sexta-feira, agosto 31, 2007

Fado não é a minha canção

Os portugueses dizem que o Fado é a Canção Nacional, tal como o Tango será a da Argentina, no que não estou, nem posso estar de acordo.

Alguém cheio de nostalgia e de uma certa depressão causada pela saudade, pode ter ânimo para realizar seja o que seja?

Por mim e pelo que dizem os compêndios, é bem claro que não!

Então como foi possível um povo deprimido – segundo as letras e a música do fado – «dar novos mundos ao Mundo»?

É um contra-senso de tal modo paradoxal que custa mesmo muito a aceitar, é como sermos condenados a tomar cicuta.

Em que ficamos?!

Somos um povo de heróis ou somos uma Nação de «vencidos da Vida» a chorarem mágoas suas e de seus passados?

Que raio, eu não quero ser assim!!!

Prefiro a alegria de um Corridinho, de um Vira e de uma Chula!...

segunda-feira, agosto 27, 2007

Justificações

O Amor e Deus, não se explicam, sentem-se!

Para quê cansarmo-nos em busca de justificações filosóficas, científicas e outras para aquilo que não temos forma de justificar?

O amor e Deus só existem se nós os sentirmos no nosso espírito e no nosso coração. Se assim for eles são e estão. De contrário, nada há para buscar. Certezas, ninguém tem para afirmar ou infirmar seja o que for sobre isso. O homem, em tais matérias, é, por demais, falível e bronco.

Por isso, só o sentimento existe e tem força. Tudo o resto é retórica balofa, é tese de teólogo de vão de escada, sem verdade, nem valor!

E, tenhamos disso consciência, não é preciso esfolar os joelhos na pedra rija dos templos para termos Deus dentro de nós; nem, muito menos, armados em românticos Casanova, gastarmos, por dá cá aquela palha, nosso talento em teatrais exibições de afecto, para entregarmos e recebermos amor.

Esses sentimentos, se os sentimos, só por si, dão os seus frutos, não precisam de sinais exteriores, nem de longas e exaustivas teses justificativas para que existam.

Cremos porque cremos. Amamos porque amamos. Tudo o resto vem, naturalmente, por acréscimo!...

sábado, agosto 25, 2007

Dignidade

Dizia, muito bem, Michael J. Fox – in Saving Milly, em citação de Morton Kondrake (Public Affair) que «a dignidade de um indivíduo pode ser atacada, vandalizada, espezinhada, cruelmente ridicularizada, todavia não pode ser-lhe roubada, a não ser que a ela renuncie.»

E a questão principal, digo mesmo, fundamental está na renúncia. Há, algumas vezes, factos ou motivos que levam a que o indivíduo, em desespero de causa, como soa dizer-se, acaba, triste e lamentavelmente, por quebrar os marcos morais em que foi educado e o norteiam e perde, num repente, todo o sentido da salvaguarda da sua dignidade.

Uma pessoa com fome e sem meios para se sustentar, por certo, mesmo hesitando muito, é capaz de roubar; um pai ou mãe, para defender a sua cria, é capaz de matar um seu semelhante; etc., etc., etc., os casos a citar poderiam ser tantos, tantos…

.A dignidade é um bem precioso que deve ser guardado em cofre “fechado a sete chaves”, para que não corra o risco de se perder e, por assalto inesperado com gazua ou pé-de-cabra, nos ser, ainda que aparentemente, retirada.

Penso (posso estar errado) que ninguém deixa, por gosto, violar o selo, mas, somente, porque a tal o forçam as circunstâncias de um dado momento.

Quando assim sucede, a dor é incomensurável, é certo! Não é, porém, irremediável, pois existe sempre a possibilidade de se “emendar a mão” e recuperar o perdido.

É – como disse Cristo a propósito do pecado, «setenta vezes sete vezes» – possível recuperar aquilo a que, momentaneamente, num desespero ou numa loucura, se renunciou. Tenha-se para tal, a necessária vontade e coragem!

sexta-feira, agosto 24, 2007

Caridade

O Apóstolo Paulo fala, nas suas cartas, de caridade. E diz, quase como o Dalai Lama, que caridade é sentir compaixão pelo nosso próximo e, de todas as formas, procurar minimizar-lhe o sofrimento seja ele qual for.

Pois é!... Só que há quem pense – em nossos dias e também houve no passado – que caridade é dar esmolinha aos que a pedem e… pronto, está cumprida a obrigação de solidariedade que cabe a cada um!

Bela maneira de descartar responsabilidades e, por outras palavras, de «sacudir a água do capote»!

Os (maus) governantes do Mundo ainda cuidam que com indemnizações ficam sanados os estragos físicos e morais causados pelas guerras por eles ateadas. Esquecem-se (os pobres loucos) que, para a dor das perdas de pessoas e de valores que norteavam ou norteiam as vítimas, não existe indemnização com força para repor a normalidade.

E os afectos perdidos, quem e como se compensam? E as humilhações sofridas, quem e como se aliviam?

Esquecem-se esses péssimos mandadores que a melhor e maior compensação para tais males, era ter sabido resolver as coisas sem nunca recorrerem à violência da guerra.

A violência – digo eu – mata todo o conceito de caridade, que o mesmo é dizer, de Amor! Quem ama não guerreia, entende e entende-se com os outros, na verdade e na paz!

quarta-feira, agosto 22, 2007

Oração

Um dia, numa capela, da Cidade de Viseu, vi um homem, de pé em atitude de profunda oração. Era velho. Vestia com a sobriedade e decência de uma pessoa que parecia de bem. E tinha o porte bonito e simpático de quem, muito provavelmente, na juventude; praticou uma qualquer actividade directiva.

Mantive-me no espaço sagrado todo o tempo em que o homem lá esteve. Saí quando ele saiu. No exterior, dirigiu-se a mim e com uma história muito breve, mas comovedora, pediu-me que lhe desse algo com que pudesse tornar à sua terra, algures no Douro.

Viera a Viseu para acompanhar a sua única irmã à derradeira morada. Investira quanto tinha nessa viagem e estava sem dinheiro para o regresso e para se alimentar. Acreditei. Dei-lhe quanto ganhara nesse dia, como guia/interprete, com os turistas franceses a quem mostrara a minha «antiqua et nobilíssima» cidade.

O homem agradeceu e pediu-me o endereço para que me enviasse um postal da terra dele. Entretanto, perguntei-lhe se estivera a orar pela alma da querida irmã.

- Não! Eu não sei rezar! Nunca ninguém me ensinou! – Respondeu peremptoriamente e prosseguiu: – Estive a ralhar com Deus por Ele ter levado a minha mana, muito mais nova e muito melhor pessoa do que eu, além de que já sou velho e sem préstimo para nada, nem para ninguém. Pedi-lhe: Pá, leva-me agora a mim que vivo em total solidão e sem recursos para ter um mínimo de humana dignidade.

Espantei-me com tal fé. Um homem que dizia não saber rezar dava-me a maior lição sobre o que é, realmente, orar.

Orar não é debitar, da boca para fora, um chorrilho de formulas religiosas, decoradas na infância, quantas vezes à custa de umas bravas bofetadas e puxões de orelhas.

Orar é, sim, falar com Deus: dizer-lhe das nossas angústias (que Ele bem conhece), das nossas ansiedades, dos nossos sonhos e… para aliviarmos nossa dor, é zangarmo-nos e ralharmos muito, por nos ter largado a mão quando mais necessitávamos da sua ajuda efectiva.

É dizermos, como Cristo no Monte das Oliveiras: «Pai, por que me abandonaste? Afasta, de mim, este cálice!» E é, depois, com grande humildade e crença ilimitada – reconhecendo a nossa ignorância perante os Seus desígnios –, emendarmos a nossa atitude arrogante e, num brado sincero e sentido, termos coragem para dizer: «Faça-se, em mim, somente a Tua vontade!»

terça-feira, agosto 21, 2007

Que fizemos em 500 anos?

Ao olhar para a pobreza vigente nas ex-colónias portuguesas, invade-me uma imensa tristeza. Dói-me ver um chão úbere, um subsolo riquíssimo e um povo ávido de conhecimento e generoso na sua entrega à luta pela subsistência, tacteando na procura de uma saída para a desgraçada miséria em que ficaram após a retirada dos colonizadores.

Nós (portugueses) que – segundo Camões e, mais recentemente, Agostinho da Silva – «demos novos Mundos ao Mundo», em quinhentos anos de subjugação, não fomos capazes (ou não nos convinha) de ensinar aquela gente a pescar em vez de lhe mostrar o peixe que não pousava nunca nas escudelas, para que aconchegassem seus esvaziados estômagos.

«Heróis do mar, nação valente...» Qual quê? Qual carapuça!...

Nação falhada. Falhada, sim, nas colónias e falhada no seu próprio território, onde, triste e lamentavelmente, vivemos – rectifico –, sobrevivemos na cauda de uma Europa, ainda que doente, com bem melhores condições do que aquelas que, por cá, temos.

Será que não temos cérebros de qualidade? Claro que os temos, mas, porque a mediocridade é maioritária, têm de buscar o sucesso no exterior, onde a inveja os não acabrunhe e destrua.

Que mais dizer?...

sábado, agosto 18, 2007

Filho és, Pai serás, como fizeres assim acharás!

Contava um livro da minha Instrução Primária que um filho carregou seu velho pai e o levou à Serra, para que morresse sem afectar a família.

Depois de o ter pousado e acomodado, o filho entregou um cobertor ao velho para que a sua morte, na solidão, fosse mais aconchegada.

Ao receber a oferta o pai tirou dum bolso uma navalha que toda a vida o acompanhara e cortando o cobertor ao meio, entregou uma das metades ao filho, dizendo:

– «Toma, isto é para quando o teu filho te vier trazer a Serra, se não for tão bom como tu, tenhas um pouco de agasalho ao morreres.»

Nossos pais e nossos sogros tiveram a gloriosa dádiva de morrerem, tranquila e aconchegadamente, no seio da família que os amava.

E nós, os velhos de hoje e de amanhã – muito provavelmente internados num Lar de Idosos –, será que, ao menos, vamos ter metade de um cobertor que nos dê um pouco de conforto moral e agasalho físico?...

Que tempo e que vida estamos a construir e a viver!...

sexta-feira, agosto 17, 2007

Considerações avulsas

A passagem de uma pessoa, seja ela quem for, por este planeta é feita de uma sucessão rítmica de momentos altos e de outros de menor elevação.

Esse virar constante de página no livro em que se apontam os passos bons e maus de cada indivíduo, tem nome, chama-se Vida. E só o facto de vivermos é já, em si, um verdadeiro acto heróico. Pois nos obriga, desde criança, a um enorme esforço de atenção e observação para que não nos precipitemos nos abismos que, a cada instante, se nos apresentam.

Contudo a ganância do Ter e do Ser, qual monstro sempre de goela aberta para nos devorar, faz-nos baixar a guarda e, sem nos apercebermos, quando menos esperamos estamos tombados no lodo da destruição e ou da descrença própria e alheia.

Ninguém é imune e impune a tal desgraça, porque ela é regida por uma lei cega e insensível a que não se escapa se nos tivermos deixado cair, consciente ou inadvertidamente, nela.

Os que exercem a política são, naturalmente, quem fica e está mais exposto às permanentes preia-mares e baixa-mares da existência humana.

Dirão que é o destino.

Sem pretender querer contradizer quem crê nisso, direi, todavia, que o Destino, tal como Deus, está em nós e somos nós que temos o dever de o amar e de o construir segundo a segundo, com persistência, mas, sobretudo, com alegria e sempre, sempre tendo em vista o nosso bem, já que só assim seremos capazes de, como preconizou Buda e, também, Cristo «amar e ajudar o próximo» e, desse modo, simples e sublime, sermos, autenticamente, servidores, úteis e conscientes, da polis

quarta-feira, agosto 15, 2007

Feira de S. Mateus de Viseu

Quando era menino sonhava com ela, pela magia da garridice das cores e pela descoberta de coisas novas. Quando era rapazote e andava a estudar ansiava por ela, para ganhar uns escudos a desenhar e a orientar a decoração de alguns stands. Depois; já casado, tornei a ganhar algumas notitas de mil a desenhar e a pintar cartazes, anunciando os eventos diários que nela aconteciam, os quais eram colocados em pleno Rossio. Chegou a Revolução dos Cravos e fui trabalhar nela como membro executivo da sua Comissão Organizadora.

Agora estou velho e como já não presto, a ancestral Feira de S. Mateus de Viseu, a decorrer até 21 de Setembro, esqueceu-me e eu ando a ver se também arranjo coragem para a olvidar, o que não consigo, pois ela está-me nas veias e na alma.

Há coisas que, por mais que façamos, nos ficam a marcar a existência.

Será bom? Será mau? Não sei! Mas sei que são coisas muito nossas que nos marcam e se perpetuam, pelo menos enquanto gozarmos, em plenitude, do uso da razão.

domingo, agosto 12, 2007

Julgar e... Julgar

Dizia-me, há dias, um ilustre jurista que, muitíssimas vezes, os juízes, se viam forçados (é o termo) a ter de condenar, mesmo sabendo que a pessoa está, deveras inocente e é, verdadeiramente, incapaz de cometer seja que falta seja. Mas condena porque todas as provas documentais, os depoimentos das testemunhas, as alegações dos advogados e a própria lei assim o determinam.

Esta forma de actuação mostra que, nos nossos dias, já não há Juízes com a coragem e a argumentação de um Juiz de Barrelas («o tal das meias amarelas») que, contra todas as provas testemunhais e alegações, condenou um réu, acusado de ter assassinado um homem, a ser enforcado. Todavia, acrescentou ao veredicto, que «tal execução só se cumpriria dali a 100 anos, ficando o réu, até lá, em liberdade e com todo o direito de fazer, plenamente, a sua vida como qualquer outro cidadão.»

Que mundo é este, Santo Deus!...

sexta-feira, agosto 10, 2007

Gest~~ao Museulógica

Em “O Homem que matou o Diabo”, Aquilino Ribeiro refere o Capitão Almeida Moreira como um “ladrão de obras de Arte”.

Sabe-se, hoje, que as coisas não foram bem assim e, por isso, Almeida Moreira, é digno de louvor e glória, pois fundou um dos mais importantes Museus do país – Museu de Grão Vasco – pelo seu rico e valioso acervo artístico e cultural.

Vem isto a propósito de uma nota do Sr. Telmo Vieira, publicada do J.N. de 6/8, em que, em P.S., lamenta que grande parte do acervo do museu de Viseu não esteja (permanentemente) exposto.

Existem regras e critérios para este tipo de exposição, as quais devem ser, escrupulosamente, seguidas, para que o museu cumpra, cabalmente, como lhe compete, uma autêntica função didáctica/pedagógica.

No riquíssimo espólio do Museu Grão Vasco de Viseu, também eu estou representado, no entanto de nada me queixo, pois sei que, quando morrer e evocarem a minha pessoa e a minha obra, o meu (modestíssimo) trabalho será exposto devidamente restaurado e conservado, nem que seja temporariamente. E isso já eu considero (super) óptimo, atendendo à minha insignificância como artista plástico, que, se o sou, o devo (pelas minhas grandes limitações motoras) à ajuda de minha – sempre atenta, prestimosa e sublime – esposa e ao pintor, de saudosa memória, Rolando de Oliveira que me incentivou e lançou, na juventude, em tão importantes lides.

Os museus, regra geral, expõem, apenas, um terço do seu acervo uma vez que os espaços têm de ser sabiamente geridos. Há que deixar bastante ar entre as peças por forma a que o visitante, recuando, para ter uma observação mais global, não corra o risco de tropeçar ou de colocar outro objecto no seu ângulo visual Não é, de modo algum, pedagógico encavalitar obras numa exposição. Quando assim sucede, é como se estivéssemos na casa de um “novo-rico” onde se torna bem difícil circular, porque, ao fazê-lo, nos arriscamos a derrubar um qualquer traste.

A gestão de qualquer museu exige muita dedicação e muita sensibilidade e, sobretudo, saber “estar aberto” a todas as críticas (boas e más) que sejam dirigidas a quem tem essa responsabilidade. Por isso digo – com muita consideração e respeito pela liberdade de pensamento e expressão que sempre prezei e ainda prezo –: estou de acordo com o contexto da nota publicada no J.N., excepto, como se deduz pelas afirmações anteriores, no que concerne ao Post-Scriptum do Sr. Telmo Vieira.

segunda-feira, agosto 06, 2007

Sonhar é fácil

Li, hoje, um trabalho sobre o Professor Agostinho da Silva e achei interessante ele alvitrar, como forma para resolver as crises em Portugal e no Mundo, um sistema monárquico parecido com o português até a D. João I, muito especialmente tendo como referencia o rei D. Dinis e a Rainha D. Isabel, de quem era fã.

E especificava dizendo que um Municipalismo Monárquico (ou Monarquia Municipalista) seria o ideal. Pois estaríamos dando mérito ao Povo na gestão do Concelho e, de certo modo, a descentralizar o poder.

Segundo aquele ilustre filósofo iríamos ganhar (permitam-me a expressão) “poder democrático” e, ao mesmo tempo, um forte sentido espiritual de vida e/ou (traduzo eu) de vivência humana.

Só que já não estamos na Idade Média e o feudalismo já foi!... Ele anda, para aí, tanta sede de poder que a corrupção se tornou no “pão-nosso de cada dia”…

Não é assim?!... Não sei, mas (confessando toda a minha atávica ignorância) não levo a mal a quem sabe e a quem apoia esses monárquicos princípios.

Estou aberto às mudanças, no entanto, dada a minha já “provectas” idade, não as verei se elas vierem, alguma vez, a ocorrer.

Viva a utopia! Viva o sonho!

sábado, agosto 04, 2007

Surdez mental

Ontem era. Hoje é. Mas há ainda quem se não tenha apercebido de que, a cada instante, avançamos, assustadoramente, para a incerteza do futuro.

Eis uma tirada verbal, autenticamente, bem digna do Sr. De La Palisse, pela sua trivialidade e irreversível e incontestável previsibilidade.

Porém, a mais das vezes, essas verdades incontestáveis arrastam, na sua trajectória, acontecimentos que acabam por magoar quem deles é vítima activa ou passivamente. As conjunturas sociais, económicas, políticas, morais, religiosas e outras são sempre fruto do bom ou do mau comportamento ou, ainda, do pensar humano.

Ninguém vai querer – digo eu – assumir aquilo que não desejava que viesse (pudesse vir) a acontecer. Pois a dimensão mental das pessoas é um tanto fechada e, por isso, a tendência é (só) ouvirmo-nos a nós e rejeitar o dizer dos outros.

A capacidade intelectual de audição do que nos é dito é, na maioria dos casos, imensamente, restringida pelo nosso querer. O que pensamos e o que pretendemos é que está correcto, o que nos dizem é, para nós, duvidoso. E não escutamos, nem fazemos o mínimo esforço no sentido de nos abrirmos à inteligência do nosso interlocutor.

Tal fenómeno de surdez mental é (bem) mais evidente em indivíduos que liderem algo. Por arrogância do cargo tornam-se impermeáveis às ideias e ao sofrimento alheio e, voluntária ou involuntariamente, atropelam e marginalizam o semelhante, quantas vezes, por motivos fúteis. Mesmo que o não sejam, tornam-se descriminativos e, desse modo, preconceituosos.

Falo disto por muita coisa, mas especialmente pelo hermetismo dos líderes governamentais que se mostram avessos à audição dos outros líderes partidários e, sobretudo, do povo que sente na carne e na alma a dor causada por tanta insensibilidade ao geral sofrimento popular.

E… mais não devo dizer!

quinta-feira, agosto 02, 2007

,Maldade, só maldade

Meu avô materno, apresar de ser homem de poucas letras, não deixava de ser um sábio quando me ensinava – ele fazia-o, carinhosamente, a propósito de tantas coisas da vida –, com toda a certeza e convicção, que «os homens por inveja e por cobiça se tornam tão maus para com o semelhante que não têm pejo em o amesquinhar e, até, destruí-lo.» Por isso, prosseguia ele: «quando fizeres algo que outros ainda não fizeram ou, simplesmente, não se lembraram de realizar toma todas as cautelas para que ninguém te apedreje na praça pública.»

Lembrei-me disto a pretexto de coisas (muito) pessoais, mas sobretudo por o Inquérito à licenciatura do Primeiro-Ministro ter sido mandado arquivo, pois os documentos que lhe eram ou são inerentes foram, comprovadamente, dados como autênticos, sem quaisquer margens para dúvidas.

É triste, é bem triste que as pessoas, muito especialmente os políticos, sejam assim!...

Desdenham, fazem piadas de mau gosto, conta anedotas achincalhantes e sei lá que mais…

No fim de tudo, é lícito perguntar: qual é o prazer que pode existir em amesquinhar e destruir alguém?