Após o almoço fui tomar café, em acto social, com um amigo, mais velho do que eu dois ou três anos, a quem não via há um ror de tempo.
Conversamos. E fiquei a saber que vive só – a pessoa com quem estava foi afectada pela doença de Alzheimer e foi para casa de uma filha – e com sérias dificuldades económicas, pois a sua magríssima pensão de reforma mal supre as receitas da farmácia e bem pouco mais.
Tem de fazer grande ginástica financeira, para satisfazer as suas naturais necessidades alimentares e para, de crés a crés, meter um pouco de gasolina na “velha pandeireta” em que vai à cidade fazer algumas compritas e consultar a médica que olha pelo seu gasto coração.
Fiquei pensativo a magicar que a imagem dele é a imagem que também vejo no meu espelho e é o reflexo de muitos milhares (mais de um milhão) de pessoas idosas deste país que, sob tal ponto de vista, não viram, mormente a Revolução dos Cravos, nada melhorada a sua triste situação.
Que fazer? A quem recorrer? Será que os políticos e os governantes, de barriga forra, conhecem esta lamentável realidade? Se conhecem, por que encolhem os ombros e seguem em frente insensíveis ao sofrimento dos idosos, das crianças sem família e das pessoas com deficiência? Que “resignação cristã” se pode ter perante casos tão dolorosos e tão gritantes?
Não sei! Mas sinto! E, como Cristo no Monte das Oliveiras, apetece-me gritar: «Ó Deus, por que nos abandonaste?!...»
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