Lembro-me, muitíssimo bem, de, era eu um menino acabado de chegar de África (1945), onde nasci, haver, no Caramulo – onde não se devia ir por causa do contágio –, mais de meia dúzia de Sanatórios de grande lotação para doentes vítima de tuberculose.
Era um flagelo que – dizia a propaganda do “Estado Novo” – afligia seriamente os governantes da altura. Não sei se era ou não verdade, mas sei, entretanto, que, como forma de obviar o problema, se construíram, por esse Portugal adiante muitos sanatórios da especialidade, os quais, infelizmente, não eram bastantes, pois a doença não parava de aumentar nas estatísticas oficiais e privadas.
E essa endemia só começou a diminuir por volta dos anos 60, graças ao uso de novos fármacos e, de certo modo, à emigração de milhares (se não de milhões) de portugueses para a França, Alemanha, Suiça e não sei mais que outros países, onde, mormente as condições duríssimas de vida, sempre conseguiam ganhar para a “bucha”, o que, por cá, dada a extrema pobreza em que a maioria das pessoas viviam, não era viável.
Os cofres do Banco de Portugal abarrotavam com barras de ouro, mas, desgraçadamente, morria-se de fome e de tuberculose, consequência desse mesmo estado de fome e penúria generalizada.
Recordo esse período vergonhoso da nossa história recente, porque, lamentável e dramaticamente, “para mal dos nossos pecados”, está, de novo, a ser preocupante o ressurgir da tuberculose, pelo elevado números de casos, que vêm atingindo os cidadãos deste país. E aqui a comparação tem todo o cabimento: nesse tempo era o desemprego e a míngua no poder de compra a causa da endemia, hoje são os mesmíssimos factores os responsáveis por tal ressurgimento.
E o comportamento dos responsáveis (talvez governantes, não sei?) não está a ser muito parecido ao desses tristes tempos? Não há desemprego? Não há miséria? Não há desespero? Não há, desgraçadamente, necessidade de ir por aí além, em busca de pão e de melhores condições de vida?
As respostas são tão evidentes que nem as devo dar. Quem tiver olhos que veja!...
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