulário do meu computador) Salete Lemos, brasileira de S. Paulo, num comentário muitíssimo favorável à minha última mensagem sobre “A Juventude e o álcool”, pede-me, como é habitual, para visitar, um blogue de sua bem elaborada lavra e autoria «http//vagandopelaweb.blogspot.com», o que fiz.

Fiquei, positivamente, surpreso com o que vi. Sou um autêntico “nabo” em matéria de informática e, por isso, (sofro, creio, de absoluta falta de paciência para andar, na net, a rebuscar citações e trechos de outros autores) não seria, de forma alguma, capaz de produzir um blogue como aquele, assim variado, daí que louve e exalte quem consegue ter essa saudável pachorra.

Por temperamento ou por outro qualquer factor que desconheço, sou demasiado ansioso e, por tal motivo, prefiro (mesmo que sejam enormes disparates) fazer e dizer coisas que saiam de dentro de mim: do meu coração e do meu intelecto.

No entanto, leio bastante e tiro apontamentos que me levam (sem quaisquer plágios) ao desenvolvimento das minhas “modestas” ideias, as quais acabam, afinal, por estar presentes em todas as minhas obras. Já o disse várias vezes: não crio, apenas activo memórias e conhecimentos adquiridos e é por essa razão que me vou adaptando à evolução do pensamento e do tempo e, como Eugénio de Andrade, «recuso-me a ter mais de dezoito anos!»

sábado, novembro 17, 2007

A Juventude e o álcool

Em 1946, tinha então 9 anos – lembro-me muito bem, como se fosse hoje –, havia (imaginem só), na sala de aulas da escola que eu frequentava um cartaz que, simplesmente, em letras garrafais, dizia: «beber vinho é dar de comer a mais de um milhão de portugueses»

Não faço ideia nenhuma de quem ali terá colocado e porquê tal cartaz. A professora – boa senhora, sempre diligente com o bem-estar e progresso dos seus alunos – aposto que não foi. Mas que ele lá estava (como se aquele lugar fosse uma taberna), não sei como negá-lo.

Creio que a intenção do cartaz era dizer que, na agricultura da vinha, laborava, nessa altura, em Portugal, mais de um milhão de trabalhadores e, talvez – digo eu –, estimular a um menor consumo de cerveja que, nessa época, era uma indústria com pouco significado no país.

Fossem quais fossem os objectivos do cartaz e de quem “obrigou” a nossa Mestra a expô-lo naquela parede, junto a diverso material didáctico, a verdade é que ele lá estava a incentivar a um consumo que, para nós miúdos, era pernicioso e de efeitos pedagógicos desastrosos.

Bem sei que poderá haver quem discorde desta minha última asserção, pois, sem tal ou tais cartazes, os jovens de hoje iniciam-se no álcool demasiado cedo, tolhendo o seu desenvolvimento físico e psíquico de forma bem evidente e não menos assustadora.

Ao que se vê, nas estatísticas, o consumo precoce de bebidas alcoólicas é motivo de séria preocupação para educadores, políticos e governantes, já que, daí, pode-se comprometer o futuro e, sobretudo, a vida dos que vierem a seguir aos nossos filhos e netos.

E a pergunta surge cruel e implacável: que fazer para solucionar o problema, de forma eficaz e definitiva?

sexta-feira, novembro 16, 2007

Poema

O poeta é filho do Sol, / Espalha luz e calor /E o seu cantar não é mole, / Pois a tudo dá amor.

O poeta é um prosador, / Escreve “estórias” / Com sentimento, / Em linha interrompida, / E, num momento, /Fala da vida.

O poeta é um filósofo, / Observa e sente, / Disseca e pensa, / Anota e sonha, / E canta e ri, / Deduz e chora, / Lê e conclui, / Mas, nessa hora, / Não vai embora.

Eu, afinal, / Mesmo bem mal, / Também sou poeta / E prosador / E filósofo / E, ai, profeta, / Doido e amorfo, / Numa sala, / Que grita / E… cala!

quarta-feira, novembro 14, 2007

Ociosidade e adaptação

Nem sempre uma pessoa tem disponibilidade para se sentar, ao computador, e carregar o seu blog com uma nova mensagem. Dirão que é preguiça, pois um reformado tem todo o tempo do mundo para o fazer.

Talvez tenham razão! Só que, comigo, isso não funciona. Há sempre, sempre um assunto a tratar. Umas vezes, são afazeres burocrático/administrativos; outras, é alguém que nos pede este ou aquele favor que urge ser feito; por último, é o cuidado em ser útil a uma pessoa que precisa, por isto ou por aquilo, de estar e falar connosco.

Aquele rol torna-se tão longo que seria fastidioso enumerá-lo exaustivamente. Ainda bem que assim é! O contrário resultaria em nulidade e em doença física e mental.

Fico bem admirado porque vejo imensa gente, nos rossios das cidades, sentada na mais completa ociosidade e pergunto: por quê? Será que o tempo parou na sua ampulheta e já não vale a pena fazer mais nada por si e pelos outros? Ou será que não sabem fazer mais nada, a não ser aquilo que fizeram, durante enquanto no activo da sua profissão?

Se esta última questão for a causa de tal inactividade, só nos resta lamentar tão grande inadaptação à vida humana em comunidade.

É triste, é bem triste, mas, infelizmente, ao que sabemos e vemos, existem ainda imensas pessoas nesta situação, pois, daí, só pode surgir (especialmente nos trabalhadores de meia idade) o medo à “flexibilidade” de emprego.

Aprendeu-se o trivial de um qualquer ofício e… depois, sente-se uma enorme dificuldade na mudança, e desaparece o desejo de prosseguir, na vida, por novos caminhos, rumo ao porvir. Donde, nessa sequência e consequência, surgem, de forma preocupante e avassaladora – quase como uma epidemia dos nossos dias –, as depressões de toda a ordem.

Ou será que sou burro?...

segunda-feira, novembro 12, 2007

Agradar ou não agradar eis a questão

Ter de agradar a alguém é sempre difícil, mas agradar a todos é mesmo impossível. Por isso, tudo o que eu faço, no campo da cultura, da arte, da sociedade, da ecologia e noutros âmbitos da vida humana, não é para agradar a ninguém, em particular. É, sim, para me agradar a mim próprio, pois me alivia das tensões e emoções de cada dia. Se, assim mesmo, o meu modesto trabalho ainda agrada a alguém é sinal que, seja como for, valho alguma coisa. E é a evidência, palpável, de que as minhas mensagens têm um mérito qualquer que, nem sei qual será, já que desconheço os critérios dos meus distintos e simpáticos avaliadores.

Dito isto, de um fôlego só, é meu dever simplificar e especificar o verdadeiro sentido destas palavras, já que quando me lanço numa qualquer actividade criativa, nunca sei o que vou dizer, desenhar e pintar. Ataco o papel e a tela (em branco) deixando que as ideias fluam e as comoções me tomem a mente e o coração, depois… bem depois surge a luz, e na pantalha do computador ou no linho alvo de um quadro, aparece um poema, uma história, um conjunto de explosões filosófico/sociais e um mar de traços e cores que formam a obra final.

Que ninguém pense que as minhas realizações são laboriosamente rascunhadas, estruturadas, etc. Eu escrevo um pouco (um muito) «de la tete à la machine» como diria uma francesa, minha amiga. É verdade! No primeiro impulso sai o que sai.

Depois, sim, vêm as revisões – o buril, como dizem os poetas. Mas, na maioria das vezes, como hoje, nem isso, é escrita pura, sem artifícios, nem aditivos – digamos, parafraseando os agricultores ecologistas: «é arte biológica, sem adoçantes, nem conservantes»!

E, pronto, foram palavras ditas!…

sábado, novembro 10, 2007

Pressão e mais pressão

A sociedade actual vive sobre uma exagerada e permanente situação de pressão, surgindo, por isso, circunstâncias que levam os cidadãos ao estresse e, daí, a doenças graves, as quais sobrecarregam os estabelecimentos de saúde por forma a criar congestionamentos nos serviços, ocasionando arreliadoras listas de espera para tudo (consultas, exames, cirurgias etc.).

Encolhendo os ombros, há quem diga apenas: «são coisas desta vida e deste tempo» e ninguém mexe uma palha para modificar o estado das coisas.

E tudo, cada dia, se amplia e complica e, provavelmente, quando alguém, de boa vontade, quiser fazer algo de bom e de positivo, é, já, demasiado tarde, pois os remendos e os “paninhos quentes” que andaram a ser colocados, rebentam pelas costuras e deixam uma enorme ferida tão gangrenada que levará à morte de todo o sistema que se tem vindo, ano após ano, a criar.

É assim em tudo, na saúde, no ensino, na justiça, na economia, nas comunidades e sei lá que mais. Não se dá andamento às novas estruturações sociais, nem às realidades do quotidiano. Pressiona-se nem se sabe com que objectivo. Talvez por ganância, para “mostrar serviço”, para bajular os superiores, para parecer-se interessado, por isto e por aquilo.

Para onde vamos? O que queremos? Quando, por mor de tudo isso, cairmos no caos o que fazer? Quem se salvará? Ou quem nos salvará?!...

quarta-feira, novembro 07, 2007

Política sem qualificação

Que tristeza, meu Deus, que tristeza!!!

Aprende-se em antropologia e em sociologia que «um povo sem passado e sem cultura não progride.» Mas uma coisa é estudar o passado e preservar a cultura com vista á evolução para um melhor futuro, outra é “partir o pescoço” a olhar para um pretérito de forma acintosa e com objectivos verrinosos de achincalhamento político e (até) pessoal.

Foi, exactamente, o que aconteceu, no dia 6 de Novembro, na Assembleia da República, Lavou-se roupa suja de um passado recente que não edificou nada e, muito menos, em nada esta nação de quase 900 anos de História. Nem o antigo Primeiro-Ministro, nem o actual, tiveram razão. Se um errou, o outro não está a ficar-lhe atrás. Ninguém, nem coisa alguma é, completamente, perfeita. Há sempre, mas sempre, algo a toldar a imagem – uma qualquer mácula a deixar os olhos e a alma feridos.

Por quê, homens com responsabilidades caiem em tão lamentáveis atitudes? Que políticos temos nós, que se perdem em acusações do nada que não leva a nada? Como recuperar tão precioso, mas desaproveitado, tempo? Afinal, aquilo é um parlamento sério, ou uma praça com as peixeiras desavindas?

Como português, interessado em que os vindouros gozem de um país e de uma vida melhor, quedo-me apreensivo e pergunto: Que fazer quando, nem os políticos, nem os partidos (todos sem excepção) e muito menos os sindicatos, são capazes de encontrar soluções e ter atitudes que nos inspirem confiança e bem-estar quer hoje, quer no amanhã?

Estou indignado e tenho vergonha por haver pessoas, com responsabilidades de liderança política e governativa, que procedam, ao mais alto nível, de forma tão miseravelmente baixa!

terça-feira, novembro 06, 2007

Vigaríce, fraude ou desumanidade?

As pessoas idosas têm hoje ao dispor lugares onde se podem reunir, para gastar o seu (imenso) tempo livre e quebrar, na maioria dos casos, a sua (enorme e doentia) solidão.

E isso é bom, muito bom mesmo. Pois, para além da conversa e do convívio, desenvolvem ainda outras actividades intelectuais e físicas que lhe são salutares.

Mas… – contou-me um amigo meu, frequentador desses lugares e grupos – há quem, um tanto abusivamente, se sirva de tal fragilidade e, “a preço da chuva”, organize (e/ou ofereça) passeios que, descobre-se depois, mais não são que a armadilha ideal para, numa terra qualquer, metendo os “velhotes” em salas, forçarem a venda, a prestações, de coisas (colchões e não sei que mais) que, para eles, já não são de primeira necessidade.

E há-os que, sob a pressão exercida pelos bem falantes vendedores, acabam por cair na esparrela, ficando numa situação económica, de total dependência. Se já eram pobres, mais pobres ficam.

Não há escrúpulos, nem valores morais que travem os fulaninhos destas empresas de vendas (digo eu) desonestas. Tudo e todos lhe servem para encherem os bolsos.

Para essa gente sem sentimentos humanos o que conta é o dinheiro ganho de qual quer forma. A dor dos outros, para eles, nada vale. São “trabalhadores da desgraça” e criadores de desgraça.

Como acabar com esta gente ruim? A quem recorrer para prevenir e pôr cobro a tal escumalha social?...

domingo, novembro 04, 2007

Ser velho e pobre, em Portugal...

Após o almoço fui tomar café, em acto social, com um amigo, mais velho do que eu dois ou três anos, a quem não via há um ror de tempo.

Conversamos. E fiquei a saber que vive só – a pessoa com quem estava foi afectada pela doença de Alzheimer e foi para casa de uma filha – e com sérias dificuldades económicas, pois a sua magríssima pensão de reforma mal supre as receitas da farmácia e bem pouco mais.

Tem de fazer grande ginástica financeira, para satisfazer as suas naturais necessidades alimentares e para, de crés a crés, meter um pouco de gasolina na “velha pandeireta” em que vai à cidade fazer algumas compritas e consultar a médica que olha pelo seu gasto coração.

Fiquei pensativo a magicar que a imagem dele é a imagem que também vejo no meu espelho e é o reflexo de muitos milhares (mais de um milhão) de pessoas idosas deste país que, sob tal ponto de vista, não viram, mormente a Revolução dos Cravos, nada melhorada a sua triste situação.

Que fazer? A quem recorrer? Será que os políticos e os governantes, de barriga forra, conhecem esta lamentável realidade? Se conhecem, por que encolhem os ombros e seguem em frente insensíveis ao sofrimento dos idosos, das crianças sem família e das pessoas com deficiência? Que “resignação cristã” se pode ter perante casos tão dolorosos e tão gritantes?

Não sei! Mas sinto! E, como Cristo no Monte das Oliveiras, apetece-me gritar: «Ó Deus, por que nos abandonaste?!...»

sexta-feira, novembro 02, 2007

Qualificação uma vez mais

De certo modo quis a Senhora Ministra da Educação – numa entrevista na televisão pública – negar a má preparação de alguns alunos, ao chegarem ao Ensino Superior, dizendo que a culpa é dos Professores Universitários que fazem essa acusação para justificarem a sua incapacidade de conseguirem melhores resultados.

Talvez seja. Mas…

Ao que sei, ao que vejo e o que me ensinou a vida é que «sem ovos não se fazem omoletas». Logo, algo «vai mal no reino de Preste João».

E o que destoa, no panorama quer a Senhora Ministra queira, quer não, é a base da pirâmide, onde tudo começa e donde se desenvolvem todas as linhas de força e sustentação da estrutura final.

Como solucionar o problema? Que estímulos proporcionar a docentes e discentes com vista à melhoria (e mesmo optimização) do processo?

Não sei! – Não sou especialista na matéria, ainda que tenha feito parte do corpo docente de uma antiga Escola do Magistério Primário. – Mas sinto e sei que, havendo vontade política, académica e social, tudo é possível, haja, sim, humildade e força para mobilizar recursos humanos e técnicos e os objectivos serão atingidos, de forma eficaz e asseguradora de um futuro muito melhor, o qual permitirá, por isso, que ombreemos com os países mais avançados do Mundo! Nunca é tarde! Nós somos capazes!

quinta-feira, novembro 01, 2007

Tradição e importação

Na realidade, os séculos XX e (agora ainda mais) o XXI, são a era da comunicação rápida, para não dizer imediata, a nível global. Um facto passado nos confins do Mundo, no presente, chega a nossas casas em menos de um ai, pondo-nos ao corrente do que, de outro modo, só muito mais tarde ou mesmo nunca o saberíamos.

Isso se por um lado é bom, por outro pode ser muito mau, não pela notícia em si, mas pelas implicações que, muitas vezes, daí advêm.

As pessoas, por ignorância, umas vezes; por snobismo, outras e por tendência para darem nas vistas, umas quantas, copiam o que ouvem e vêm, adoptando modas e atitudes que nada têm a ver com a sua cultura, tradição e forma de estar na comunidade em que se inserem.

Vem isto a propósito de ontem, como é habitual, ter ido dar uma volta à minha cidade e, na rua principal do centro, me ver, de repente, envolvido por uma multidão de garotos vestidos de bruxos e feiticeiras, encabeçados por um barulhento diabo, em andas, para ficar mais alto, que, ruidosamente se divertiam criando uns momentos de grande confusão em quem, àquela hora, por ali circulava em seus normais afazeres.

Que foi divertido, lá isso, foi! Que foi uma brincadeira saudável é inegável!

Porém o “Dia das Bruxas” nada tem a ver com a nossa tradição e cultura. Foi algo importado, graças à televisão, dos países anglo-saxónicos.

Da nossa cultura e da nossa tradição, ainda que com raiz celta, essa sim, é a Festa do Início do Inverno ou seja, o 11 de Novembro, mais conhecido pelo Dia dos Magustos ou de S. Martinho, em que, nalgumas localidades do nosso país, os rapazes, em idade púbere, andam, em bandos, pelas ruas, mascarados e com chocalhos, atazanando as moças com quem se cruzam e que também saiem para festejar.

Por mim, tudo é bom se não se esquecer, entretanto, o que é, de facto, nosso. Como diz um anúncio televisivo: «o que é nacional é bom!» e, acrescento eu, deve ser, devidamente, preservado.