O governo brasileiro – vi num jornal de TV – pretende que os seus funcionários deixem de empregar, nos documentos e na linguagem quotidiana, o gerúndio, pois consideram (o que é bem verdade) que essa forma prolonga a acção do verbo, como acontece com “fazendo”, “analisando”, “solucionando” e “concluindo”, mas “deixando” tudo como estava.
Confesso que achei graça ao facto, pois, na realidade, são os brasileiros quem mais usa essa forma verbal. E de tal forma lhe estão ligados que já não sabem construir um parágrafo sem que não apareça um ou dois gerúndios.
Dizemos nós, em Portugal (até contamos anedotas sobre isso), que os alentejanos são uns grandes mandriões, que tudo fazem para nada fazerem e, assim, gozarem as delícias de umas boas sestas. Agora percebo porquê. É que é no Alentejo que mais se usa o gerúndio, no linguajar do dia-a-dia.
Quando nada se quer fazer e para não usar aquela forma verbal, recorre-se, então, habilmente, ao estratagema de promover, burocráticas e enfadonhas, reuniões em que nada se decide e se podem deixa ficar os problemas em banho-maria até às calendas gregas.
O problema da questão, ao que se vê e bem se depreende, não é de linguística, mas de competência e, em muitos casos, de vontade.
Nesta última hipótese, como solucionar o ostracismo que nos envolve e avassala? Pela corrupção, certamente?!...
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