sexta-feira, outubro 29, 2010

A Esperança tem de ser a nossa canção

Vi, ontem, uma notícia que me pôs amarelo e de olhos em bico: «A China quer (ou vai) comprar a dívida pública portuguesa.»

Por que será?...

Claro que não é pelos nossos “lindos olhos”, redondos e, normalmente, escurinhos.

O que tem um pequeno país, perdido na grandiosidade do “Mapa Mundi”, de tão importante que atraia a cobiça (interesse) da segunda maior potência económica do Planeta?

Somos pequeninos, é certo, mas temos a nossa “porta grande” aberta para a Europa e para os Países de língua oficial portuguesa.

Lembremo-nos bem disto: «ninguém dá ponto sem nó!...» Mas esse nó, ainda que possa resolver uma grande parte dos nossos problemas financeiros, não deixará de nos preocupar, já que nos hipotecará a uma Nação com outra forma de pensar e agir bem diversas da nossa.

Entretanto, como diz um cego, «vamos a ver» como as coisas irão desenvolver-se. Não sejamos pessimistas. A esperança tem de ser a última coisa a morrer em nós… Já passamos muita fome, humilhações e tristezas infindas e, sempre, levantamos a cabeça numa vitória custosa, é verdade, mas grandiosa e bela.

Tenhamos em mente que Portugal é e continuará a ser um Povo e uma Nação de luta e de esperança sem limites.

Eu penso assim, não me agarro ao fatalismo do Fado que, por isso, não pode ser canção nacional.

quarta-feira, outubro 27, 2010

"Aloween" - tradição importada

Vem aí a noite das bruxas (31 de Outubro), mas eu – confesso – não consigo entender tal festividade no calendário português, porque, há mais de cinquenta anos, não havia o que agora há e se faz.

No meu tempo apenas se escavavam abóboras para fazer com elas carantonhas iluminadas por uma vela, acesa no seu interior, que depois, em profusão, eram colocadas na “Cava de Viriato”, lembrando aos viseenses que, no dia seguinte, teriam de ser enfeitadas as campas dos que, antes de nós, haviam partido para o Tempo sem Tempo.

Graças aos meios de Comunicação actuais, importou-se as festividades e tropelias do “Aloween” para a nossa cultura e é ver, mascarados de bruxos e feiticeiras, foliões pelas ruas; fantasmas, de lençol branco, tentando assustar os passantes; crianças, também mascaradas, pedindo guloseimas às portas de amigos e conhecidos e, nas associações, animados bailes alusivos àquela noite.

Mudam os tempos, mudam os modos de estar! È a evolução! Para melhor? Para pior? Não julgo! Porque me não acho com conhecimento para tal! Quem o souber fazer que o faça, todavia, no meio da crise em que estamos mergulhados, as pessoas necessitam de alguns momentos de diversão, para esquecerem as dificuldades da vida e serem, ao menos, por instantes, felizes...

segunda-feira, outubro 25, 2010

Solidão no meio da multidão

O meu saudoso amigo Celestino Soares, esteve, no fim de seus dias, internado num Lar ou Centro de Dia (?) para pessoas idosas, mas – segundo me disse – vivia angustiado com a solidão que o invadia, pois estando num lugar cheio de pessoas não tinha com quem dialogar.

É verdade!

Estar no meio da multidão não retira de nós o doloroso sentimento de solidão se, quem nos rodeia, nada tiver em comum com os nossos gostos, as nossas vivências, os nossos conceitos sociais, morais, culturais e humanos. É estar num deserto psicológico que nos esmaga, magoa e aniquila.

Não ter com quem partilhar ideias e modos de Ser e de Estar é pior que ser metido num quarto escuro, onde a imaginação pode soltar-se e, com naturalidade, criar cenários fantásticos de beleza inigualável.

Um agricultor gosta de falar dos (seus) agros; um criador de gado delicia-se a contar os partos das suas vacas; uma ama maravilha-se a descrever as traquinices dos (seus) meninos, mas um artista, um poeta e um animador cultural, por maior que seja a sua cultura e capacidade de adaptação ao meio, acaba por se entediar com temas que são dos outros, mas que (a ele) nada dizem.

O Ser Humano tem destas coisas. Só ama e se insere numa comunidade com a qual se identifique. De contrário é o isolamento, a solidão física, mental e social.

Como eu temo a solidão no meio da multidão!...

sábado, outubro 23, 2010

A Política está bem perrengue

A Doutora Maria Lúcia Lepeki, ex-professora da Faculdade de Letras, da Universidade de Lisboa, na Revista “Super Interessante” nº 150 de Outubro de 2010, no artigo “O lobo guará”, usa o termo paciencioso (em vez de paciente) referindo a paciência de seu avô, «quando ficava perrengue» (adoentado).

Sim, sim! Isso mesmo!

Esta sublime receita de sermos pacienciosos na doença e, de um modo geral, em todas as dificuldades da vida, não deixa de ser deveras interessante, pois evita a tomada precipitada de decisões de que, a curto ou longo prazo, nos podemos vir a arrepender.

Todavia tudo tem limites e o retardar da acção, em política, pode, a mais das vezes, ser perniciosa pelo mal-estar causado aos cidadãos que ficam em ânsia e, justamente, em dúvida quanto à boa fé dos intervenientes.

A demora na tomada de atitudes é – afirme-se sem receio de erro –, quase sempre, a mãe de grandes males e, umas tantas vezes, de subjacentes guerras bélicas ou, somente, psicológicas que destroem patrimónios morais e físicos das nações e dos homens.

Temos o corpo e a alma perrengue, contudo, no caso presente, não podemos virar pacienciosos e sim, bem lestos e activos para não perdemos os bens e a dignidade de que nos orgulhamos.

- Grite-se a nossa ansiedade e dor, pode ser que nos ouçam!....

quinta-feira, outubro 21, 2010

"O Zé e o burro"

«O Homem e o burro ou o Burro do homem e/ou o Homem do Burro» são títulos aplicáveis ao caso do sujeito que foi multado, por, devido a um elevado grau de alcoolemia, levar o seu animal atrelado à carroça, em contra mão.

É justo que assim seja, pois a lei define que, em tais casos, o acto, susceptível de causar danos ao próprio e a terceiros, seja passível de punição.

Tudo bem! – Digo eu.

Só que acho (pensar ainda não é proibido) ser severíssimo este castigo, quando acrescenta a interdição de conduzir qualquer veículo motorizado ou não “ad eternum”.

Então onde paira o sentido (laico e cristão) da regeneração, do perdão, do efeito pedagógico, ou o “benefício da dúvida” aplicável ao punido?

Claro que me não cabe julgar a “Justiça”, todavia, é-me difícil de entender, de boa mente, tão implacável modo de acção e pensamento do legislador, pois há sempre a possibilidade de mudar o modo de actuação do prevaricador. Há sempre a possibilidade – repito – de arrependimento e correcção de forma de estar no Mundo, pois – aprendi na catequese, quando era menino – um santo é um pecador que se arrependeu e mudou sua forma de pensar e viver.

Será que sou burro?...

terça-feira, outubro 19, 2010

A "Crise" e a Fome

No meu livro “Dente de Cavalo” (esgotado), falo nos Pasteis de Vouzela, originários do Convento de Santa Clara do Porto, enquanto os de Tentúgal são originários do Convento da mesma ordem, mas de Coimbra. Dou até a respectiva receita.

Todavia, por lapso – «Homero também dorme» –, não referi que aqueles pasteis, muito ricos em calorias (proteína, glúten, albumina, minerais, etc.), foram criados para ajudar os pobres, no alívio e cura da “tísica” (tuberculose), doença que flagelava muita gente desde tempos imemoriais e tinha como principal causa a fome que grassava, endemicamente, por todo o lado em Portugal e, também, em alguns países da Europa.

A Fome…

Pois é! Ela aí está e não é um espectro, é uma realidade visível, palpável e (imensamente) preocupante!

Infelizmente não é – toda a gente, com sensibilidade, o sabe – uma utopia, é sim, uma desgraça que aumenta, dia a dia, com a crise económica que vivemos e com o apertar do cinto em que já estamos e estaremos, com mais veemência, a partir de Janeiro de 2011.

Só que agora já não há freiras caridosas que possam valer aos pobres famintos e doentes, porque foram esbulhadas dos bens que lhes permitiam ser assim caritativas. Por outro lado, as Instituições de Solidariedade Social não recebem (do Estado) os apoios de que precisam para cumprirem a nobre missão de auxílio aos mais carenciados.

- Meu Deus, quem nos acode?!...

domingo, outubro 17, 2010

Espiando a História

Para satisfazer um pedido de informação de minha Prima Inês, sobre os “Marqueses de Farminhão”, andei, um dia destes, por lá a farejar de porta em porta, com vista a obter alguns dados que pudessem ter alguma coisa a ver com o caso e o que (apenas) consegui foi o seguinte:

1 – A “Quinta da Vinha Morta”, talvez pertença dos tais marqueses, nada tem a ver com a romana “Flamia Nham” (Farminhão), mas com uma povoação dessa freguesia chamada Outeiro, onde até existe uma rua a que deram o nome de Rua da Vinha Morta, donde se deduz a importância daquele nome no passado. De facto, a localidade até foi sede de freguesia, com cadeia e a respectiva e indesejada forca, ao contrário do que sucede agora em que a cabeça da freguesia é Farminhão.

2 - Quanto á Família Figueiredo (a dos marqueses), foi-me dado saber que, no lugar, tinha grande importância, como é citado na Revista “Beira Alta” – Volume LIII, 1º, 2º e 3º Trimestre de 1994 – ao estudar os monumentos locais, refere que a Capela de Santa Bárbara, no Alto do Picoto, teve, em 1676, na outorga da sua fábrica, (entre outros) os nomes de João Cardoso Figueiredo, Sebastião Figueiredo e António Figueiredo.

3 – Por seu turno, ao que consta, não me foi possível encontrar algo, na região, que fale dos “possíveis Marqueses de Farminhão”, embora exista, no Outeiro, uma casa apalaçada que, de origem, ninguém sabe a quem pertencia.

E, por agora, foi o mais a que a minha curiosidade chegou.

sexta-feira, outubro 15, 2010

Miopia ou falta de vontade?

Estive, no passado fim de semana, na velha Barrelas (Vila Nova de Paiva), do "Malhadinhas" de Aquilino Ribeiro, e fiquei banzado, com a grandiosidade e multi-funcionalidade do seu Centro Cultural (Auditório Carlos Paredes).
Viseu, infelizmente, não possui coisa assim. Aquilo não devia estar onde está, mas na viseense Praça 2 de Maio - espaço (apropriado a tal, como disse há muitos anos) hoje quase sempre "às moscas" - para lhe dar vida e "tentar" acordar a Cidade para todas as formas de Arte, Cultura e Sociabilidade.
"Dá Deus as nozes a quem não tem dentes"!... Ou será que Viseu não tem políticos de olhos rasgados para o Futuro e, por isso, se vai ficando - apagada, acomodada e mesquinha - na "vil tristeza" duma rotineira, verdadeiramente, acabrunhante, por falta de ideias e, sobretudo, de vontade?...
Nunca é tarde! Haja querer! Porque o dinheiro, mais cedo ou mais tarde, nunca deixa de ser arranjado!
E, com isto, me calo... por agora.

quarta-feira, outubro 13, 2010

Impessoalidade informática

Olá Amigo A. Pinheiro,
Diz o meu amigo, de há mais de trinta e cinco anos, que sou «engraçado» por responder aos comentários que enviam para este modesto e despretensioso blogue, com a saudação que encabeça esta mensagem (Olá...), porque - diz - as pessoas não conhecem com quem estou a falar.
Pois é! Mas, Amigo Pinheiro, esta coisa dos computadores são máquinas tão frias e impessoais que seria (é, mesmo) menosprezo e até má-educação responder à gentileza de um comentário (favorável ou desfavorável) de forma impessoal e distante. Ensinou-me isto meu filho que "é uma fera" em matéria de comunicação virtual.
Podem, depreciativa ou carinhosamente (seu caso), dizer que sou «engraçado». Não me importo! As coisas são como são. E o resto cada qual é livre de pensar e agir de acordo com a sua maneira de ser e de estar na vida.
Será que sou diferente dos outros em meu modo de actuar? Então que seja, eu sou assim e, nesta matéria, não quero mudar - pelo menos por agora.

segunda-feira, outubro 11, 2010

"Carneirada" ou Ignorância?...

A Ignorância é um mal que nos pode atingir a todos, mas se esse mal é natural e sempre que possível cuidamos de nos informar, deixa de ser mal para ser Conhecimento. O pior é quando nada fazemos para quebrar a Ignorância e passarmos a sabedores. Somos ignorantes, muitas vezes, por laxismo, comodismo e preguiça.
Este planeta - que eu amo, porque estou nele - tem, lamentavelmente, muitos milhões de habitantes a sofrerem de iliteracia, não por culpa sua, mas por absoluta falta de meios de aquisição de conhecimento. Há - eu sei - os saberes herdados de boca em boca e do ver fazer, a que chamamos "Cultura Popular", e isso è bom, muito bom mesmo, contudo não é suficiente, pois sem instrução não é viável o aumento normal do Saber. O sapato sem o pé não anda.
Queixam-se os governos que os povos os não entendem, todavia (há excepções) não se esforçam para que o Povo saiba (efectivamente, por mingua de saber) discernir o bom do mau e age em "carneirada" obediente ao toque de vara ou assobio dos que lhe estão acima ( sindicatos, partidos, igrejas, eu sei lá que mais...) na hierarquia da sociedade.
Já diziam os mais antigos: «Abre os olhos, Mula!!!»

sexta-feira, outubro 08, 2010

"Quem se lixa é o mexilhão"

A elevação espiritual do Ser Humano é mensurável apenas pela forma de entrega ao (seu) próximo.
Essa dádiva de amor e paz é referenciada através do grau de preocupação revelado na obtenção do bem-estar de quem nos rodeia.
Os governantes ( não merecem letra maiúscula) do nosso tempo e deste Mundo, perante o contexto de crise económica que vivemos, não se mostram, minimamente (parece-me), preocupados com o mau-estar geral que estão a causar à maioria dos seus semelhantes, em especial, mais - digo: muito - pobres ou em vias de o serem.
Salazar morreu, mas, infeliz e desgraçadamente, os governantes de hoje estão a ler pela cartilha do Ditador de Santa Comba Dão e, então, tal como ele fez após chegar ao poder, vá de aumentar impostos e de apertar o cinto aos cidadãos seus contemporâneos, em vez de cuidar de desenvolver o país, criando postos de trabalho com salários dignos e promovendo e incentivando a exportação.
Assim (com mais impostos) também eu era capaz de governar e de "fazer milagres"!...
- Meu Deus, quanta pobreza de espírito por aí vai!...

quarta-feira, outubro 06, 2010

A Conjuntura actual

«Onde há lume há fumo» e «o que parece nem sempre é» são ditos populares que, naturalmente, se contradizem e deixam, por mais verdade que (pelo menos) pareçam conter, de ser credíveis ou ponto de referência a seguir.
O mesmo sucede com os políticos, uma vez que muitas das suas afirmações são, de seguida, contraditas pelas palavras futuras ou pelos actos, do que, conclua-se, resulta o descrédito nas ideias e/ou nos sistemas políticos seguidos.
É o tempo da descredibilização universal da política e dos políticos!
E, em consequência, o "povo", no qual cada um de nós se integra, anda baralhado sem saber o que pensar e o que fazer. Mas, no meio deste quadro nada favorável, uma "verdade" fica: as coisas vão mal e, sem queremos, temos de apertar o cinto e, provavelmente, morrer à mingua, sem apoios sociais dignos desse nome.
«(...)Rugem porcelas. Deus nos acuda e nos livre delas!» - Escreveu Guerra Junqueiro.

segunda-feira, outubro 04, 2010

Ternas lembranças dum... Homem velho

Olá Inês,
É a ti que dedico as linhas que se seguem:
Fui, ontem, a Ferrocinto, merendar com o meu primo Zé, na velha casa onde minha mãe foi criada e onde eu, em menino, também fui muito feliz. Foi o regressar às raízes familiares com todas as lembranças e sensações que, num desfolhar de antigo e empoeirado alfarrábio, me vieram à memória.
E... falou-se - corrijo: falei - do nobre Cavaleiro que, depois de extinta a Ordem de Cristo, qual judeu errante, veio por aí acima em busca de um lugar, em que pudesse poisar o corpo e o ferro (espada) que trazia pendente do cinto, e, finalmente, descansar das lutas travadas e das agruras da vida, acabando, nos finais do século XV princípios de XVI, por lançar os alicerces, primordiais, daquela casa e, por inerência, da nossa família.
É sempre bom voltar - como cantou Guerra Junqueiro - ao lar e, mentalmente, dizer: «Minha velha ama que me estás fitando, canta-me canções de embalar...»
Por aqui me quedo com as minhas velhas lembranças...

sexta-feira, outubro 01, 2010

A Vida - divagação de eterna luta

Estamos sempre a queixar-nos das agruras da vida, mas esquecemo-nos que, afinal, em sua maioria, esses contratempos são fruto do nosso próprio proceder, já que, "por dá cá aquela palha", logo entramos em pânico, em vez de enfrentarmos a realidade e tratarmos de "dar a volta" aos problemas surgidos, sem arrogância, porém com convicção e força de trabalho.
A vida - digo eu - é um barco cujo timoneiro tem sempre, de onda em onda, dar o golpe de timão que garanta a manutenção da rota escolhida.
Chegar ao "porto seguro" da vida é mais que uma simples luta, é uma batalha que, diariamente, temos de travar com denodo e espírito de sacrifício, pois, de outro modo, sussubramos sem glória, nem honra.
Não é encostando-nos ao "muro das lamentações" que resolveremos os problemas que nos afectam e abalam, mas, sim, "pegando o boi pelos cornos", como bem diz o nosso povo. Temos de abrir o peito arfar as vezes que forem precisas e ir em frente com inteligência e decisão de sermos vencedores, hajam as vicissitudes que houverem.
Eu quero sobreviver ao tempo e á conjuntura que, desgraçadamente, nos quer derrotar!...