segunda-feira, maio 05, 2008

O Gosto pela Leitura

Pergunta-se quase sempre, quando se entrevista uma personalidade qualquer, quais terão sido os “livros da sua vida”. Como se isso, por si só, fosse (ou seja) bastante para definir o carácter ou a maneira de ser e de estar de uma indivíduo.

Por exemplo, os livros da minha vida foram todos aqueles que, na minha adolescência, eu li, embora tenham sido imensos, desde os de autoria de Júlio Verne, Emílio Salgari, Emílio Zola (deste refiro, naturalmente o Germinal), Victor Hugo (Os Miseráveis) e, esses sim, ficaram de forma bem vincada na minha memória e no meu espírito. Depois, já homem consciente de mim e dos meus objectivos, surgiram “O Principezinho” de Antoine de Saint Ezupérie; “A Mãe” de Perl Burck (Prémio Nobel); “Les Choans” (lido em francês, pois não havia tradução em português) de Balzac; “O Livro de Saint Michel” de Axel Munthe; e entre os porutugueses “Os Esteios” de Soeiro Pereira Gomes; “Avieiros” e “ Fanga” de Alves Redol e muitos outros, cuja lista seria bem extensa.

Mas, o que se deve salientar é que, essas obras – tirando Verne e Salgari – não estão carregadas de aventuras agitadas e rocambolescas, como sucede hoje, com autores que, para deixarem uma qualquer mensagem, o fazem de forma – creio eu –, absolutamente, exagerada, como é o caso de Dan Brown e do português José Rodrigues dos Santos, e de tantos outros. Parece que essa é uma moda para agarrar leitores que, provavelmente, de outra forma, abandonariam a obra ainda antes de terminar o primeiro capítulo.

Para mim, a escrita têm de ter conteúdo, para que a leitura seja um manancial de ponderação, de reflexão e de aprendizagem e não uma cavalgada de histórias pseudo policiais em que as personagens se esfalfam em correrias e artimanhas para escaparem à polícia, às máfias ou sei lá quê.

Se só há gosto pela leitura através de tais estratagemas, então – digo eu –, mal irá a cultura e a literatura por esse mundo além, quer no presente, quer no futuro, pois os valores primordiais do Ser Humano, foram-se na voragem economicista do aqui e agora.

É pena que assim seja!...

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