segunda-feira, janeiro 31, 2011

… E o medo continua!...

As coisas naquele Norte de África estão a ficar bastante complicadas devido às agitações políticas que por lá vão. Teme-se que aquilo, (por ora «só empurrões» e braços de ferro) possam tomar proporções que ninguém deseja, mas que, infelizmente, podem vir a acontecer. E, naturalmente, de certo, se descambarem para o torto vão afectar todo o Mundo, sendo – penso eu –, de forma mais vincada, pela proximidade, a Europa quem mais vai quedar em”palpos de aranha”.

Como costumam dizer os alentejanos: «aquilo é que vai pr’a ali uma açorda!?...» E esta sem coentros nem hortelã a alegrar-lhe o paladar….

E, assim, o medo continua, qual “espada de Democles” a pairar sobre as nossas cabeças, quer tenhamos (algumas) “culpas no cartório”, quer estejamos completamente inocentes. Os inocentes são (sempre) quem mais sofre, na carne e na alma, os erros que os outros (poderosos) cometem. É um contágio filho da puta – diga-se, usando o vernáculo e sem preconceitos verbais.

Lamentavelmente a “tenda está armada”, como diz o nosso povo. Peçamos à Energia Inteligente Emanante do Cosmos (Deus) que nos acuda e aos poderosos causadores deste mal-estar que dê ponderação e bom-senso, para que tudo se resolva sem mais conflitos, derrame de sangue e perdas de vidas.

Este não é um desabafo. È um grito de alerta de alguém que, também, tem medo…

sexta-feira, janeiro 28, 2011

Divagando ainda sobre "O medo"

No artigo anterior, falava eu que a “crise” mundial que afecta quase todos os povos está, de forma bem visível, a provocar (ou a transformar-se em) um surto de medo.

O medo, como então disse, é fruto de toda a conjuntura política, económica e social em que estamos mergulhados, tendo, vincadamente, origem na ausência de emprego para quem dele carece por não possuir outra forma de superar as necessidades básicas de um ser humano.

Há quem, baseado em velhos conceitos, diga que o medo “aguça o engenho”, no que não é, em nossos dias, possível estar de acordo, já que, sem meios materiais e psicológicos, não existem forças físicas, nem mentais e morais, para empreender coisas grandiosas que mudem o modo de se estar na vida.

O medo, isso sim, leva a gestos que garantam a sobrevivência e a muito pouco mais. Os heróis, em imensos casos, foram-no, porque tinham de sobreviver (eles ou os outros a quem salvaram), era uma questão de vida ou morte.

Sem lume por perto a palha não arde. Há que haver a chispa que ateie o fogo… No ser humano, havendo meios, o medo pode ser a faísca para criar grandes coisas, mas, de mãos vazias, nada será possível. Com fome não se aprende nada, nem nada se realiza. O próprio Jesus sabia disso, tanto que, antes de ministrar seus ensinamentos, alimentava os seus ouvintes, fê-lo, pelo menos, duas vezes – afirmam os Evangelhos.

Ou estarei errado?...

quarta-feira, janeiro 26, 2011

As convulsões deste Mundo

Se, a sangue frio e com verdadeiros olhos de ver, fizermos uma análise desapaixonada ao que vemos, lemos e ouvimos, nos Órgãos de Comunicação Social, fácil se nos torna concluir que o mundo de hoje está, de forma insofismável, a viver um estado generalizado de convulsões sociais (e não só) de que ninguém conhece o desfecho.

O medo, especialmente do que será o futuro, está, por todo o lado, a destrambelhar mentes e corações de forma incontrolável e preocupante. É – digo eu – esse medo (ou medos), por uma questão de mera sobrevivência, que empurra imensas pessoas para a perda de valores morais, sociais e humanos adquiridos pela instrução e pela educação.

Não ter emprego, nem vislumbrar condições de, no imediato, vir a alcançá-lo, causa “stress”. Daí à depressão e á execução de actos menos (ou nada) nobres é um pulinho de pardal. Passa-se, num instante, de um estado solidário e digno para a realização das mais inconcebíveis atitudes de desonestidade e indignificação humana, sem, de qualquer forma, se sentir vergonha ou remorso pelos maus actos praticados. Depois, são as revoltas, as manifestações incoerentes e as alterações, constantes e aparatosas, à chamada “ordem pública”.

Soluções para esta autêntica “crise de valores”? Não são visíveis, nem se preconizam de modo algum a prazo curtíssimo! O que resta então?...

Já que “quem de direito” o não faz ou não sabe fazer, cabe-nos, apenas, impelir os escolhos do caminho para a berma e esperar, sempre confiante, de que “depois da borrasca, vem a bonança” e, sobretudo, ir gritando, construtivamente, para que nos ouçam e erijam algo de belo e novo que leve, definitivamente, os homens à paz, à harmonia e… ao amor.

segunda-feira, janeiro 24, 2011

Mais um Poema

Sou Poeta

Sou Poeta que fez outros poetas, | Que abriu imensas mentes à Poesia. | Sou feliz, bem feliz! Alcancei metas | De muito, muito amor e fantasia.

Andei sempre por vias muito rectas, | A espalhar pensamentos de alegria. | Fui – talvez – como antigos bons profetas, | Usando só palavras de magia.

Hoje estou muito velho e muito gasto, | Mas mesmo assim eu vou, sem ir de rasto, | Pelos duros caminhos da Saudade.

Vou e vou, mui feliz, p’ra Eternidade, | Pois cumpri, bem cumprido, o meu destino, | Fazendo, desta vida, um terno hino.

sexta-feira, janeiro 21, 2011

Lembrando os comboios

Em tempos, não muito distantes, a Cidade de Viseu teve duas linhas-férreas, a terminarem na mesma gare e a darem vida a uma região essencialmente agrícola.

Há cerca de trinta e tal anos (foi já depois do 25 de Abril de 1974), a Linha do Dão, com seu material obsoleto, deixou de ser prestimosa e, por isso, encerrou de vez. A linha do Vale do Vouga encerrara uns anitos antes.

Dizia meu pai que aquelas vias-férreas tinham nascido sem futuro, pois eram linhas que morriam sem ter (ou dar) continuidade. Não passavam de meros ramais a obrigar a desagradáveis e nada funcionais transbordos de passageiros e mercadorias.

Na altura (e ainda hoje), os saudosistas se lamuriam pela perda de tão anacrónicos meios de transporte. Mas, em vez da lamúria, nada mais fizeram para que de Aveiro ou da Figueira da Foz fosse construída uma Ferrovia que, passando por Viseu, seguisse até Vilar Formoso e daí desse acesso a Espanha e à Europa.

São assim os “velhos do Restelo”, lamuriam, lamuriam e continuam de vistas curtas a olhar para trás, num conservadorismo atroz que não leva a coisa alguma. E… Viseu prossegue sem destino e sem futuro e, daí, sem esperança de evoluir agrícola e industrialmente. É pena e dolorosamente triste que assim seja.

Tenhamos esperança nas gerações vindouras que serão bem mais inteligentes e dinâmicas!...

quinta-feira, janeiro 20, 2011

Redes Sociais (Facebook)

Levado pelas modas, e com o meu gosto atávico pela leitura e por aprender, também eu aderi à rede social, chamada de Facebook, mas, à medida que o tempo passa, vou ficando desiludido e triste ao ver e pressentir a vacuidade dos jovens (de todas as idades) que nela inscrevem as suas mensagens.

Será um problema da rede ou é um mal presente nas sociedades de hoje? Não sei. Todavia avento a hipótese (lógica e natural) de atribuir tal vazio, mental e… fofoqueiro, à pobreza intelectual de um mundo que põe em primeiro plano, e sobretudo, o Ter, nada importando a ética, a deontologia e também a valorização pela permanente aquisição de conhecimentos.

Faz-me lembrar velhos tempos, de muito má memória, em que se dizia que “o vinho induca”. Pois é! É triste, muito triste mesmo. Porém é uma realidade bem palpável dos dias que correm. É o lado negativo do bar e da discoteca a prevalecer e não os seus valores originais, ou seja o convívio salutar e a diversão relaxante, depois de um dia ou semana de trabalho e/ou de estudo aturado e cansativo.

Como solucionar este problema e valorizar intensamente a riqueza cultural e de benéfica convivência das redes sociais? Talvez lançando apelos, aos utentes, para que se deixem de trivialidades e entrem “numa de” desenvolvimento cultural, cientifico e humanístico.

A ideia aqui fica!...

terça-feira, janeiro 18, 2011

Existencialismo

Olá Mizé,

É sempre gostoso, voltar (momentaneamente) à puberdade, ao tempo das grandes dúvidas existenciais, mas fazê-lo, não para reflectir e preparar o futuro de cada instante, retornando às antigas questões, é que, me parece, não ser bom, pois pode revelar que algo não está bem dentro de nós, especialmente quando a vida, implacável, já nos deu tantos pontapés no rabo.

Por quê as dúvidas que transcrevo a seguir?

«...Onde se perde "a arte da existência? Onde a existência tem arte?" Realmente..."tanto pensamento bailador"...! "Bora lá, mas é cair na real"!..»

Dizia Miguel de Unamuno «la belleza está en los ojos de quien mira.» De igual modo a Arte é fruto da cultura, do sentimento e da vivência do observador.

Em ti, minha Querida, não é entendível aceitar, com condescendência franciscana, tanta interrogação existencialista. Porque a vida não te têm sido parca em acontecimentos e emoções de aprendizagem e reaprendizagem. Tens, por isso, o “curso” completo, tirado com alta nota de dor, raiva e, também, algumas alegrias. És – digo eu – mulher total em experiência e saber, daí que bem saibas: A Arte é existência e a existência é uma das mais ditosas formas de arte.

E, pronto, o baile dos pensamentos fica, hoje, por aqui!...

domingo, janeiro 16, 2011

Ainda “Janeiras e Reis”

De um modo geral (há, no entanto, algumas excepções) os cantares do Cancioneiro Popular que cantam os “cueirinhos”, “paninhos” e fraldinhas do Menino Jesus a serem lavadas no rio, ou a serem estendidas ao sol nas suas margens; além de outras que dizem que o pequenino filho de Maria dorme nas palhinhas da manjedoura enquanto os Anjos, Sua Mãe e José velam e cantam de mansinho, são canções de embalar.

A propósito, é bom referir, essas simples, ingénuas e lindas canções que serviam para adormecer os mais pequeninos, por (saudável e terna) adaptação, foram integradas, pelo povo, em muitos dos cantares levados, de porta em porta, no período da colecta de Janeiras e Reis.

Vem isto a contexto, por eu, ontem, no III Encontro de Cantares de Janeiras e Reis, realizado pelo Rancho Folclórico “Verde-Gaio” de Lordosa, ter reparado que dos quatro grupos que actuaram, pelo menos três, apresentaram cânticos com essas características.

E isso é bem mais notório, quando as estrofes retiradas das velhas “canções de embalar” são cantadas a solo, não fazendo parte do refrão, o qual, por seu turno, se afasta da doce ternura da poética entoada pelo(s) solista(s).

E, ignorantemente, ainda há quem diga que o cancioneiro popular é naif, quando, de ingénuo, ele nada tem, bem pelo contrário…

sexta-feira, janeiro 14, 2011

… O “nosso Tempo”

«Quem quer bolota, trepa». Ou, como diziam antigamente as pessoas iletradas: «quem quer boletra atripa».

Este aforismo popular quer significar que, para se obter algo, urge trabalhar arduamente, como fazem os esquilos subindo e descendo as árvores na colheita de frutos de casca dura (bolotas, castanhas, nozes, avelãs, pinhões, amêndoas e outras) de que tanto gosta. E quer também dizer que é preciso, para se conseguir o sucesso sonhado, “suar as estopinhas” afim de ser obtida a nossa melhor valorização como pessoas.

Em tempos que o 25 de Abril de 1974 acabou, essa benesse era atingida, através dos favores de gente influente no Poder. Porém, ao que se vê e facilmente se entende, nos dias que correm, estamos, de novo, a chafurdar no “mundo da cunha” e do “compadrio” descarado e soez.

Trabalhar, lutar, estudar, ser honesto não é, agora, importante, nem necessário, basta ter (ou conhecer) alguém num lugar-chave da banca, da governação e/ou de qualquer outra coisa, para se alcançar o lucro e a realização de nossos objectivos. E mesmo que descubram e nos queiram destronar, é só arengar uma qualquer desculpa esfarrapada e, sem escrúpulos, ir em frente, descarada e desavergonhadamente, para que a vitória seja nossa.

Pobre Mundo e pobre Vida esta!.. Tanta burrice, ò Deus! Afinal, temos o que merecemos!...

quinta-feira, janeiro 13, 2011

Justiça

Eu penso que não há gente má, pois ninguém nasce mau, a educação e as circunstâncias de cada momento é que podem produzir maldade nos indivíduos e, até, nas comunidades.

A essência espiritual do ser humano (cuido eu – quem sou eu? –) é construída, segundo a segundo, com a visão e a vivência dos exemplos (bons ou maus) de toda a sua envolvência pessoal. Repito, ninguém nasce mau, a paisagem geográfica, religiosa, moral e social é que podem perverter a estrutura nata de cada um de nós.

Desse modo, torna-se difícil, perante acontecimentos que nos chocam, fazer julgamentos de valor sobre seja quem for e o que for. Tudo tem um porquê. Nada é fruto de nada. Do zero nada se tira, mas tudo pode ser construído a partir dele, haja para tanto essa vontade.

Dirão que estou a ser incoerente. Será?... Por mim estou apenas a relevar faltas, procurando, pacificamente, encontrar razões justificativas para os maus actos dos homens, não os condenando sem primeiro conhecer (mais ou menos bem) as causas de tal procedimento, porque ser juiz “a quente” é, quase sempre, ser injusto.

Os quês e os porquês são elementos a ponderar num bom julgamento. Por que, então, se julga na praça pública?

Falei de vida e não de política, embora estes conceitos lhe sejam, também, aplicados….

terça-feira, janeiro 11, 2011

Divagando sobre o Acaso

O acaso existe?

Cá por mim – na minha modesta e talvez ignorante maneira de ver as coisas – o acaso é fruto de sucessivos e imperceptíveis acontecimentos da Natureza e do próprio Homem.

Assim sendo, o acaso é um facto construído por vários elementos do quanto nos rodeia, mas que, ao fim e ao cabo, não deixam de condicionar a própria vida humana nas mais diversas vertentes, sejam elas económicas, sociais, religiosas ou morais.

Ninguém é (ou ficou) pobre por acaso, mas porque as circunstancias conjunturais envolventes do indivíduo se conjugaram para que tal sucedesse.

Nos tempos que vamos vivendo, nada é obra do acaso, todavia – seguindo o nosso anterior raciocínio – tudo se lhe fica a dever. Parece, à primeira vista, uma incongruência ou mesmo um disparate que, infalivelmente, deixa de o ser se pensarmos na sucessão de acontecimentos, insentidos e impensados, que originaram o fenómeno.

Por tudo o que disse e/ou deixei nas entrelinhas, fácil se torna entender que a “Crise” portuguesa – deve-se dizer: mundial – que está a afectar as pessoas, as famílias e as empresas não é, de modo algum, uma obra do acaso, já que ele não existe, mas, só e infelizmente, de uns tantos que não quiseram usar a época das “vacas gordas”, para prepararem, devida e inteligentemente, o Futuro, seu e… dos outros.

E por aqui me quedo!...

domingo, janeiro 09, 2011

"Janeiras e Reis"

Ontem, em Passos de Silgueiros, onde fui assistir ao “Encontro de Janeiras e Reis”, ao olhar o Povo em torno das fogueiras e a escutar atentamente os cantares, lembrei-me da Festa da Luz que, todos os Solstícios de Inverno, os nossos antepassados Celtas, faziam a 21 de Dezembro em honra da sua “grande” Deusa, mãe de toda a Natureza.

E vi-me, nesse divagar espiritual, rodeado pelos Druidas, pelas Witches (mal traduzidamente feiticeiras) e pelo Povo entoando loas, de glória e acção de graças, pelas maravilhas das florestas, das montanhas, dos rios, da terra, do céu, dos animais e sei lá que mais.

Cada grupo (foram seis), cada canto e cada voz me elevava a alturas sublimes de um buscador de transcendência e encantamento, onde o Pontífice (Inspector A. Lopes Pires), com a religiosidade do magno druida, num ritual muito próprio e muito didáctico/pedagógico, ia enchendo de magia aquele espaço de autêntica reminiscência céltico/cristã – perdoem-me a comparação –, mas, queiram ou não, é a que mais se adequa a tão sagrada cerimónia de cultura popular.

E os cantares?!...

Ah! Sou tão pequenino e ignorante para me debruçar tecnicamente sobre eles que – sem falsa modéstia – prefiro quedar-me por aqui!

sábado, janeiro 08, 2011

Ainda " Ao meu Amigo Júlio"

Olá José Mantas,
Em relação ao meu artigo dedicado/sobre Júlio Seara Loureiro da Cruz, enviaste-me o comentário/informação que, pela grande amizade que me ligava (e apesar da sua morte corporal, continua a ligar) ao Júlio e que era recíproca, transcrevo o que escreveste e se segue:
«Os passeios que demos na Serra de Freita, percorremos as estações da CP que esta abandonou, em demanda de cartazes, folhetos, prospectos, emblemas, tudo o que fazia história. Ainda guardo tudo.

Pelas estrada romanas, muitas vezes, estragámos o Opel corsa, porque o carro não descia degraus... mas nós tínhamos que descer.

Quase nos aventurámos a descer por corda, as quedas da Misarela, de onde se recolheram várias pedras parideiras, milhares de fotografias tirámos e testemunhos recolhemos de aldeões, na Pena, e circunvizinhas.
Muitas edições e revisões de livros, prospectos, folhetos, fizemos juntos.
Eras danado para a brincadeira, mas eras, sobretudo, danado para o trabalho.

Não é possível esquecer-te.»

Repito: Até sempre Júlio! Lá nos encontraremos, na Eternidade!...

quinta-feira, janeiro 06, 2011

Roubos Públicos

Há dias, em conversa com o meu primo Zè Lemos, disse-me ele que as guardas da ponte que liga Ferrocinto aos Passos, na Freguesia de S. Cipriano, no Concelho de Viseu, fazem, agora, parte integrante de um muro na referida povoação de Passos, considerando isso uma apropriação criminosa da “coisa pública”, melhor dizendo: um roubo.

De fato assim é. Porém, analisando a História vemo-la carregada de acontecimentos desse jaez. Então, sob tal ponto de vista, Viseu é um oceano de roubos (um mar era demasiado pequeno).

Estou, “naturalmente”, a lembrar-me das pedras que ensamduichavam a elevação de terra batida que, hoje, forma a Cava de Viriato, bem como dos pórticos daquele Monumento, as quais foram retiradas para construir o Convento Franciscano de Orgens e uma boa parte do Paço dos Três Escalões (Museu de Grão Vasco) e das Gárgulas (bocas) da (preste a ruir) Casa da Rua João Mendes, as quais foram retiradas da Sé, onde serviam para escoar as águas pluviais do telhado daquele vetusto templo.

Roubos ao património cultural, arquitectónico e artístico sempre houve e sempre ficaram impunes, pois sempre fomos um país em que os mais ousados se tornam poderosos e, obviamente, ninguém ousa, sequer, questioná-los, bem pelo contrário: engraxam-se as botas enlameadas desses corruptos sem escrúpulos.

Serei louco, ou estou a dizer verdades gradas como punhos?...

terça-feira, janeiro 04, 2011

Ao meu Amigo Júlio Cruz

(No dia da sua morte, com 50 anos)

Conheci-o era um jovem cheio de sonhos, e muito esperançado num país novo, acabadinho de libertar-se de uma pesada, injusta e indigna ditadura. Ficamos amigos. Mais que amigos, pois o nosso recíproco bem-querer não era comensurável.

O Júlio esteve sempre nos meus projectos e nas minhas realizações. Ele foi, de certa forma, uma das alavancas de alguns dos meus sonhos, quer no âmbito da reabilitação da pessoa com deficiência, quer na literatura (o meu romance, publicado na Net «O Cristal de Santa Luzia ou o Istmo Etéreo» tem prefácio seu), quer ainda em outras actividades culturais que desenvolvi nesta minha Cidade de Viseu.

Júlio Seabra da Cruz, para além de um homem culto e sensível foi, sobretudo, na minha óptica e no meu coração um amigo sempre de peito e alma aberta.

Por isso Júlio, meu Querido Júlio, nesta hora em que choramos a tua precoce partida para a Eternidade te digo com o coração aberto:

«Se lá no assento Etéreo onde subiste, memória desta vida se consente,» – como bem cantou Camões – recebe, com a grandeza imensa da nossa sincera amizade, um beijo de muito afecto da Maria Laura (minha esposa) e de mim

Até sempre Júlio.


segunda-feira, janeiro 03, 2011

Um Poema de Novo Ano

Pedi a Deus que me desse | Um novo cantar de Amor, | Mas Deus só escuta a prece | De quem não perdeu valor.

‘stou velho e p’ra nada valho, | Ninguém me quer ou entende, | Já findou o meu trabalho, | Mas meu Estro não se rende.

E vou avante a viver | E a erigir utopia, | Pois todo o meu querer | É construir alegria.

Eu sou louco e sou Poeta, | Sou artista nesta vida, | Não sou um qualquer pateta | De alma nula e mui vencida.

Sou Homem de corpo inteiro, | Grito, choro e esperneio, | Não quero ser um carneiro | Perdido em seu próprio meio.

A Poesia ‘stá comigo | E largá-la eu não consigo | Porque ela é a boa Luz | Que me impele e… me conduz!...