sábado, março 31, 2007

Editoras e capitalismo

Dói-me a alma e estoura-me o coração, pois recebi hoje, em correio electrónico, uma proposta para a publicação do meu romance «Sei?(!) Não sei!(?)» em que, afinal, a editora o que propõe, de forma descarada, mas vestida num invólucro de muita educação e dissimulação, mais não é do que uma mera edição de autor, já que todos encargos correm por nossa conta e risco. É o consumismo e o lucro a imperar simplesmente nas coisas da cultura.

Pobre daquele «em quem luz algum talento»!.... Todavia esse fenómeno não é de agora. Fernão Mendes Pinto só teve a sua universal “Peregrinação” posta em letra de forma cerca de trinta anos após a sua morte e Fernando Pessoa, em vida, apenas viu publicado o seu livro “Mensagem”.

Que havia eu de querer se sou apenas mais um escritor/poeta perdido na multidão, sem capitais e sem “máquina promotora” a empurrá-lo? Quem sou eu? Talvez mais um zero à esquerda entre milhares neste país onde é difícil viver ou, somente, sobreviver.

Vamos em frente que o mundo não acaba hoje!...

quinta-feira, março 29, 2007

O Cosmo e a Terra

Os corpos celestes regem-se ou são regidos por “leis” e “princípios” que os homens julgam, através dos milénios em que olham para o céu, terem vindo a descobrir e a descodificar. Mas a realidade é bem diversa, pois o que já se conhece ou se julga ser conhecido é ainda muitíssimo pouco para a imensidade de um cosmo em que mal damos os primeiros e muitíssimo inseguros passos.

Nós, seres humanos, só agora, com os avanços da ciência e o auxílio de novas ferramentas, começamos, muito tenuemente, a desvendar coisas que são fundamentais para a humanidade que habita esta esfera, interiormente incandescente e em permanente evolução, que orbita em redor do Sol. Porém – não entendemos porquê – já pensamos que somos Deuses e, por isso, donos e senhores de tudo e espezinhamos e destruímos recursos que vão produzir a desordem da Natureza que, felizmente, muitos de nós não desejamos. Falta-nos sensibilidade e, sobretudo, humildade para sermos capazes de lutar pela salvaguarda de todos esses “princípios” que cuidamos (já) ter descoberto e que são a base da continuidade do nosso Planeta e, desse modo, do Homem como ser criado pela Energia Cósmica Universal Inteligente a que chamamos Deus.

Daí que urge pôr de lado arrogâncias de “sabe tudo” e enfrentar, com perseverança e determinação inabalável, os novos desafios deste mundo em que – ainda – habitamos, tudo fazendo para reparar os estragos já causados e evitar novos malefícios, pois (repito uma vez mais) «só temos uma Terra» que é irrepetível.

domingo, março 25, 2007

Políticos e humildade

Por que será que a maioria dos políticos (nacionais e de outros países), pelo que se vê nas televisões e jornais, são pessoas com discursos extremamente arrogantes? Será que isso é uma forma de se imporem perante os demais cidadãos e, até, perante os seus pares da política?

Confesso que desconheço a resposta certa e isso preocupa-me seriamente, uma vez que, com tanta falta de humildade, não é possível um diálogo honesto e proveitoso que leve ao entendimento entre os homens e, daí, à Paz por todos desejada.

Não é – penso eu – com pedras na mão que se convencem as pessoas ou, como diziam nossos avós, «com vinagre não se apanham moscas»!

Que quem saiba dar resposta a estas questões o faça e tente, da maneira mais adequada de não-violência, adornar o mundo e os homens com a luz da inteligência e da humildade para que a igualdade e fraternidade imperem finalmente!

quinta-feira, março 22, 2007

Dia Mundial da Poesia

Dizem que a Primavera começa a 21 de Março – ao que parece já não é assim, nem cronológica, nem astronomicamente – tendo-se convencionado também que essa data seria usada para comemorar o Dia Mundial da Poesia e isso, talvez, pela beleza da estação em que tudo desabrocha na Natureza.

Na Antiguidade Clássica os poetas eram pessoas benquistas em qualquer lugar em que vivessem ou a que fossem. Neste último caso, era uma honra hospedar o poeta em trânsito, o qual se cumulava de atenções e cuidados especiais e reverenciais.

Oh! Como a vida mudou!...

Na actualidade o Poeta (feminino ou masculino) é um ser “trivialmente” tratado. Não é que seja mal, pois é um ser humano igual a todos os demais, mormente a sua sensibilidade emocional e forma de encarar o mundo e as coisas. Mas uma coisa é isso, outra é ver-se na impossibilidade de não ter quem dê à estampa o seu canto. Verdade que (é facto bem visível que há quem se julgue poeta por rimar alhos com bugalhos o que nada tem de poético) a vida dos nossos dias está contaminada pela quebra no gosto e hábito de leitura. O que se lê e como se lê tem imenso a ver com a agitação frenética de um quotidiano marcado pela enorme falta de tempo livre. Daí resulta o desinteresse das editoras nessa forma literária, dado que não lhes traz proventos económicos.

«Para compreender os tempos é preciso escutar os Poetas. Para saber o que padece o mundo é preciso interrogar os poetas.» Diz, e muito bem, o Padre David Maria Turoldo «a propósito do “regresso dos monges para refundarem a Europa”».

Logo é preciso, é urgente que hajam Poetas (não meros rimadores ou fazedores de “versos”) que, com a sua forma de ver e sentir, nos transmitam, através de suas mensagens estético/filosóficas, o desejo de sermos melhores e contribuirmos na construção da Paz de forma duradoura.

segunda-feira, março 19, 2007

O clima e a sabedoria popuilar

Ontem, no cimo da Montanha de Santa Eufémia, na Freguesia de Cepões, estava um calor fora de época – digo eu –, hoje, por seu turno, o dia mostra-se desagradável, porque um vento gélido que, aqui em Viseu, a meio da tarde, nos apresentou uns pequeníssimos farrapos de neve, à mistura com algumas gotas de chuva.

Por hábito adquirido nestas últimas semanas, as pessoas queixam-se da instabilidade do clima, esquecendo-se que, num passado não muito distante, o mês de Março era assim mesmo. Até se dizia: Março, marçagão um dia bonito, outro focinho de cão. E mais, havia também o aforismo: Até Junho traz o gibão e daí para a frente trá-lo sempre. O que quer dizer que o tão falado “efeito de estufa”, embora exista e deva ser motivo de forte preocupação, para todos nós, ainda não anulou o que a sabedoria popular criou ao longo dos séculos.

Mas isso não faz com que nos deitemos ao sol, descansadamente, a gozar a dulce farniente das delícias de Capua, pois há que continuar, activamente, a luta para travar o aquecimento Global e evitar as consequências dessa tendência perigosa par o futuro do nosso planeta.

…E a luta continua!...

terça-feira, março 13, 2007

Velhice - um mal social

Ser velho é uma chatice!... Ser velho é ser dependente dos cuidados e da vontade dos outros. Ser velho é já não ter capacidade de dispor de si mesmo. É ter de obedecer sem desejar fazê-lo. É ser atirado ao caixote do lixo e esperar que os vermes o devorem, aos poucos.

Vem isto a propósito de mais um triste caso de um lar (digo: armazém/contentor) encerrado porque as pessoas idosas, lá internadas (ou enterradas), sobreviviam nas condições mais degradantes e desumanas possíveis de imaginar. E o pior é que tal não se devia a pagamento insuficiente, uma vez que os utentes (ou os seus familiares) pagavam 500 € mensais.

Este é um problema da sociedade de nossos dias, cuja solução não é fácil, mas que exige a atenção de todos, políticos e cidadãos comuns.

Para velhos todos vamos, e depois?... Depois só restam duas alternativas: a sujeição a uma vida indigna desse nome ou o suicídio. Dá que pensar!!!

sábado, março 10, 2007

Considerações sobre sexualidade

«Não há Bela sem senão!» – Soa dizer-se com frequência. Pois é! Ás vezes os ídolos também «têm pés de barro» e quebram em certas circunstâncias. Estou a referir-me a Gandhi – defensor e cultor da não-violência – que, sendo um homem inteligente, tinha, no entanto, preconceitos de ordem sexual completamente desajustados com a sua estatura política, moral e intelectual. Havia nele, nesse campo, uma fortíssima influência da sua instrução inglesa, ainda, doentiamente, regida pelos austeros princípios ideológicos da época vitoriana.

Gandhi ainda pensava, apesar de ser pai de quatro filhos, que «o acto reprodutor era o desperdiçar dos fluidos corporais necessários à criatividade e á produção laboral.» Ele não entendia a sexualidade como uma forma de libertar tensões físicas e psíquicas, erguendo o Ego e, daí, elevando a auto-estima pela qual é aumentada a criatividade e, em consequência, a produtividade. Era apologista e seguidor do celibato, mesmo no matrimónio, como «forma de elevação espiritual».

Isto – prova-o hoje a ciência – é um verdadeiro contra-senso, porque quem tem a sua auto-estima em baixo não é, de modo algum, capaz de se elevar espiritualmente e só pode é vir a cair em depressão.

Deus quando activou, no ser humano, a sexualidade sabia bem aquilo que estava a fazer!...

quarta-feira, março 07, 2007

Poema sem nexo

O barco navega solitário

No meio de um mar de gente.

A hora é de vazio e sombra

E a galera encalha na praia deserta.

As mulheres, de mini-saia,

Sorriem num convite descarado.

Por momentos, o marujo agita-se,

Mas, depois, vai em frente.

O barco navega solitário

Entre vagas de bruma luminosa.

Mendigos estendem a mão

E lançam imprecações

Aos transeuntes que nada lhes dão.

Um cachorro mija na esquina

E os pobres apedrejam-no.

A ganir o bicho vai embora.

O barco navega solitário

Na escuridão mórbida dos bares.

O álcool inebria o ego,

Mas a alma marcha doente

A inalar o fumo azul dos cigarros.

A esperança – coisa etérea –

De qualquer humano

Desvanece-se na loucura do nada.

O barco navega solitário

No meio da confusão

Que nos assalta e acabrunha

No dia a dia, dum existir

Sem glória, sem ambições,

E sem desejo de ser e de estar.

O barco navega solitário

Rumando, seguro, da Eternidade!...

segunda-feira, março 05, 2007

Por quê radicalismos?

Sempre me assustei com os radicalismos (digo, fundamentalismos) quer políticos, quer religiosos, pois eles nunca trazem nada de bom. Os extremismos levam sempre à intolerância e ao despotismo próprio das ditaduras, em que os “Direitos Humanos são, permanentemente, desrespeitados e violados em todos os seus princípios.

Vem isto a propósito das (muito tristes) imagens do passado sábado, mostradas pelas televisões, oriundas de Santa Comba Dão, em que, por mor de um museu, os extremos entraram em desrespeito mútuo, insultando-se reciprocamente e obrigando a G.N.R. a intervir para defesa do grupo mais pequeno e para manter a ordem pública, completa e desnecessariamente, alterada, se tive havido bom-senso e o mínimo respeito pelos contrários.

Qual é, então, a razão de meu susto? É, sem mais nem menos, ver que, num país, ainda há pouco saído de uma longa e terrível ditadura, as “velhas guardas”, num total desprezo por tudo e todos, (especialmente pelas ideias de cada um) despertarem sentimentos de retaliação, há trinta e picos anos adormecidos, o que não é nada bom, pois profetisa algo de pouco digno e nada benéfico para Portugal e para os portugueses.

Urge desenvolver esforços no sentido da compreensão e da tolerância. Eu não quero o retorno ao fascismo salazarista, mas também me repugna, grandemente, a implantação de um regime totalitário, mesmo que de esquerda.

Altares de veneração a… existem por todo o lado, muito embora seja adverso a esse tipo de crença, porque “só a Deus adorarás”, mas aras para divinização de quem tão mal fez a tantos compatriotas seus…

Que país é este, de memória tão curta?...

sábado, março 03, 2007

Caixa de Pandora

Abra-se o cofre,

saltem cobras e lagartos;

soltem-se êxitos e fracassos;

libertem-se deuses e demónios;

apareça o sonho e a realidade;

venha a coragem e o medo!

Saia tudo,

(mesmo tudo!)

o que existe

e persiste

e, ainda, é

e faz do indivíduo

tal qual ele é.

Saia a miséria e a opulência;

a castidade e a luxúria;

o riso e o choro;

o prazer e a dor;

o ser e o zero;

o tudo e o nada,

porque isso

é… o Homem!!!

Eu, ó Deus,

também sou assim!...

(Do meu livro a publicar: "Sentimentos")

sexta-feira, março 02, 2007

Presente angustiado - Futuro de esperança

As pessoas não sabem o que querem ou antes querem «o Sol na eira e a chuva no nabal!» E, se assim não sucede, fazem birras, quais crianças em loja de brinquedos quando os pais lhes não dão o que desejam.

Porém, o pior deste panorama é que gente com responsabilidade, lamentavelmente, procede de igual modo. São os que por faltam de verbas esperneiam; os que por perderem a base de apoio abrem as válvulas de uma verborreia inconsistente; os que, julgando-se ofendidos, se põem a ameaçar com processos judiciais e são, finalmente, os que, por ninguém lhes ligar nenhuma, viram tamborileiros de rua fazendo um barulho de mil diabos para que escutem as suas aleivosias.

Nada disto me surpreende, pois, pouco a pouco, fui-me habituando ao constante virar de página em cada dia que passa. Todavia preocupo-me, seriamente, porque sinto que em vez de progredirmos, como seria normal, estamos a regredir e, a continuarem as coisas neste pé, corremos o risco da destruição do sonho dos capitães de Abril.

Se não fosse ter consciência do que dizem as profecias, estaria, por certo, a entrar em pânico e a arrancar todos os cabelos da cabeça. Mas não! Vamos ter de sofrer e muito, para, depois, podermos gozar (eu já não!) as delícias, conseguidas pela mediação de «um descendente filipino, do ocidente da Ibéria, que mudará o mundo para melhor, alcançando a paz.» ( Nostradamus)