quarta-feira, outubro 31, 2007

Princípios...

Toda a vida do ser humano é regida por princípios adquiridos pela observação e aprendizagem de quanto nos rodeia ou nos é ensinado desde que nascemos.

Esses princípios, tendo uma base comum, ou seja: o bem próprio e o de tudo de que (ou de quem) depende directa e indirectamente, só variam em pormenores circunstanciais e culturais de acordo com o lugar e a pessoa que os segue.

Para um Cristão, por exemplo, a sua conduta tem como objectivo atingir, após a morte a “vida eterna”; já um Budista tudo faz pelo seu aperfeiçoamento espiritual, de modo a que possa ver reduzido o número de reencarnações de modo a gozar o Nirvana; por seu turno um Politeísta desenvolve as suas acções por forma agradar e a servir os “seus deuses” afim de que eles o recompensem quer em vida, quer depois da morte.

E um Ateu, que é descrente de qualquer tipo de conceito religioso, que princípio ou princípios o moverão, mental e/ou espiritualmente, ao direccionar a sua conduta?

Daqui se infere que o Homem, para ser, bom ou mau, não precisa de estar (re) ligado ao conceito da divindade omnipotente e omnipresente. O que necessita, isso sim, é de acreditar em si, nas suas capacidades humanas de bondade, para consigo e para com quanto o envolve e que não pode ignorar, sob pena de – embora possa parecer um paradoxo – nada deixar que o lembre aos vindouros, quer seja positivo, quer seja negativo.

E esta última forma de pensamento é, já em si mesma, um princípio primordial e fundamental a ser seguido e é – creio eu – uma forma de elevação espiritual e também moral de ser e de estar no Mundo “esfarrapado” dos nossos dias.

segunda-feira, outubro 29, 2007

Gostar de ler

A minha infância, adolescência e juventude foi povoada de lendárias personagens livrescas que ficaram guardadas, cobertas com o pó do tempo, no sótão sombrio das minhas memórias, construindo a minha personalidade e moldando o meu carácter.

Foi “Simbad – o marinheiro” das Mil e Uma Noite, de Sherazad; “Quasímodo” o corcunda de Notre Dame, de Alexandre Dumas; o “Capitão Nemo” das 20 000 Léguas Submarinas, de Júlio Verne; “Gavroche” de Os Miseráveis, de Victor Hugo; o “Ichacorvos” de A Última Dona de S. Nicolau, de (creio) Campos Monteiro; o “Principezinho” de Antoine de Saint Exupery e tantos, tantos outros que, no meu consciente e mesmo subconsciente, ainda hoje, sem que disso me aperceba, marcam o meu modo de ser e de estar nesta vida.

Ler, ler tudo era a minha (e de milhares de jovens) ocupação de tempo livre. Não haviam jogos de computador, nem consolas portáteis de jogar. Haviam os cantos e recantos solitários para nos ocuparmos na leitura e a rua para convivermos uns com os outros em brincadeiras, agora chamadas “tradicionais”. Os Tempos mudaram tanto!... Ainda bem que assim sucedeu!

Tudo mudou. Para melhor, para pior? O futuro o dirá!

Eu, por mim, acredito e espero uma geração que já não verei, mas que será melhor do que todas as passadas, porque será capaz de, finalmente, construir a Paz de forma duradoira, fazendo reinar o Amor entre todos os homens!

sábado, outubro 27, 2007

Que pensam os políticos?

O “Geo 4” – relatório das Nações Unidas sobre o Estado do Planeta – revela sérias preocupações quanto à rápida degradação do ambiente onde “ainda” (estas aspas não são em vão) habitamos. Conclui mesmo esse documento que, a continuar assim, não tarda, terão desaparecido imensas espécies vegetais e animais, dentre os últimos o próprio homem.

Há quanto tempo, eu e muitos milhares de pessoas, vimos a alertar, os leitores, para este assustador problema? Não sei já lhe perdi a conta!...

É uma realidade tão palpável e visível que só os loucos e os gananciosos é que não tomam consciência dela. Digo, não tomam ou não lhes convém tomar?

O pior, porém, é que quem tudo devia fazer para travar o avanço de tal tragédia não dá um passo nesse sentido. E desencadeia guerras reais e verbais já não, como no passado, por mais um palmo de terra na fronteira, mas pelos recursos do subsolo, muito especialmente, pelo petróleo causa principal de toda esta dramática e preocupante situação.

Que pensam os governantes e os políticos?...

Repito, não sei, e gostava mesmo de saber!

quinta-feira, outubro 25, 2007

Desonestidas destes tempos

A situação económica em Portugal (creio em todo o Mundo) é de profunda crise, pelo que todos procuram apertar o cinto no mais que podem, afim de equilibrar o orçamento pessoal e colectivo.

É justo e compreensivo que assim seja. Mas daí a perder-se a noção das realidades vai uma grande distância!...

Estou, concretamente, a referir-me a um comerciante que, depois de ter apresentado orçamento para a venda de duas cadeiras de rodas, o qual foi o mais baixo do mercado, quando fomos efectuar a compra, quis receber quase o dobro do valor proposto.

Depois do nosso protesto, devidamente documentado e argumentado, acabou por executar o negócio seguindo, rigorosamente, o estabelecido no orçamento.

Por quê tal falta de honestidade? Que tipo de comerciantes são estes; pois bem sei que não é caso isolado? Será que essas pessoas julgam os outros como tansos? Que fazer a esta gente desonesta e oportunista que pesca em águas turvas?

Sinceramente, não sei, mas gostava muito de saber!...

quarta-feira, outubro 24, 2007

Mais uma vez qualificar, é preciso

A Ficção existirá?

Muitas vezes fico a pensar nisto e não chego a uma conclusão peremptória sobre a matéria. Pois, como disse Maria Lúcia Lepecki, na revista “Super Interessante” de Abril de 2001, «Quem junta lembranças, fatalmente ficciona» e acrescentando ainda «não tenho talento, tenho memória», afirmação de Camilo Castelo Branco, para justificar a sua vastíssima produção literária, mais se intui a razão (não preocupação) desta minha natural dúvida.

De facto, nas “estórias” que vou escrevendo – tenho já prontos para o prelo 5 livros: um romance, dois de poesias, um de memórias e um de contos – existem sempre, bem entrelaçadas, descrições (camufladas) de muitos dos meus conhecimentos e das minhas próprias vivências humanas.

Lavoisier dizia que «nada se produz, nada se cria, apenas se transforma», o que (parece-me) é bem verdade e aplica-se também ao caso da criação artístico/literária.

Tudo quanto se faz é fruto de algum conhecimento adquirido pela teoria ou pela prática, porque se não houver, na nossa mente, algo aprendido ou vivido não seremos capazes de realizar seja o que for. Quem não tivesse nada no seu consciente, subconsciente e inconsciente, seria apenas, e só, um mero monte de carne e ossos inerte e amorfo que não viveria.

Quanto mais carregada estiver a nossa memória, mais possibilidade se tem de fazer coisas. E quanto mais qualificadas forem as nossas lembranças melhores serão as nossas realizações.

De tudo isto se infere que qualificar é urgente e imperioso ou não será?

segunda-feira, outubro 22, 2007

Viver é dificil

Eu sei que viver é tão difícil como ganhar uma maratona em que participam os melhores atletas mundiais da especialidade.

É preciso ter gabarito para se obter semelhante proeza. Que o digam o Carlos Lopes e a Rosa Mota. É preciso estar física, mental e emocionalmente preparado para aguentar toda a pressão e esforço de tão longa quanto desgastante corrida.

Assim é, também, viver. É importante e nunca é bastante toda a preparação que formos adquirindo ao longo dos anos. Não interessa como conseguimos atingir a capacidade de sermos e estarmos neste belo planeta azul que, por egoísmo e ganância desmedida, estamos insensatamente a destruir. O fundamental é dotarmo-nos – pela instrução, pela formação técnico/profissional, pela observação de quanto nos rodeia e pelo trabalho desempenhado com suor e lágrimas – das ferramentas indispensáveis ao almejado sucesso.

Nós temos de estar disponíveis para a cabal aquisição dos meios que nos levem à meta final, mas o Estado tem de ter a palavra mais importante de todo este custoso processo de preparação social e humana.

Em Portugal, o Estado será que está a cumprir com este último requisito? Sinceramente, não sei e, por isso, tenho sérias dúvidas!...

sábado, outubro 20, 2007

De novo qualificação

Fazem-se muitos cursos de formação para pessoas com deficiência o que – diga-se – é óptimo, pois todos os cidadãos devem ter acesso à igualdade de oportunidades quer seja à educação/ensino/formação; quer seja ao trabalho/emprego. Pelo menos é o que determina a Constituição Portuguesa.

Mas, infelizmente, não e assim que as coisas se passam. E não é, porque não há a preocupação de criar no formando o gosto pelo trabalho e o conceito de que o que se faz, para além de ter grande qualidade, tem, também – direi, sobretudo –, de ser produzido no mais curto espaço de tempo.

Fazem-se cursos de Formação Profissional para pessoas com deficiência – sei muito bem do que estou a falar, pois fui, durante algum tempo, Coordenador de Acções de Formação Profissional desse tipo –, que não satisfazem, minimamente, aqueles quesitos fundamentais, o que ocasiona, obviamente, resultados desastrosos ao fazer-se a integração no mercado de trabalho.

A quem atribuir culpa por tal falhanço?

À falta de qualificação técnico/pedagógica dos formadores e, o que é bem pior, à falta de qualidade dos técnicos avaliadores/fiscalizadores da entidade subsidiadora dessas acções de formação profissional, que só olham para os papéis, cheios de relatórios muito bonitos, mas completamente ocos na prática.

E, por hoje, basta…!

sexta-feira, outubro 19, 2007

Parasitismo

É tido e sabido que sem estudo e sem trabalho ninguém singra na vida, a não ser que fuja aos mais elementares parâmetros de honestidade. Mas, ainda assim, não é fácil. O mundo de hoje não é como antigamente em que bastava ter um olho para se ser rei em terra de cegos. Por isso torna-se claro que é urgente e necessário mudar pensamentos e modos de agir.

O parasitismo não devia ter sentido nas sociedades do século XXI. Só que, lamentavelmente, esse fenómeno e esse flagelo social continuam a massacrar as comunidades, reduzindo o rendimento produtivo global.

Por cada parasita que vive agarrado e à custa do labor dos outros, há, no mínimo, mil pessoas a esfalfarem-se com remunerações de miséria e vergonha, cujo excedente que lhes caberiam acaba por ir parar aos bolsos daqueles que nada, ou muito pouco, produzem e que vivem de barriga forra e, o que é pior, sem escrúpulos de qualquer espécie.

Eu conheço – no passado e no presente – alguns políticos (se é que são merecedores de tal título?) que foram e são verdadeiras sanguessugas do suor dos outros. Mas que, sem que se entenda bem porquê, vivem como nababos e, quando morrem, têm direito a todas as honrarias e a nome numa rua da sua cidade.

E as árvores, a que se agarraram e pelas quais trepam, acabam sempre, por fenecer, ingloriamente, vítimas de asfixia dolorosa e implacável.

Como mudar este repugnante estado de coisas? Que mundo é este em que habitamos?!...

segunda-feira, outubro 15, 2007

Ainda sobre «Qulaificação...»

«Irá certamente ser um problema social deste século em Portugal. Já que há muitas pessoas a entrar nas universidades sem o mínimo de qualificações, nem académicas, nem pessoais, nem psicológicas, nem sociais, e a lista é interminável.
Digamos que é como começar a construção de uma casa pelo telhado, mas um dia a casa vem abaixo

Comentou, e bem, a minha leitora Cristina sobre o artigo no meu blogue, ao qual dei o título «Qualificação…». Este sábio e sentido comentário vem ao encontro do meu pensamento e da preocupação de muitíssima gente, neste país, assustada com o rumo um tanto aventureiro que o Ensino está tomar. Pelo menos eu não sei qual é. Mas sei, isso sim, é que não augura uma nação devidamente (vinque-se devidamente) instruída e culta, capaz de ombrear com as suas congéneres europeias.

Daí que seja justo demandar: Que políticos temos e qual é o Povo que querem construir?...

O fogo de artifício é para as romarias!...

Má educação e ignorância

De um modo geral, os ensinamentos de Cristo preconizam aos seus seguidores a tolerância, a compreensão e a paciência. Tolerância para aceitarmos a (sempre possível) falha do nosso semelhante; compreensão para entender que o outro também tem direitos e necessidades; paciência para esperar com muita serenidade a nossa vez de usufruirmos o que nos for devido.

Ora o que vimos, pela TV, no passado sábado (13/10/2007) em Fátima, foi bem a antítese de tudo aquilo que acabei de enumerar.

Era uma multidão despropositadamente sem tolerância, sem compreensão, sem paciência e… mais, sem fé. Pois, desrespeitosamente, em algazarra de vendedores em dia de feira, protestava contra o facto de a nova igreja do santuário estar encerrada e não a poderem visitar naquele momento, já que, no interior, decorria o ensaio duma orquestra e dum coro, com mais de 150 pessoas, para o espectáculo que iria ocorrer daí a umas horas.

Como é que dois mil e tal anos depois do nascimento de Jesus, a (“sua”) Igreja não foi capaz de instruir “o seu rebanho”, naqueles – aliás, comuns a todas as religiões – sãos princípios de convivência humana? Que andou o clero, em todo este vasto tempo, a fazer? Que evangelização foi (ou é) esta?

Depois admiram-se que a Igreja Católica Romana esteja a perder fiéis, com aumento de descrentes e fuga para outros credos!...

sábado, outubro 13, 2007

Considerações de um louco!?...

A mente humana é algo tão complexo que, desde há milhares de anos, os mais instruídos na matéria têm vindo a debruçar-se sobre ela, estudando e experimentando de todas as formas sem que, até hoje, se tenha obtido os necessários conhecimentos para que se domine, em plenitude, todas as reacções e todos os mecanismos que a regulam.

Essa complexidade e essa ignorância levou (e leva) o homem a refugiar-se no subjectivo (digo mesmo), no abstracto, afundando-o, quando para mais não tem capacidade, nos meandros da superstição e da irrealidade religiosa, criando, obviamente, conceitos que, embora não tendo qualquer base cientifica, o aliviam de suas dúvidas, dos seus medos e ou fantasmas.

A religião, diga-se, as religiões são isso mesmo: uma fuga vertical para o desconhecido, para Deus ou para os Deuses que povoam o nosso subconsciente, que desde o nosso nascimento foi (impiedosamente) metralhado com ideias, conceitos e preconceitos que lá se armazenaram, qual esponja, ao longo dos tempos.

Depois, quando adquirido algum conhecimento, surge o terrível combate entre o subconsciente que nos impele numa rota e o consciente que nos direcciona em sentido inverso. São dois homens em luta: o do passado eivado de preconceitos e superstições e o do presente sabedor de outras realidades que a ciência comprova e/ou comprovou.

A qual destas entidades em conflito dar a vitória? Ao subconsciente ou ao consciente? À religião ou à ciência? Ao subjectivo ou à lógica? Como ver (ou entender) a divindade como um Ser semelhante ao homem ou como um fonte de Energia latente em tudo e em todos que nos impele e orienta?

Não sei, mas gostava de saber! Por isso vou comprar uma dúzia de castanhas assadas à vendedeira da esquina e comê-las tranquilamente, no remanso do meu caminhar…

sexta-feira, outubro 12, 2007

Qualificação...

Diz-se que os portugueses são os reis do “desenrasque”. A esse propósito, meu pai que era Mestre de Serralharia Mecânica, no, então, Ensino Técnico, afirmava que o mal dos nossos operários (isto entre os anos quarenta e setenta do século passado) era que eles, salvo raríssimas excepções, «só tinham dois instrumentos de medida: o olhómetro e o palpómetro». Queria vincar desta forma, o quanto era evidente a falta de instrução, formação e qualificação profissional dos nossos trabalhadores.

Na verdade, a maioria dos trabalhadores de então, não tinha mais que o actual Ensino Básico, havendo mesmo quem não soubesse ler e escrever e outros que mal o faziam. «Aprenderam a arte» – como soava dizer-se – com os velhos operários que também a haviam aprendido de seus passados ou de mestres com quem privaram profissionalmente.

Essa foi, entre muitas outras, uma das grandes pechas do Portugal do século passado.

Agora, muito à pressa e de forma um tanto atabalhoada, procura-se, a todo o custo e por todos os meios, ultrapassar tão nefasta situação.

Mas é difícil, pois aquilo que devia ter sido feito ao longo de gerações, não é viável de uma hora para a outra, sob pena de estarmos a tentar enganar tudo e todos. Teremos, brevemente, um país com multidões de pessoas com diploma passado, mas sem a devida qualificação (diga-se, qualidade) intelectual, instrucional, cultural, profissional e… (por que não?) moral.

Todavia, ainda assim, «somos os melhores do mundo e arredores!...»

quarta-feira, outubro 10, 2007

Diferenças

Diziam-me, no tempo em que fui educado, que «há pessoas e Pessoas.» De facto ninguém é igual. É essa diferença que nos caracteriza e identifica como Seres Humanos.

Assisti, ontem, ao funeral de um homem de 51 anos que, por um pequeno fracasso na sua vida de empresário, foi forçado a passar um tempo (curto) numa cadeia. Cumprida a pena, saiu. Mas eivou-o um tal sentimento de vergonha que se apagou para o mundo, acumulando depressões, em tal continuidade, que acabaram por lhe encurtar a vida.

Ao vermos passar o féretro, minha esposa comentou: «Este homem que não prejudicou ninguém, apenas quis facilitar a vida a pessoas menos dotadas, porque esteve preso, somatizou vergonhas, quiçá culpas, sem medida e apagou-se. Fulano (o nome não importa) que espoliou e prejudicou uma multidão de gente e que esteve preso um ror de anos, quando saiu da prisão, mudou de terra e continua a viver como se nada tivesse acontecido, certamente praticando os mesmos actos…

Pois é! Um era um homem bom e digno que se auto flagelou pelas suas culpas, pagando com a vida essa honradez. O outro, sem sentimentos ou escrúpulos, vai em frente, prosseguindo um caminho tortuoso e pouco digno, sem se importar com nada.

Por isso eu repito o que aprendi em menino: «Há pessoas e Pessoas!...»

segunda-feira, outubro 08, 2007

Isto não vai bem...

«La belleza esta en los ojos de quien mira» - Dizia Miguel de Unamuno – no que não deixamos de estar de acordo, pois saber ver e encontrar beleza é uma questão de conhecimento. Por seu turno, o conhecimento é fruto do estudo atento e dedicado, como disse El-rei D. Duarte: «o boo studo, de simprez faz sabedor».

O conhecimento, especialmente nos dias de hoje, é um bem de primeiríssima necessidade. Há que obtê-lo por todas as formas ao alcance de quem o deseja, mas há, sobretudo, que proporcioná-lo sem restrições e da mais alta qualidade.

Obtê-lo é dever de cada um de nós; proporcioná-lo cabe aos governantes tudo fazerem para que ninguém fique excluído e, por isso, seja lançado na sarjeta da ignorância e, pior, da nulidade.

Este último ponto, ao que temos observado, está cheio de pechas e a precisar de grandes obras de restauro ou, cremos nós, de uma construção totalmente nova, erigida desde os alicerces até à cúpula da grande basílica chamada Ensino.

Dirá o Governo: não há dinheiro para tal reforma! Será que não há dinheiro ou que não existe é vontade e competência para efectuar tal transformação?

É duro chegarmos à conclusão de que estamos na cauda da Europa em muitos itens! Mas bem mais triste é sentirmos e vermos que esse atraso é devido ao oceano de ignorância e apatia em que estamos mergulhados. E, mais, que não temos tido, ao longo de três décadas, políticos e governantes com craveira mental para se imporem, no sentido de modificar este lastimoso estado de coisas.

Gastem-se menos euros em faustosidades só para estrangeiro ver! E essa economia use-se a dar trabalho a braços de professores ociosos que “verdadeiramente” ensinem e de simples façam sabedores, sem excepção, todos os portugueses!

sábado, outubro 06, 2007

Todos os mortos são "bestiais"

Dizia meu avô materno que «todos os mortos, no dia do funeral e nos que se lhe seguem, são boas pessoas e fizeram grandes coisas». Depois é que vem a história e os enaltece ou destrói, mostrando a sua verdadeira personalidade.

Eu lembro-me bem do funeral do ditador Salazar, das exéquias fúnebres em sua honra e dos discursos enaltecendo as suas obras e a sua personalidade. E…

Afinal, debaixo de todo aquele verniz, esforçadamente, aplicado, pelos seus correligionários e apaniguados, estava um homem frio, déspota, agarrado ao poder, que deixou atrás de si um imenso rio de lágrimas de sangue e sofrimento de toda a ordem de um povo cruelmente subjugado, pela polícia do Estado e pela miséria em que vivia e que foi, por ele, deixado em legado aos ilustres Capitães de Abril.

Nos funerais e nos dias subsequentes eu não acredito na proclamada “bondade” dos mortos, a não ser que, em vida, os tenha conhecido muito bem ou que com eles tenha privado muito de perto.

E por aqui me quedo!...

sexta-feira, outubro 05, 2007

Estátua a Aquilino Ribeiro

Nos finais dos anos 50 do século passado foi colocado um busto de Luís de Camões, no Parque da Cidade, em Viseu, o qual foi tão mal localizado e de forma tão pouco digna que os jovens (dos quais eu fazia parte – agora já posso dizê-lo) lhe colocaram um cartaz em que se dizia:

«Que fazes aí, Camões,

Homem de tanto valor?

- Estou a apanhar bolotas

Para dar aos idiotas

Que aqui me vieram pôr!...»

Depois disto, foi colocado num local um pouco mais condigno, onde a juventude estudantil – ao menos – o pode ver.

Surge isto a propósito de a Câmara Municipal de Viseu estar a preparar-se para colocar, no mesmo Parque, uma estátua do escritor Aquilino Ribeiro, talvez a pretexto de aquele pulmão citadino ter o nome do ilustre homem de letras.

Será que já não basta o abandono e maus-tratos do busto de João de Barros, agora também é preciso sujeitar Aquilino a tais vexames? Numa cidade tão moderna e bonita, será que não há outro local mais visível, atraente e moderno para honrar e prestigiar o autor de «Quando os lobos uivam»?...

quarta-feira, outubro 03, 2007

Linguística

O governo brasileiro – vi num jornal de TV – pretende que os seus funcionários deixem de empregar, nos documentos e na linguagem quotidiana, o gerúndio, pois consideram (o que é bem verdade) que essa forma prolonga a acção do verbo, como acontece com “fazendo”, “analisando”, “solucionando” e “concluindo”, mas “deixando” tudo como estava.

Confesso que achei graça ao facto, pois, na realidade, são os brasileiros quem mais usa essa forma verbal. E de tal forma lhe estão ligados que já não sabem construir um parágrafo sem que não apareça um ou dois gerúndios.

Dizemos nós, em Portugal (até contamos anedotas sobre isso), que os alentejanos são uns grandes mandriões, que tudo fazem para nada fazerem e, assim, gozarem as delícias de umas boas sestas. Agora percebo porquê. É que é no Alentejo que mais se usa o gerúndio, no linguajar do dia-a-dia.

Quando nada se quer fazer e para não usar aquela forma verbal, recorre-se, então, habilmente, ao estratagema de promover, burocráticas e enfadonhas, reuniões em que nada se decide e se podem deixa ficar os problemas em banho-maria até às calendas gregas.

O problema da questão, ao que se vê e bem se depreende, não é de linguística, mas de competência e, em muitos casos, de vontade.

Nesta última hipótese, como solucionar o ostracismo que nos envolve e avassala? Pela corrupção, certamente?!...

terça-feira, outubro 02, 2007

Paz precisa-se!

Há momentos e histórias que nos marcam e dirigem o pensamento e os passos para rumos diferente daquele que era nosso objectivo. Regra geral, algumas dessas inversões de marcha devem-se a conjunturas causadas pela natureza, como os cataclismos. Mas outras delas (talvez a maioria) têm origem na vivência humana de um dia a dia balizado por escolhos criados pelo próprio homem.

Estou a reportar-me, concretamente, aos casos dos refugiados de todo o mundo. Uns vêem-se forçados à fuga, pelas intempéries, pelos terramotos, pela erupção de vulcões e outras calamidades originadas de forma natural. Outros têm de abandonar os seus locais de estadia habitual porque os homens – dêem-se nome aos bois –, os governantes, em sua desmedida ambição de poder e riqueza, não se entendem e criam conflitos estúpidos (todos o são), que arrastam para o caos e para o medo multidões que nada têm a ver com esse malévolo estado de conflitualidade.

O fenómeno não é de agora. A História Universal desde sempre registou casos de fugas em massa por mor da tirania dos poderosos. Só que hoje essas deslocações são muito mais visíveis, quer pela quantidade de vítimas, quer pela frequência com que ocorrem.

O Século passado foi um estendal de casos e o que está a iniciar não apresenta melhorias.

Que valeram os ensinamentos e os exemplos de tolerância e pacifismo de Buda, Cristo, Maomé, Gandi, Luter King e alguns outros de que me não lembro? Por quê tanta cegueira e tanta arrogância? Será que isso é apanágio dos homens que detêm o poder? E por que não se dão conta os “senhores do mundo” desta triste e nefasta realidade e cuidam, de pronto, de mudar a atitude e o pensamento? Como fazê-los compreender o quanto estão errados e quanto de mal estão a provocar aos homens e ao planeta em que, ainda, habitamos?

Eu não sei, mas quem souber que o diga e tudo faça para que a mudança seja imediata e radical!

Paz precisa-se com urgência!!!