Diz-se que os portugueses são os reis do “desenrasque”. A esse propósito, meu pai que era Mestre de Serralharia Mecânica, no, então, Ensino Técnico, afirmava que o mal dos nossos operários (isto entre os anos quarenta e setenta do século passado) era que eles, salvo raríssimas excepções, «só tinham dois instrumentos de medida: o olhómetro e o palpómetro». Queria vincar desta forma, o quanto era evidente a falta de instrução, formação e qualificação profissional dos nossos trabalhadores.
Na verdade, a maioria dos trabalhadores de então, não tinha mais que o actual Ensino Básico, havendo mesmo quem não soubesse ler e escrever e outros que mal o faziam. «Aprenderam a arte» – como soava dizer-se – com os velhos operários que também a haviam aprendido de seus passados ou de mestres com quem privaram profissionalmente.
Essa foi, entre muitas outras, uma das grandes pechas do Portugal do século passado.
Agora, muito à pressa e de forma um tanto atabalhoada, procura-se, a todo o custo e por todos os meios, ultrapassar tão nefasta situação.
Mas é difícil, pois aquilo que devia ter sido feito ao longo de gerações, não é viável de uma hora para a outra, sob pena de estarmos a tentar enganar tudo e todos. Teremos, brevemente, um país com multidões de pessoas com diploma passado, mas sem a devida qualificação (diga-se, qualidade) intelectual, instrucional, cultural, profissional e… (por que não?) moral.
Todavia, ainda assim, «somos os melhores do mundo e arredores!...»
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