Ontem era. Hoje é. Mas há ainda quem se não tenha apercebido de que, a cada instante, avançamos, assustadoramente, para a incerteza do futuro.
Eis uma tirada verbal, autenticamente, bem digna do Sr. De La Palisse, pela sua trivialidade e irreversível e incontestável previsibilidade.
Porém, a mais das vezes, essas verdades incontestáveis arrastam, na sua trajectória, acontecimentos que acabam por magoar quem deles é vítima activa ou passivamente. As conjunturas sociais, económicas, políticas, morais, religiosas e outras são sempre fruto do bom ou do mau comportamento ou, ainda, do pensar humano.
Ninguém vai querer – digo eu – assumir aquilo que não desejava que viesse (pudesse vir) a acontecer. Pois a dimensão mental das pessoas é um tanto fechada e, por isso, a tendência é (só) ouvirmo-nos a nós e rejeitar o dizer dos outros.
A capacidade intelectual de audição do que nos é dito é, na maioria dos casos, imensamente, restringida pelo nosso querer. O que pensamos e o que pretendemos é que está correcto, o que nos dizem é, para nós, duvidoso. E não escutamos, nem fazemos o mínimo esforço no sentido de nos abrirmos à inteligência do nosso interlocutor.
Tal fenómeno de surdez mental é (bem) mais evidente em indivíduos que liderem algo. Por arrogância do cargo tornam-se impermeáveis às ideias e ao sofrimento alheio e, voluntária ou involuntariamente, atropelam e marginalizam o semelhante, quantas vezes, por motivos fúteis. Mesmo que o não sejam, tornam-se descriminativos e, desse modo, preconceituosos.
Falo disto por muita coisa, mas especialmente pelo hermetismo dos líderes governamentais que se mostram avessos à audição dos outros líderes partidários e, sobretudo, do povo que sente na carne e na alma a dor causada por tanta insensibilidade ao geral sofrimento popular.
E… mais não devo dizer!
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