terça-feira, janeiro 30, 2007

Época medieval

Num debate televisivo, escritora famosa e mui distinta deste país, para defender sua posição e ideologia, referiu que, em tempos, uma sua amiga alemã lhe disse, pejorativamente, que a mentalidade portuguesa (as palavras não foram estas, mas o sentido sim) era ainda da época medieval.

Sucede, entretanto, que quem só vê na época medieval o lado negativo, como por exemplo as cruzadas e o conceito religioso excessivamente discriminativo, demonstra total desconhecimento desse período.

É que foi durante a chamada Idade Media que se desenvolveram as técnicas da construção, vejam-se as grandes e belas catedrais góticas; os magníficos e robustos castelos; as cidades envolvidas por poderosas muralhas. Anote-se, também, que foi nesse período que, em Portugal, se desenvolveu a utilização dos recursos hídricos, através da proliferação dos moinhos de água trazidos – diz-se – pelos fenícios e os de vento aperfeiçoados pelos árabes. Também na idade média começaram a surgir as primeiras máquinas de relojoaria (o Convento franciscano de Orgens, perto de Viseu, tem um relógio do século XIV que, mormente as inúmeras reparações que já sofreu, teima em continuar a bater as horas). Foi, ainda durante a época medieval que Copérnico desenvolveu os seus estudos sobre astronomia que, pouco depois, deram a Galileu as bases para as suas teorias. No campo das artes refira-se que foi nesse período que surgiram os elementos estruturais que abriram caminho ao renascentismo. E etc., etc., etc. os exemplos são tantos que não cabem na simples postagem de um blog. Haja, por isso, decoro e contenção nas afirmações que se atiram irreflectidamente para o ar!

sábado, janeiro 27, 2007

É preciso mudar

Há dias li – numa revista sobre ciência, que, religiosamente, compro mensalmente, para tentar, mormente os meus 70 Invernos, a completar na próxima 5ª feira, dia 1, manter-me actualizado e, mentalmente, em forma – esta frase sublime do Dalai Lama: «Entender a natureza da realidade é possível através da investigação critica: se a análise científica demonstra, de forma conclusiva, que determinadas afirmações do Budismo são falsas, devemos abandonar esses conceitos.»

Para um líder religioso tal forma de pensamento revela que é um homem humilde, mas sobretudo corajoso e muito honesto. Na verdade, ele despe-se de fanatismo balofo e fundamentalista para dar lugar a um indivíduo carregado de bom senso, sem trair a força da sua crença religiosa ou modo de estar no mundo e na vida.

Quando nos mostram que um pau não é uma pedra, é preciso encarar, com todo o bom senso, essa verdade e mudar modos de pensamento e acção e não teimar, estúpida e fanaticamente, no erro, como fazem muitos lideres religiosos e políticos por esse mundo fora. Daí surge a violência verbal, física e psicológica sobre quem tem a ousadia de ter outros conceitos e outras posturas. Foi por isso que surgiu, num passado não muito distante, a Inquisição que envergonha a igreja católica e os seus fiéis. É por isso que existem organizações terroristas que causam o pânico em muitos lugares e a multidões de seres humanos.

Ninguém é perfeito, bem o sabemos, mas é preciso, é urgente modificar – tal como o subentendeu o Dalai Lama – tudo aquilo que reconhecemos ser um erro e, desse modo, mudarmos nossas atitudes a bem de nós mesmos e de quantos, connosco, calcorreiam este nosso conturbado planeta.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Mudar é preciso

As pessoas, com o tempo e com a aprendizagem que o mesmo traz, vão mudando seu pensamento e forma de acção. Pelo menos será essa a análise que se tira com o correr dos anos. Mas ao que parece, nem sempre assim sucede e há muito boa gente – e até dirigentes de instituições – que, por orgulho e sobretudo falta de humildade (eu próprio, algumas vezes, também sou acometido por esse pecado), ainda se não deram conta das mudanças e teimam em fazer, como sempre fizeram.

Camões dizia, e muito bem, que «o mundo é feito de mudança» e, sendo assim, há que entender e caminhar, decididamente, no meio das alterações com que não contávamos e a que não estamos ainda habituados, pois viemos de outro século com outras vivências e com outros (pre)conceitos. Mas isso, não pode, nem deve, de modo algum, levar a que nós, os mais velhos, estejamos sempre a lamentar-nos: “Ai, no meu tempo…”

O passado já lá vai e a cada instante é presente. Vivamos, por isso, com força todas as vicissitudes do presente – embora ele se nos apresente dolorosamente trágico – e sigamos – com muita coragem e, se possível, muito bom humor – rumo ao futuro, na legítima esperança de que o Sol raiará, brilhante e formoso, para a humanidade do porvir e não para nós, pois o não merecemos, visto que só temos cometido e continuamos a cometer erros, sobre erros, alterando o equilíbrio universal da Natureza, pondo em risco a sequência harmoniosa do Planeta Azul que é, afinal, «a nossa casa», digo: única casa.

sábado, janeiro 20, 2007

Incongruências dos nossos dias

Que se há-de fazer quando ainda há mentalidades vestidas de conceitos impróprios (creio) do século XXI?

Estou, concretamente, a referir-me às teorias de que o holocausto nazi não passa de uma invenção dos homens dos finais da segunda guerra mundial. E essas teorias são corroboradas por gente de “canudo” e com séria obrigação para fazerem uma análise correcta e não tendenciosa a factos provados e comprovados por documentos feitos na altura, como filmes e fotografias, que mostram bem, em imagem real e não virtual ou tendenciosamente montada, as monstruosas cenas vividas nos campos de concentração sob a égide de Hitler.

Que se seja nazi ou neonazi, eu até aceito. Cada um é livre de ter as ideias políticas e religiosas que quiser e ninguém tem nada com isso. Mas que se queira distorcer, pela negativa, uma verdade que só quem a sentiu na carne e na alma é que a entende, isso passa a ser (digamos sem rebuço) terrorismo psicológico. Infelizmente, esta é uma, entre milhões, das incongruências do nosso tempo em que até o amor a uma criança que se cria com desvelados cuidados e atenções é considerado crime e…se vai preso

Santo Deus, que Mundo é este em que vivemos? Progredimos ou regredimos? Por este andar não tarda, voltarmos às cavernas e a resolver, brutamente, pela força todas as nossas questões.

Urge mudar pensamentos e formas de acção para sermos dignos dos nossos vindouros!

terça-feira, janeiro 16, 2007

O Sonha na política

Ao que parece, Portugal começa agora a viver num “mar de rosas”. Pelo menos é o que alguns políticos nos querem fazer crer. Como se nós fosse ingénuos ou simplesmente parvos!... Então não sentimos na pele as dores da mudança? Qualquer mudança é sempre, sempre difícil e dolorosa! Andar com a “tralha às costas” e depois colocá-la nos devidos lugares, procurando; natural e logicamente; ajustar posições e modos de estar, dando funcionalidade às coisas, não é um acto de magia que se consegue com o simples estalar de dedos, há que puxar pelo corpo e pela mente e leva tempo, bastante tempo.

As rosas, até serem atingidas, vão ter muitos e aguçados espinhos durante várias Primaveras – como digo e preconizo num livro que aguarda o beneplácito de um editor corajoso e ciente do sucesso que virá a ter – mas essa vitória chegará, não com esta geração de políticos e governantes e sim, por volta de 2025, com gente já verdadeiramente sob a égide da Era de Aquário há pouco encetada.

Não é uma utopia, mas o estudo e a constatação das profecias universais que nos foram legadas pelos grandes místicos de antanho. Valha-nos ao menos essa salutar esperança!...

quinta-feira, janeiro 11, 2007

De boas intenções...

Qualquer dia hei-de morrer. Toda a gente morre. Serei enterrado em campa rasa como é de minha vontade. Talvez façam bonitos e inflamados discursos fúnebres e até talvez batam palmas, muitas palmas, quando o féretro sair da casa mortuária. Depois, depois será o silêncio, o deixar de falar e, por fim, o esquecimento. Ou será o inverso? O póstumo reconhecimento do valor do artista e do homem que foi a enterrar, com a edição ou reedição de seus trabalhos e com homenagens a tudo e por tudo? Não sei! O que sei e não tenho dúvidas nenhumas sobre isso, é que é triste e lamentável só depois de uma pessoa ter desaparecido da face da Terra, ser5 reconhecido o seu mérito. Só quando o artista desaparece de cena é que é bom? Como pode ele viver, gozar, e agradecer se já não existe?

O meu grande amigo Dr. Júlio Cruz disse-me um dia: «tu já não morres. O teu nome consta no livro de registo da Biblioteca Nacional, encontrei-o lá, quando fazia uma pesquisa. Na altura, confesso, foi um lenitivo e um incentivo não só para os meus desânimos, mas também para que não desistisse nunca de botar ao papel o que me vai na alma.

Hoje; se calhar porque envelheci e; naturalmente; creio-o, amadureci, penso de forma bem diversa. Não são as flores sobre a campa que vão fazer bem ao morto. O que é bom é que, em vida, se lhe dêem essas flores; se lhe façam as homenagens, se cuide devidamente do seu bem-estar físico, mental e espiritual. Que importará, a Camões «lá no assento etéreo onde subiu» todas as homenagens que lhe são prestadas (elas são boas e precisas como sublime exemplo a seguir no presente e no futuro) quando, infeliz e imperdoavelmente em vida passou fome e tanto sofreu?...

segunda-feira, janeiro 08, 2007

A Monsenhor Bento da Guia

Ao tomar conhecimento – muito tardiamente – do falecimento de Monsenhor Bento da Guia, em Moimenta da Beira, veio-me à memórias a longa conversa que tive com ele, uns meses antes do Centenário do Nascimento de Aquilino Ribeiro, em que ele me indicou o Padre Cândido de Azevedo de Sernancelhe, para obter as pistas necessárias à identificação do lugar em que o grande escritor português havia nascido.

E foi graças à prestimosa ajuda desses dois grandes estudiosos das “Terras do Demo” que me foi possível chegar à conclusão – como publiquei na altura, que Aquilino não nascera, como é voz corrente, em Carregal da Tabosa, mas, sim, no velho e arruinado Convento da Tabosa, distante dali uns três quilómetros, onde uma das ultimas freiras residentes o aparou na hora de vir ao mundo.

Ao falar de Monsenhor Bento da Guia é-me lícito referir que Mestre Aquilino tinha por ele grande estima e consideração a ponto de – como confidenciou, certa vez – um dos últimos faunos do livro “Andam Faunos pelos Bosques” ter sido hipoteticamente inspirado na pessoa de Bento da Guia, o qual, ao que consta, não gostava nada de tal comparação, pois parece-nos se não coadunava nada com a personalidade do ilustre sacerdote.

Onde quer que esteja, eu tiro o chapéu, numa reverência de muita estima e amizade, ao grande investigador, pedagogo e cidadão que foi Monsenhor Bento da Guia!

sexta-feira, janeiro 05, 2007

O jogo das palavras

As palavras são filhas da mente humana e, por isso, logo que proferidas ficam sujeitas à interpretação do ouvinte que – consoante a sua cultura ou os seus princípios morais ou, ainda, os seus interesses pessoais – lhes dá o mérito que lhe convém e não aquele que o emissor pretendia e, naturalmente, seria seu desejo.

Vem isto a propósito de um sonho que tive esta madrugada em que, não sei onde, nem porquê, nem como, nem para quê, eu tinha de fazer o discurso de encerramento do tal misterioso evento e, porque na altura em que chegou a hora “de deitar bocas” – como soa, em gíria, dizer-se – estavam já só algumas pessoas na sala, comecei agradecendo «aos valorosos guerreiros que brava e empenhadamente tinham levado o combate ate ao fim, pois mais valia poucos e bons do que muitos e ruins…» enfim, trivialidades que tantas vezes se atiram ao ar e não se sentem.

No final, uma senhora com forte pronúncia italiana, toda abespinhada veio a mim dizendo que a ofendera «porque chegara só na hora do meu discurso, mas viera, pronta para o que fosse preciso». Arrogantemente – reconheço-o agora – ripostei que «combatentes voluntários de fim de batalha não são precisos para nada.» Esqueci-me eu que é depois dos temporais que todos os braços são necessários para a reparação dos estragos e que toda essa força de reconstrução tem de actuar em uníssono num só objectivo: o bem-estar de todos no futuro.

Futuro? Qual é o futuro de Portugal se não há concentração de esforços num só objectivo? Será que mesmo no meio da crise que vivemos, ainda se luta pelo poder? Ó Meu Deus! Assim, onde vamos parar?...

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Nada pode passar sem fiscalização

Por alturas de festas sempre se cometem alguns exageros alimentares e, até, sociais, de que resultam algumas consequências, umas vezes graves outras muito ligeiras que não passam, meramente, de incómodos de somenos importância. Foi o que me aconteceu ao comer umas filhós que, vim mais tarde a saber, haviam sido fritas em óleo demasiadamente usado.

Este incidente que me fez passar um dia inteiro de cama, com náuseas e diarreia constante e incontrolável, recordou-me o que acontece quando, por necessidade da vida, temos de recorrer à alimentação num restaurante. Na realidade, nunca se sabe se no fim da refeição não poderemos vir a ter problemas gástricos desagradáveis.

Queixam-se muitos proprietários de estabelecimentos de hotelaria do “exagero” – dizem eles – posto nas inspecções dos serviços de fiscalização de actividades económicas. Se com os ditos “exageros”, mesmo assim comemos o que não devíamos, o que seria, (Deus meu!) se nada fosse feito?!...

Em matérias que impliquem a saúde e o bem-estar dos cidadãos, não há que ser brando, nem condescendente, o que tiver de ser feito, faça-se! Doa a quem doer! È preciso estarmos bem atentos a tudo. A ganância impera por todo o lado, sem quaisquer escrúpulos, pois – para eles – o importante é enriquecer rapidamente.