sexta-feira, agosto 10, 2007

Gest~~ao Museulógica

Em “O Homem que matou o Diabo”, Aquilino Ribeiro refere o Capitão Almeida Moreira como um “ladrão de obras de Arte”.

Sabe-se, hoje, que as coisas não foram bem assim e, por isso, Almeida Moreira, é digno de louvor e glória, pois fundou um dos mais importantes Museus do país – Museu de Grão Vasco – pelo seu rico e valioso acervo artístico e cultural.

Vem isto a propósito de uma nota do Sr. Telmo Vieira, publicada do J.N. de 6/8, em que, em P.S., lamenta que grande parte do acervo do museu de Viseu não esteja (permanentemente) exposto.

Existem regras e critérios para este tipo de exposição, as quais devem ser, escrupulosamente, seguidas, para que o museu cumpra, cabalmente, como lhe compete, uma autêntica função didáctica/pedagógica.

No riquíssimo espólio do Museu Grão Vasco de Viseu, também eu estou representado, no entanto de nada me queixo, pois sei que, quando morrer e evocarem a minha pessoa e a minha obra, o meu (modestíssimo) trabalho será exposto devidamente restaurado e conservado, nem que seja temporariamente. E isso já eu considero (super) óptimo, atendendo à minha insignificância como artista plástico, que, se o sou, o devo (pelas minhas grandes limitações motoras) à ajuda de minha – sempre atenta, prestimosa e sublime – esposa e ao pintor, de saudosa memória, Rolando de Oliveira que me incentivou e lançou, na juventude, em tão importantes lides.

Os museus, regra geral, expõem, apenas, um terço do seu acervo uma vez que os espaços têm de ser sabiamente geridos. Há que deixar bastante ar entre as peças por forma a que o visitante, recuando, para ter uma observação mais global, não corra o risco de tropeçar ou de colocar outro objecto no seu ângulo visual Não é, de modo algum, pedagógico encavalitar obras numa exposição. Quando assim sucede, é como se estivéssemos na casa de um “novo-rico” onde se torna bem difícil circular, porque, ao fazê-lo, nos arriscamos a derrubar um qualquer traste.

A gestão de qualquer museu exige muita dedicação e muita sensibilidade e, sobretudo, saber “estar aberto” a todas as críticas (boas e más) que sejam dirigidas a quem tem essa responsabilidade. Por isso digo – com muita consideração e respeito pela liberdade de pensamento e expressão que sempre prezei e ainda prezo –: estou de acordo com o contexto da nota publicada no J.N., excepto, como se deduz pelas afirmações anteriores, no que concerne ao Post-Scriptum do Sr. Telmo Vieira.

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