sexta-feira, setembro 29, 2006

Escola de viurtudes

Quando era garoto ouvia dizer que o desporto era uma “Escola de Virtudes”.

Essa ideia era tão arreigada em mim que, ao crescer e ao tornar-me homem, não era, nem sou ainda agora, capaz de entender toda a corrupção e todos os jogos de influências de que – como se vê pela Comunicação Social – ele está eivado.

«Corpo são alma sã»!

Qual alma sã?

Em que mundo estamos? Qual “Escola de Virtudes”?

Para onde vamos? E o que queremos para o futuro? Haverá futuro para o que vai tão mal?

Sejamos optimistas. Mude-se tudo. Faça-se tudo e construa-se uma nova mentalidade para que haja um Novo Desporto!

quarta-feira, setembro 27, 2006

Pensadores precisam-se

Dizia-me, há cerca de dois anos, o meu amigo e condiscípulo da Escola Técnica (no meu tempo ainda havia disso) Gualter Sampaio – Deus o tenha em bom lugar – que eu era, sou e sempre fui um pensador.

Surpreendeu-me a asserção, pois, para mim, a palavra só era aplicável a figuras como António Vieira, Alexandre Herculano, Almeida Garret, Vitorino Nemésio, Agostinho da Silva, Florbela Espanca, Natália Correia, Sofia de Melo Brinner ou outros, de igual porte intelectual e, jamais, a mim, mero e mísero poeta, escritor e jornalista, para aqui enterrado, nas graníticas vertentes das serranias da Beira.

Pensava eu (cá está de novo a palavra) que só era tido como pensador, quem tinha altas tiradas literárias. Agora – restolhando nas memórias do meu passado – verifico que, afinal, o Gualter tinha toda a razão, pois desde menino – face à minha deficiência motora – eu tive de usar a massa cinzenta para superar as minhas incapacidades físicas, inventando soluções que me ajudassem a fazer o que, à primeira vista, me estava ou está interdito. Assim sendo, aceito, efectivamente, que sou um pensador, talvez um tanto perdido no mundo do “pronto a usar”, onde “o pensar” se torna quase uma tarefa invulgar. Hoje ser pensador é – permitam-me a caricatura – ser uma “ave rara” na civilização das ideias feitas. Já não é preciso pensar. A Televisão dá-nos tudo já digerido. Os computadores têm programas capazes de nos resolverem os mais intrincados problemas. Pois é! Mas quem põe as imagens e as falas nas televisões? Quem cria os programas informáticos? Quem rastreia essas necessidades dos nossos dias?

E, depois, queixamo-nos do insucesso escolar, lamentamo-nos de que as coisas vão muito mal a nível da matemática, da ciência e do português! Sim, sim! É verdade! E o que se faz para pôr os miúdos a raciocinar, a discernir para que evoluam nos estudos e tomem gosto pelo uso do seu cérebro embrutecido pelos “Morangos com açúcar” e parado pelo dedilhar nos jogos de computador?...

sexta-feira, setembro 22, 2006

Música eterna

Valha-nos Santo António!

Esta musiquinha que chega aos nossos ouvidos faz-nos lembrar uma época pouco digna da história da humanidade: a II Guerra Mundial (1939/1945). A música do Glen Miller que roda no prato do gira-discos, não é culpada de nada, só de nos trazer à memória factos que se passaram na nossa infância e que nunca deveriam ter acontecido. Mas foi útil. É sempre útil e, sobretudo, agradável escutar o Glen e a sua fabulosa orquestra, seja o tema qual for. Os anos da guerra e dos pós guerra, marcaram uma geração e essas músicas ficaram a servir de traço de união entre o passado e o futuro. O passado foi uma triste e vergonhosa realidade, é bem verdade, mas que, por isso mesmo, como lição, não pode ser olvidado. O futuro que desejamos (embora, por ora, saibamos impossível) seja de grande amor e de muita esperança num Mundo melhor.

Segredam-nos que estamos a esquecer o presente. Nada disso. É que o presente está a ser vivido numa angústia tão evidentemente sentida, que o julgamos um abismo profundo e difícil de escalar, a ponto de temermos encará-lo de frente, pois ainda escorre sangue das feridas feitas no passado recente. Quando, em finais do século XX e já ao transpor das portas do século da informática e da “aldeia global”, ainda se matam homens, em execuções arbitrárias e impiedosas, por defenderem os seus ideais políticos e religiosos e, o que é pior, por terem cor de pele diferente dos seus algozes, é bem melhor riscarmos do mapa sequencial da vida esse presente que nos enoja e envergonha.

O Glen Miller, ao compor as suas músicas, tinha razão: afinal o passado, entre toda a maldade dos nazis e dos fascistas de todo o Mundo, ainda teve gente boa capaz de lutar, compondo, tocando e cantando, pelo tal Mundo melhor que, apocalipticamente, está profetizado, depois que se sofram as dores da necessária depuração.

Obrigado Glen, pelos sons que nos legaste, pois permitiram que, usando-os, possamos tecer considerações sobre a cronologia e os seus efeitos numa humanidade que quer vir a ser feliz e que, para isso, não se esquiva a lutas e trabalhos sem medida.

quinta-feira, setembro 21, 2006

Entreajuda e Pedagogia

Sempre que um grupo de indivíduos – não importa se muitos, se poucos – coabitam num mesmo espaço – dizem psicólogos e sociólogos famosos – deve procurar-se criar em todos eles um verdadeiro espírito de comunidade pacífica e cooperante em todas as vivências e actividades de convívio humano. Esse espírito comunitário, quando devidamente trabalhado e desenvolvido, deve transformar-se em sentido de família, com todas as implicações do próprio termo. E quando existe uma família tem de existir, em todos os elementos do agregado, um autêntico e sincero sentido de solidariedade.

Solidariedade é, no caso familiar, a preocupação no bem-estar uns dos outros, quer na vivência colectiva dos problemas ou dificuldades, quer tendo como objectivo a sua minimização ou, se possível, eliminação. Mais, sentido de família é partilha de espaços, sofrimentos, alegrias e lutas no dia a dia. A partilha implica ainda a entreajuda na execução de tarefas que resultam sempre no bem-estar comum. Este natural partilhar de tarefas não é, de modo algum, o aproveitamento do trabalho de outros em proveito próprio, mas da comunidade que o mesmo é dizer: da família. Mau é o pai ou a mãe que não peça colaboração aos que ama e que não os incentive a ser coesos e solícitos na entreajuda da vida doméstica. Chama-se a essa entreajuda formação ou (se quiserem) educação democrática e comunitária. É pela formação e educação democrática comunitária que se reabilita o ser humano para que, cabalmente e sem dificuldade, se possa integrar no trabalho e na sociedade em que vier a ser inserido.

Mas… infelizmente, há famílias e, até, Instituições que assim não pensam e assim não fazem. São corpos e almas amorfas que existem para cumprir interesses pessoais seus e dos funcionários (no caso das instituições), esquecendo, por completo, os restantes indivíduos que constituem o agregado e que, pedagogicamente, precisam de ser instruídas pela via do “bom” exemplo.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Infalibidade Papal?

Nunca fui, nem nunca poderia ser – dado o meu conceito de que ninguém é perfeito ou dono da verdade – favorável à questão da “infalibilidade papal”, por isso não me surpreendi com o falhanço de Ratzinger, na lição de sapiência que proferiu, na (sua) Alemanha natal, e que está a dar problemas aos cristãos em tantas partes do Mundo.

O que se passou, não podia, nem devia ter acontecido! Bento XVI é um líder e um líder tem sempre – creio eu – que ser comedido nas palavras e nos actos. Mesmo que o que diz ou faz seja na melhor das intenções. Há que ter cuidado, não vá a afirmação ou a atitude ser sujeita a “um mal-entendido” e, daí, aparecerem – desnecessariamente – as más interpretações que levam a situações de revolta colectiva, as quais podem trazer (trazem sempre) consequências trágicas.

Um líder, quando tem de dizer ou fazer seja o que for importante, deve, primeiro, ouvir a opinião de seus conselheiros para evitar situações como a que está a ocorrer com a Igreja Católica Romana. Salvo se, por medo ou outro qualquer sentimento menos puro, esses conselheiros forem, apenas, aduladores e só souberem dizer sim, sim, sim, que também, infelizmente, há disso.

Ratzinger falhou – porque por mais que diga que só fez uma “citação” não consegue convencer ninguém, pois, de contrário, não a faria, orientava o seu discurso noutra direcção. Há coisas que, de acordo com a conjuntura de cada momento, têm de ser evitadas –, mas, bem pior que tudo isso, não vejo, nem sinto que o papa tenha humildade para, de uma forma brilhante e muito airosa, descalçar a bota e sacudir a pedrinha (ou pedregulho) que dificulta a sua marcha e o poderá levar avante sem mais incidentes de percurso. Queira Deus que eu esteja bem enganado para bem dos cristãos e, concomitantemente, de toda a humanidade!

sábado, setembro 16, 2006

Certezas e dúvidas

Outro dia, como muitas vezes faço, subi a velha e sempre típica Rua Direita, e eis que dei de ventas com um amigo da juventude o qual não via a uma eternidade.

- Ó Zé – perguntou-me – lembras-te do tempo em que, pensando que íamos virar o mundo, te punhas a organizar eventos de carácter cultural nesta cidade, então amorfa, em que o fascismo queria que nada acontecesse ou só sucedesse o que era de seu próprio interesse?

Sorri e disse: – Éramos loucos! Cuidávamos que as nossas minúsculas areias lançadas no lago do Parque, onde o Camões morria de tédio debaixo de um velho e carcomido castanheiro, poderiam provocar um tsunami capaz de tudo alterar e de fazer que os nossos (malucos, mas bem intencionados) sonhos se tornassem realidade. Como éramos ingénuos?!...

- Pois é – concluiu ele – mas foram essas tuas iniciativas, as minhas e as de muitos outros sonhadores como tu e eu que, por esse país fora, abriram mentes e consciências e, gota a gota, num crescendo, foram fermento para o 25 de Abril de 1974.

Fiquei surpreso com aquele raciocínio. Nunca tal me tinha passado pela cabeça! Quem era eu, se não um mero e irreverente jovem com paralisia cerebral?!...

Afinal, se Viseu progrediu, se Portugal avançou um pouco na História, melhorando a vida de muitos cidadãos – desgraçadamente ainda não de todos – isso foi e é resultante não só do empenho dos governantes de poder na mão, mas, também e sobretudo, da luta e das ideias de uns quantos loucos e sonhadores que, atrevidamente, no correr do tempo, foram e são capazes – mesmo arrostando com incompreensões e represálias de toda a ordem – de lançar areias no lago de um qualquer Parque, na tentativa de agitar águas estagnadas pela modorra rotineira de gente acomodada, porque de barriga forra. Cada qual fez (ou faz) revolução a seu modo e com as armas ao seu alcance.

Eu (se é que fiz alguma coisa) fi-lo pela via cultural com os parcos meios que tinha à mão. Fiz teatro, realizei tertúlias, organizei exposições de artes plásticas, colaborei em jornais e revistas, trabalhei em rádio e televisão, gritei, chorei, esbracejei, rebolei-me pelo chão (eu sei lá que mais?) sem nunca desistir, nem me envergonhar.

Contudo, agora tenho vergonha e tenho medo. Vergonha porque não vejo as coisas avançar como seria de esperar. Medo porque a apatia (fruto de restrições económicas) leva (quase sempre) ao retrocesso, ao desmoronar de quanto custosa, carinhosa e apaixonadamente já foi construído, entrando-se, então, em crise de cultura. Coisa má, muito má mesmo. Pois, como muito bem diz o Arquitecto Gonçalo Ribeiro Teles, «a crise cultural é muito mais grave do que a crise económica. A crise económica pode ter retoma, a crise cultural é irreversível.»

quinta-feira, setembro 14, 2006

Quem persiste existe!

Diz o Povo e muitíssimo bem que “quem não sabe é como não vê!”

Nada mais real e verdadeiro. Por mim tenho essa experiência. Para abrir – numa máquina que meu filho e nora me ofereceram, para não ter de ficar inactivo no lugar para onde “emigro” de segunda a sexta-feira, de cada semana – uma página, ou melhor: um ficheiro, estou a ver-me, autenticamente, como um ceguinho que não sabe o que fazer se é deixado sozinho, numa encruzilhada, duma terra em que nunca esteve. Pois é. Hoje sinto-me assim. Sou um sobrevivente de navio naufragado, metido num bote salva vidas, em pleno oceano de ondas alterosas. Olho o “monitor” em busca de algo que me indique onde está a “estrela polar” que me norteie e me diga qual o rumo a tomar. Melhor dizendo, qual o ícone a activar com a setinha provinda do “rato” (no meu caso TrackBall de comando de pé – engenhoca que o meu filho inventou para resolver o problema da minha deficiência motora).

Sinto-me perdido num turbilhão de dúvidas e de ideias. Sinto-me, aliás, como os portugueses. São tantas, tantas as coisas, neste país, que confundem e turbilhonam o espírito e a mente do cidadão comum, que se torna difícil entender e equacionar o que se vai passando em redor de cada um em particular e, ou de todos, no colectivo. O que, em princípio, parecia (e era) simples torna-se, de um instante para o outro, numa complicação de mil diabos. Ele é a Justiça que se despista em loas e tricas de palavreado inútil e em leis que atrasam e não levam à resolução rápida de processos e julgamentos. Eles são os políticos que, sem nexo ou influenciados por benesses a obter em futuras eleições, se lançam em acusações de pouco interesse para o bem da “rés pública”. Ele são, por último, os governantes que, sem terem noção das dificuldades dos cidadãos, exigem (ampliadamente) aquilo que acaba por levar o pobre do “Zé-povinho” à ruptura humana e económica, deixando-o sem saber em que inferno vai parar e, muito menos, sem saber como livrar-se de tamanho sufoco.

Portugal anda perdido. Os portugueses estão perdidos. E eu não vejo, pelo menos por agora, como descalçar a bota da minha ignorância informática. Entretanto, tal como todos os portugueses, vou em frente, sempre na esperança de dias melhores. Ficar parado, de braços caídos, isso é que nunca! Mesmo com as barbas a arder, o corpo dorido e a alma em ferida é preciso e urgente ir avante com confiança e certo da vitória.

Santo Deus! Afinal, consegui!

Não pelas lições que, em casa, me deram meu filho e minha nora, mas pela forma persistente como encarei a situação e, puxando pelos meus já gastos miolos, pus-me a fazer experiências que acabaram por resultar naquilo que pretendia.

O lema de Aquilino Ribeiro era: «Alcança quem não cansa!»

quarta-feira, setembro 13, 2006

Um dia de cada vez

Há alguns dias que não ouso escrever neste bloco de apontamentos, não por falta de assunto, mas porque assim o proporcionaram as circunstâncias. Uma delas, como não podia deixar de ser, de carácter literário. Devo referir que terminei mais um livrinho, que, provavelmente, ficará esquecido numa gaveta por falta de editora.

Se estou satisfeito com tal facto? Na verdade, não sei!

Por um lado é bom acabar uma qualquer obra, por outro é sempre angustiante ficar na expectativa da crítica de aceitação ou de rejeição daquilo em que, por algum tempo, estivemos empenhados. Quando metemos mãos a um trabalho fazemo-lo por gosto, tirando disso o maior prazer espiritual, sem nos importarmos sequer com o que possam pensar. Mas, ao findá-lo ficamos numa ansiedade difícil de entender e superar, pois apodera-se de nós a dúvida sobre a forma como vamos ser recebidos.

O melhor, então, é vivermos “um dia de cada vez” e metermos mãos a outra tarefa, empregando-nos nela de alma e coração.

É isso que estou a fazer. O que tiver de ser, será!!!...

terça-feira, setembro 12, 2006

Umas sim,outras não. Por quê?

Há, na Igreja Católica Apostólica Romana, coisas que, por mais que me esforce, não consigo entender. Será porque a minha instrução é insuficiente? Será que sou mesmo burro? Ou serão as duas coisas que existem em mim?

A questão pode pôr-se de uma outra forma bem mais concreta: O que é um santo? Aprendi, quando andava na catequese – já lá vão um ror de anos!... – que um santo era alguém que, pela sua fé em Jesus e em Deus Pai, pela sua bondade e abnegação em prol do bem estar dos outros, era digno de ser venerado nos altares.

Se assim é, expliquem-me, então, por que é que, em Portugal, a Rainha Isabel (piedosa e ilustre esposa de D. Dinis) foi considerada santa, e as Rainhas D. Leonor (sublime criadora das Misericórdias) e D. Estefânia (lutadora pelo bem das crianças, a ponto de ter criado o primeiro hospital pediátrico do país) o não são? E há mais que seria fastidioso, pela vastidão da lista, enumerar.

Foi pelos milagres, dirão. Quais milagres? O das rosas? Em que ficamos: o “célebre milagre das rosas” foi a nossa Rainha Isabel que – como diz o povo – o fez ou foi a sua avó Isabel da Hungria que, efectivamente, o realizou?

Ah! A Rainha Santa Isabel de Aragão (diga-se de Portugal) era muito esmoler. As outras rainhas também o eram. Ela – acrescentam – concretizou o milagre de, em plena batalha, ter conciliado pai e filho, em desacordo de ideais.

Pois sim! Não o contesto, Mas, então, será milagre um marido que a amava e respeitava profundamente e um filho que, também, a amava e respeitava de forma mais que evidente terem posto termo a uma contenda entre eles? Afinal – ó Deus! –, os cemitérios estão cheios de Santas e Santos dignos de serem venerados nos altares e de terem seus nomes inscritos entre o dos bem-aventurados!...

segunda-feira, setembro 11, 2006

2828 mortos. Será?...

Disseram, as entidades oficiais norte americanas, que nas Torres Gémeas de New Iork, em 11 de Setembro de 2001, pereceram 2828 pessoas.

Fico pensativo a olhar para tal número. Não por o achar demasiado grande, mas, pelo contrário, por ao olhar para todas as circunstâncias, o julgar demasiado pequeno. E a pergunta surge incisiva e dolorosa: será?

Quando ainda estava no activo jornalístico e tive de cobrir o choque de comboios de Alcafache, também, os serviços oficiais deram um número que me causou dúvidas (muitas mesmo).

Eu bem vi aquela amalgama de ferros calcinados e torcidos, pelo calor e pela violência do impacto, e, na manhã seguinte, dentre os escombros da tragédia, bem vi – repito - e apanhei, conjuntamente com os bombeiros e com alguns populares, para além de pedaços de carne, de cabelos e roupas ensanguentadas de corpos destroçados, muitos Bilhetes de Identidade, Passaportes e outros documentos que pertenciam a vítimas do desastre – o maior que relatei em toda a minha carreira de jornalista e foram 40 longos e trabalhosos anos.

Nestes casos, os números existem e são resultantes do que é visível e palpável. No entanto, sei-o agora pela minha experiência profissional e de vida, ficam sempre muito aquém da estatística.

Por isso, no caso do “apocalipse das Torres Gémeas” é-me lícito que ponha sérias reservas e, por isso, pergunte: 2828 mortos, será?...

quinta-feira, setembro 07, 2006

Reencarnação

Em que ficamos? A reencarnação existe ou não existe?

Depende muito do tipo de fé de cada um. Para um céptico é bem evidente que não existe, nem pode existir, já que para ele só o que é cientificamente provado e comprovado é que existe Tudo o mais é hipótese, é especulação.

A este propósito é-nos lícito referir que há quem – ingenuamente – o queira negar reportando-se, por exemplo, à parábola do pobre Lazaro quando pede ao Pai Abraão (não a Deus): «peço-te, pai Abraão, que envies Lázaro a casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos; e os previna, a fim de que não venham para este lugar de tormento. Disse-lhe Abraão: têm Moisés e os Profetas que os oiçam! Replicou-lhe ele: Não pai Abraão; se alguns dos mortos for ter com eles hão-de arrepender-se! Abraão respondeu-lhe: Se não dão ouvidos a Moisés e aos Profetas, tão pouco se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dentre os mortos»! (Lucas 16, 27-31) . Pretendem basear a sua negação no facto de Jesus dizer “ressuscitar” e não “reencarnar” esquecendo-se que uma reencarnação é coisa para levar anos, dado que é preciso esperar o tempo da gestação de uma mulher e o de crescimento do indivíduo reencarnado, o que seria demasiado longo. Quando o reencarnado estivesse apto a passar a mensagem já quem dela precisava teria morrido, pois a esperança de vida, naquela época, andava por volta dos 40/50 anos.

Também há quem cite o caso do bom ladrão quando, na cruz, ao lado de Jesus lhe pediu: «Jesus lembra-te de mim quando estiveres no teu reino! Jesus respondeu-lhe: Hoje mesmo estarás comigo no paraíso”»(Lucas 23,43) Pretendem esses negadores da reencarnação dizer que, então, Jesus deveria dizer: «Tem paciência, os teus crimes são muitos, deves passar por diversas reencarnações até te purificares completamente.» Que disparate! Então se Jesus – nas curas milagrosas que fez – disse sempre: «Vai os teus pecados estão perdoados!» Por que não havia de perdoar, misericordiosamente e de imediato, àquele homem que, com uma incomensurável fé, se arrependera dos seus maus actos?

E as negações continuam, passando pelas cartas de São Paulo como por exemplo: «Na ressurreição dos mortos enterra-se um corpo corruptível e ressuscita um corpo incorruptível...» (1 Cor15,42-44). e por aí adiante. Esquecem-se esses mentores da não reencarnação que o corpo incorruptível de que nos fala Paulo mais não é do que a alma, ou espírito, ou energia do corpo corruptível que é dado pelo ventre da mãe que o gerou e que após a sua morte evolui no espaço, pronto, se for o caso, a ser novamente “colocado” num novo corpo em gestação noutra mulher.

Depois vêm com a epístola aos Filipenses quando é afirmado: «Estou pressionado dos dois lados. Tenho o desejo de partir e estar com Cristo, já que isso seria muitíssimo melhor; mas continuar é mais necessário por causa de vós.» (1,21) Baseados nisto dizem: «Se ele (Paulo) tivesse acreditado ser possível a reencarnação, haveriam sido inúteis os seus desejos de morrer, já que voltaria a encontrar-se com a frustração de uma nova vida terrena.» Oh! Santa inocência! Não vêem que – como atrás já foi dito – o tempo para o retorno é muito grande e podia deixar de ser o tempo indicado para quem vivia naquela geração?!...

E, ainda, dizem esses negadores: «A afirmação bíblica mais contundente e lapidar de que a reencarnação é insustentável vem trazê-la a Carta aos Hebreus»: - «Está determinado que os homens morram uma só vez e depois tenha lugar o julgamento.» Mas é claro que assim é, pois o corpo que suporta a nossa alma ou espírito ou energia só vive uma vez, mas – diz o texto sagrado – depois vem o julgamento e é nesse momento que o Pai (Deus) determina o tempo de voltar ou não à Terra noutro corpo e noutra vivência totalmente diferente.

Entretanto, para quem for aberto à crença em coisas não visíveis ou impalpáveis torna-se fácil aceitar a sua existência.

Em que se baseiam aqueles que acreditam na existência da reencarnação?

Os textos sagrados do Antigo Testamento falam disso de forma muito discreta e tímida, veja-se, por exemplo, o salmo [89 (90)] que diz: «Reduzis o homem ao pó da Terra e dizeis: “Voltai filhos de Adão!” mil anos a vossos olhos são como o dia de ontem, (...) Tu os arrebatas como um sonho, ou como a erva que, de manhã, viceja...» Voltai ao pó. Quer dizer que, para além de termos sido feitos do pó, já lá estivemos muitas manhãs como a «erva que viceja». Pelo contrário Cristo, nesta matéria, é um tanto mais atrevido não negando a sua existência.

Vejamos, como prova do que acabamos de afirmar, mais os seguintes exemplos (dois entre muitos) e que são os episódio narrados no Evangelho de Mateus em que, a propósito da morte de João Baptista, está escrito: «Porque todos os profetas e a Lei anunciaram isto até João. É que, acrediteis ou não, ele é o Elias que estava para vir. Quem tem ouvidos, ouça!» (Mt. 11 – 13 a 15)

E, mais adiante, o mesmo escritor sagrado repisa essa mesma ideia. «Os discípulos fizeram a Jesus esta pergunta: “Então, por que é que os doutores da Lei dizem que Elias há-de vir primeiro?” Ele respondeu: “Sim, Elias há-de vir e restabelecer todas as coisas. Eu, porém, digo-vos: Elias já veio, e não o reconheceram; trataram-no como quiseram. Também assim hão-de fazer sofrer o Filho do Homem.” Então os discípulos compreenderam que se referia a João Baptista.» (Mt. 17, 10-13) e (Mc. 9, 11-13)

Como é, então, que o próprio João Baptista afirma que é apenas “a voz do que clama no deserto?

Deus é Pai, Todo Misericordioso, e, no acto da concepção de cada criatura, faz esquecer o passado, pois, para Ele, só contam os comportamentos do presente. O passado é passado, nada mais vale. O presente é que tem de ser devidamente aproveitado na conquista da nossa perfeição.

terça-feira, setembro 05, 2006

Descriminação

Dói-nos a discriminação, não importa qual o seu tipo, mas dói mais quando ela surge de gente que devia – pela sua instrução e profissão – ser impoluta.

Há tempos, em Lisboa, um médico, Professor Catedrático, negou-se a ver, no seu consultório, uma doente só porque ela se locomovia numa cadeira de rodas. Santo Deus! Onde está a deontologia?! Que é feito do juramento de Hipocrates?! Nesse momento apeteceu-nos gritar, chorar e partir a cabeça contra as paredes, numa raiva de leão moribundo escoiceado por todos os burros do mundo.

Para tal atitude não temos palavras, nem sabemos que comentário fazer e, muito menos, como proceder para denunciar tão vil atitude. Entretanto, uma coisa é certa, não podemos deixar de mostrar a nossa grande revolta e, de forma bem vincada, a nossa dor por sabermos que ainda há gente que não entendeu que os homens são todos iguais e têm todos direito a serem respeitados, tratados na enfermidade, atendidos em todas as circunstâncias e amados de forma geral sem restrições, como pessoas inteiras, independentemente dos seus problemas específicos ou das anomalias físicas ou mentais.

Temos – Deus queira que não estejamos enganados! – (ai!) a certeza que nem todos são como o Professor Neurocirurgião que presta(va) serviço no Hospital de Santa Maria de Lisboa, o qual teve tão ignóbil gesto discriminatório, porque, sabemos que, sem serem Madre Teresa de Calcutá, ainda existem homens e mulheres capazes de se solidarizarem com o seu semelhante, sabendo amar a tudo e a todos por igual. Buda, Moisés, Hipocrates, Cristo, Mahomé e todos os outros grandes condutores e formadores de homens devem, por certo, «lá no assento etéreo onde subiram» ter dado um salto de revolta e de angústia por se aperceberem que, afinal, os seus ensinamentos e exemplos não foram recebidos e seguidos por todos os homens que habitam no conturbado planeta Terra.

Porra, para tudo isto!!!...

sexta-feira, setembro 01, 2006

Abençoado medo

Tenho medo

De ter medo

Do medo

Que é medo

E que mete medo

Mesmo a quem diz

Nunca ter medo

De nada

Nem sequer

Do próprio medo.

Por isso

Cheio de medo

Espanto o medo

Que me invade

E me quer aniquilar

Através do medo.

E assim

– Vencido o medo –

Vou adiante

À procura

De outro medo

Que me cause medo

E me impulsione

A seguir sem medo

De ter medo.

- Bendito o medo

Que me impele

E me torna vitorioso

No meio do medo!...