Atraem-me (sempre me atraíram) os temas de carácter científico, apesar de na matemática não ter sido um bom aluno o que é fundamental, pois as coisas da ciência implicam, de certa forma, o uso dessa disciplina e a sua aplicação prática. É verdade, no entanto, que fui bom discípulo dos professores de física, ciências da Natureza, e outras ligadas às coisas do foro científico. E fui tão bom ou tão mau que – lembro, com certa mágoa – um dia, frequentava eu o equivalente ao actual quinto ano da Ensino Básico, uma “velha” professora me deu uma valente bofetada por ter afirmado que, para além dos oito planetas do Sistema Solar (então ainda eram oito), havia muitos outros espalhados pelo Universo, facto que, cada dia, se confirma e reconfirma.
Quero com isto dizer que o ensino, nesses tempos de má memória, era tão rígido e dogmático (só valia a opinião do mestre e dos compêndios) que impossibilitava o discente de ter ideias e, sequer, de as exprimir. Era, forçosamente, o saber conseguido à custa do “empinanço” e não do raciocínio resultante da análise dos dados obtidos pela leitura, pela constatação de factos e acontecimentos vistos e vividos no quotidiano ou por qualquer outra forma de investigação.
Então, acontecia que muitos desses professores (também eles feitos à força de muito “marrar” e muito “empinar” matérias sob o jugo férreo da ditadura que também queria subjugar as inteligências, não estavam preparados para confrontarem mentes atrevidas, em seus objectivos e modos de pensar.
Em face disto, a questão que surge torna-se pertinente e cheia de pontos de reflexão: E hoje, século XXI, será que os docentes deste país estão aptos e capazes de enfrentar e preparar gerações mentalmente mais abertas e, assim, bem mais reivindicativas? Não será necessário produzir um novo tipo de professores? Não será ainda o Ensino, em si, que tem de mudar? Neste último caso, de que forma, com quem e com que meios?
Quem for de direito que responda, pois eu não sou ninguém nem no Ser, nem no Estar!...