Dizia meu avô materno que «todos os mortos, no dia do funeral e nos que se lhe seguem, são boas pessoas e fizeram grandes coisas». Depois é que vem a história e os enaltece ou destrói, mostrando a sua verdadeira personalidade.
Eu lembro-me bem do funeral do ditador Salazar, das exéquias fúnebres em sua honra e dos discursos enaltecendo as suas obras e a sua personalidade. E…
Afinal, debaixo de todo aquele verniz, esforçadamente, aplicado, pelos seus correligionários e apaniguados, estava um homem frio, déspota, agarrado ao poder, que deixou atrás de si um imenso rio de lágrimas de sangue e sofrimento de toda a ordem de um povo cruelmente subjugado, pela polícia do Estado e pela miséria em que vivia e que foi, por ele, deixado em legado aos ilustres Capitães de Abril.
Nos funerais e nos dias subsequentes eu não acredito na proclamada “bondade” dos mortos, a não ser que, em vida, os tenha conhecido muito bem ou que com eles tenha privado muito de perto.
E por aqui me quedo!...
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