sábado, dezembro 25, 2010

Desejos de Fim de ano


O Nosso planeta está a muito poucas horas de terminar mais uma elíptica translação em torno do Sol, para, de seguida, iniciar nova translação, no girar constante e (quase) infinito da galáxia (Via láctea) a que pertencemos, pelo incomensurável Cosmo.

Este facto natural da vida dos Mundos, está, este ano, a causar, aos terráqueos, uns tantos medos e preocupações. Milhões de pessoas estão assustadas com as restrições económicas e sociais que vão ter de enfrentar e resolver para sobreviverem com um mínimo de dignidade e um pouco de bem-estar.

Um monge budista decide fazer a sua quarentena meditativa, num lugar recôndito e tranquilo da floresta e, mesmo sabendo que a jornada será longa, penosa e eivada de perigos, vai cheio de fé e esperança, certo de que o seu Eu beneficiará com esse período de introspectiva contemplação.

Mas, infelizmente, cada um de nós não tem essa sublime esperança, nem essa férrea fé transcendental, e, à beira do pânico, vamos entrar em 2011 com o coração apertadinho, todavia prenhe de desejos já formulados ou a formular, sem vislumbrar certezas, (sequer) imaginadas, de dias melhores e vai, simplesmente seguindo adiante, como o Monge perante os imensos escolhos topados nas veredas da floresta.

Por isso, digo, num desejo trivial e mui sincero:

Próspero e Feliz Ano Novo!

sexta-feira, dezembro 24, 2010

o Amor e o Natal

«Tens de tocar no fundo, então dás uma pézada e sobes à superfície de novo. As crises são boas, são a única forma de crescer e de mudar.» – Diz Isabel Allende, cheia de razão, no seu romance “O Plano Infinito.”

Será que a crise económica e, também, de valores que estamos a viver em Portugal nos está a fazer “crescer e mudar”, tornando-nos melhores?

Cá por mim, acredito que sim, pois – como dizia meu avô materno – «os pontapés que a vida nos dá têm sempre a vantagem de nos abrir os olhos para a realidade das coisas.»

È evidente que tudo isso nos faz sofrer e dói… Oh! Se dói!...

A Humanidade precisa, em certas ocasiões de ser abanada para despertar dos erros em que chafurda, com frequência, afim de que medite e mude de rumo, caminhando para a humildade e a dignificação de todos os seus membros.

«Já dominamos a energia do vento, dos mares, do Sol. Mas no dia em que o homem for capaz de controlar e usar a energia do amor, será algo tão importante como a descoberta do fogo, (…) pois o mundo em que a humanidade se movimenta está envolvido numa espessa camada de amor.» – Afirmou Teilhard de Chardin.

O Amor é algo que, ao longo dos séculos, Jesus Cristo, Buda e outros sublimes doutrinadores nos ensinaram e nos deixaram, qual remédio infalível, para curar todas as crises deste Mundo.

Pensemos nisto, muito seriamente, neste Natal e, de acordo com as forças e meios de cada um, transformemos nosso viver em sinceras emanações de Amor.

Boas Festas para todos!!!

terça-feira, dezembro 21, 2010

Natal e solidariedade

Pelo Natal é costume haverem refeições quentes e outros mimos para quem (realmente) tem carência de bens e, também, de afectos e isso é bom, muito bom mesmo e é, evidentemente, de louvar.

Mas…? As pessoas precisam não só pelo Natal e/ou em épocas festivas. Quem necessita, necessita sempre! E depois? Depois, a mais das vezes, (salvo raras excepções que as há) ninguém conhece ninguém. È um pouco, de certa forma, como a parábola do “Bom Samaritano”, contada por Cristo: todos passam pelo necessitado e vão adiante, sem remorsos e sem escrúpulos, e só o Samaritano, um estrangeiro, tem piedade daquele infeliz carente de socorro.

Há instituições para o efeito – dizem descaradamente – e quedam-se, impávidos e serenos, deixando aos outros a incumbência de serem solidários com o”próximo” que não conhecem e, por isso – afirmam – não têm obrigação nenhuma de prestar auxílio.

- Ó meu Deus, que Mundo este, a precisar de uma boa vassourada!... Há, por aí, tanto lixo!!!...

segunda-feira, dezembro 20, 2010

Coisas do (mau) trânsito

Quem circula, a pé ou de automóvel, pela(s) cidade(s) usando os sentidos para desfrutar o ambiente, por certo, não fica indiferente à forma, de velocidade excessiva, como, infelizmente, muitos condutores transitam, provocando sustos e arrepios aos peões e aos outros utentes da via pública.

Com tanta falta de civismo – digo: de responsabilidade – é, entretanto, surpreendente como não há ainda mais acidentes e vítimas nas estradas. Mas, se tal não sucede, isso fica a dever-se aos outros, aos condutores conscientes e hábeis, que têm competência para escapar a tanta irreflexão e falta de respeito pela vida do semelhante e, até, pela própria.

Ao que nos é dado observar, no que concerne à circulação nas rotundas é triste ter de o dizer, pois mais de 70% dos encartados não sabe como rodá-las correctamente. E não sabe, sequer, aproximar-se delas, reduzindo, como mandam as regras, a velocidade.

A estrada, na(s) cidade(s), parece uma selva, onde se “anda sobre toda a folha”, a bel-prazer da inconsciência de cada um.

Quando alguém – como eu, agora – chama a atenção para o facto logo é insultado com palavras de mau jaez ou, no mínimo, é chamado de “bota-de-elástico”, que nunca usou.

Que Mundo este em que vivemos?!...

sexta-feira, dezembro 17, 2010

Sobre... os amigos

«Os amigos conhecem-se quando estamos na cadeia e no Hospital» – Diz uma velha asserção portuguesa. Pois eu digo ou acrescento: «E, sobretudo, quando estamos em situações de grande carência material e/ou psicológica.»

«Amigo certo na hora certa» – afirmavam, sabiamente, os romanos no seu tempo de alargamento territorial do Império que criaram.

De facto assim é! Mas… qual é a hora certa?

Pois eu vo-lo digo: é agora!

Agora, quando milhares (senão milhões) de pessoas vivem à míngua de pão, roupa, abrigo, saúde e… afecto.

E nós, mesmo não sendo ricos, temos o dever – se somos amigos – de, por todos os meios, procurarmos minimizar tão lamentável e triste situação, através das nossas dádivas materiais e, vincadamente, afectivas de compreensão, carinho, numa palavra, de Amor. Pois a dádiva sem amor – ensinou-o o apóstolo Paulo – não é caridade e, por isso, não agrada a Deus, já que é só (e nada mais) ostentação.

Infelizmente há muito quem dê, por exibicionismo, para criar uma boa imagem e daí, mais cedo ou mais tarde, vir a tirar um qualquer proveito. Essas pessoas fazem lembrar os políticos, em hora eleitoral: são todos muito bons e dadivosos, todavia, quando alcançam o poder, esquecem as promessas feitas e esquecem as necessidades vitais do Povo que os colocou “no poleiro”, através do voto.

Isto foi mais um dos meus gritos de revolta e de alerta. Julguem-no e julguem-me como quiserem!...

quarta-feira, dezembro 15, 2010

A “Guerra-fria” dos nossos dias

O Mundo viveu já um largo período de medo perante a eminente proclamação de um arreganhar de fauces entre americanos e soviéticos, cada qual “armado até aos dentes”. Foi o chamado período de “Guerra-fria”, em que, se alguém fizesse uma cara feia, por isto ou por aquilo, o medo estava instalado e deprimia a política das nações.

Era um estado de nervoso miudinho e constante que condicionava de forma doentia o comportamento dos políticos deste Mundo. Não sei se era (ou foi) bom, mas o que sei é que muita coisa que devia ter sido feita o não foi e, por mor disso, não passou de mais um mero sonho por realizar. No fundo, essa Guerra-fria foi a causa (indirecta) da “crise global” que hoje vivemos, pois possibilitou o aparecimento dum capitalismo especulativo e consumista que acabou por ser o motor das fraudes económicas que nos lançaram na desgraça.

A “Guerra-fria” é sempre criadora de medo, de dúvida e instabilidade. É, analise-se com atenção, o que, neste instante, está a acontecer devido ao mais que badalado caso “Wikileaks”.

A dúvida e a confusão assentaram arraiais, entre as políticas e os políticos. Ninguém, nem nada, está (nem se sente) seguro. Começa a vislumbrar-se, entre toda a confusão, um certo caos que deixa de o ser para passar a uma verdadeira pandemia terrorista com diagnóstico certo, mas de terapia (ainda) desconhecida. Os políticos e as instituições estão, psicologicamente, em estado de pânico: os cargos e as funções estão em risco; a credibilidade de cada um cai por terra a todo o instante; já não se acredita em ninguém. Este estado de alma é autenticamente uma vivência terrorista e é, sobretudo, o início de uma “guerra” cujas fórmula e consequências são, de todo, imprevisíveis.

Estaremos, com isto e por isto, a entrar em novos caminhos, com novas mentalidades e novas maneiras de Ser e de Estar?

Talvez. Veremos!...

segunda-feira, dezembro 13, 2010

Perda patrimonial - um mal do nosso Tempo

Um destes dias, atravessei a Rua João Mendes, em Viseu (mais conhecida por Rua das Bocas), e verifiquei, com profunda tristeza que alguns dos seus ícones identificativos ou estão em avançado estado de degradação ou, simplesmente, já não existem.

È o caso da “Casa das Gárgulas” (bocas, como diz o povo), cujo risco de desaparecer é tão evidente que até já não tem telhado, pois este colapsou numa fragorosa derrocada, e de uns outros casarão uns metros a seguir que também apresentam fortes e preocupantes sinais de virem a ruir.

Outrossim, é de referir o desaparecimento da maior e, possivelmente, mais velha nogueira do Mundo, situada, quase, ao fundo da rua do lado esquerdo. Não sei se a nogueira morreu de velhice, se foi vítima do malquerer de alguém que procedeu ao seu abate.

Há tantos anos que se fala no restauro daquela típica rua citadina, mas, infeliz e desgraçadamente, nada sucede e, desse modo, se vai perdendo um património cultural/arquitectónico que fez parte e foi nosso orgulho num passado urbano muito recente.

Onde paira o timbre viseense que o prende à História, como forma de avançar para um Futuro melhor?

sexta-feira, dezembro 10, 2010

RECORDAÇÕES...

Na caixa das nossas recordações há coisas que, de vez em quando, vêm ao de cima e nos emocionam e outras que nos revoltam e causam dor. Mas vida é assim, feita de altos e baixos, de brilho e de escuridão.

Quem viveu o fim da II Guerra Mundial sabe bem o quão era difícil subsistir em Portugal e (também) no Mundo. Havia fome, escassez de bens, desemprego e desigualdades sociais tremendas.

Nesse tempo a culpa de tal crise universal foi da Guerra, agora foi a avareza a ganância e a falta de escrúpulos dos “Senhores da Banca” e, tal como então, os governantes mentiam, mentiam despudoradamente. A falta de recursos alimentares era tão grave que havia “senhas de racionamento”, para se adquirirem os géneros que enganariam os estômagos famintos.

E o ditador de Santa Comba Dão – pasme-se – a enviar para Espanha vagões de mercadoria com enormes faixas que diziam, em letras garrafais: «Sobras de Portugal». Que imperdoável e grande mentira!

Verdade que os espanhóis tinham míngua, por mor da Guerra Civil e do despotismo de Franco. Todavia, por causa do «orgulhosamente só», nós não estávamos nada, mesmo nada, melhores e… no entanto, mostrava-se, ao Mundo, uma fartura completamente inexistente.

A História, de uma forma ou de outra, repete-se com gente de igual soez. Quem quiser, entenda!...

quinta-feira, dezembro 09, 2010

Poeta - buscador de amanhã

O Poeta é como o vinho, | Refina quando envelhece. | É ave que não tem ninho, | Mas que nunca esmorece.

Seu canto deixa-o sozinho, | Mas não murcha, nem fenece, | – Qual roseira do caminho – | Em pouca terra floresce.

Ao Poeta não lhe basta | Cantar palavras com rima, | Nem com sons duma vergasta. |

Para ele está tudo acima | No seu ver e seu sentir, | Pois só procura o Porvir.

2010-11-18

(In “O Pássaro, o Estro e Eu” deste autor)

terça-feira, dezembro 07, 2010

Má-educação ou falta de civismo

O Problema da falta de valores humanos e de cidadania faz com que muitas pessoas tenham comportamentos verdadeiramente de “bradar aos céus”, pela incongruência e má-educação reveladas nas suas quotidianas atitudes.

Além de outras (muitas outras, infeliz e lamentavelmente), refiro o caso do desrespeito dos automobilistas pelos sinais, verticais e de piso, de estacionamento condicionado a pessoas com deficiência.

Quantas vezes (mesmo com o dístico oficialmente homologado) me vejo, para não ter de pedir a intervenção policial, de ter de dar voltas e voltas em busca de um lugar para estacionar, porque o que me cabia, por Direito, está ocupado por quem não deve?

E; desgraçadamente, esta queixa não é só minha, centenas de pessoas com deficiência se lamentam do mesmo. E não são só os condutores jovens a ter tão inqualificável actuação, os pais deles também assim procedem.

Falta de civismo e – repugna-me ter de o demandar – de educação? Ou, simplesmente, carência pedagógica na sua formação como cidadão? E, para rematar, onde estão e o que fizeram (e/ou fazem) os formadores deste país onde o “desenrasque e o salve-se quem puder” é moeda em vigor?

As leis existem (lá isso existem), mas, por comodismo, bem poucos têm consciência e as cumprem devidamente.

Será necessário dizer algo mais?...

sábado, dezembro 04, 2010

Pasteis de Vouzela e Tentugal - em errata

No meu livro de lendas e tradições beirãs, intitulado “Dente de Cavalo”, afirmo que os Pasteis de Vouzela são originários do Convento de Santa Clara do Porto (de que só existem ruínas) e que os de Tentúgal seriam do Mosteiro da mesma ordem religiosa, mas de Coimbra.

Aquela afirmação – soube-o, ontem – não sendo falsa, exige, entretanto, uma correcção, já que os Pasteis de Tentúgal, têm receita cedida á população pelas freiras do Convento da Natividade, ali existente.

Outro sim, diga-se também que a receita deste tipo de pastéis fora criada, pelas beneméritas senhoras religiosas desses conventos, como forma de obviar aos muitos doentes atingidos pela tísica (tuberculose), flagelo desses tempos de muita fome e miséria.

A rectificação aqui fica para que a verdade histórica seja reposta como é de direito e dever de quem não quer falhar de forma consciente e deliberada.

sexta-feira, dezembro 03, 2010

Ruínas citadinas - coisa do nosso tempo

Atravesso a cidade muitas vezes só para dar movimento ao corpo e quebrar o sedentarismo em que vivo, frente ao computador onde boto as minhas patacoadas mentais, quer em verso, quer de texto corrido: crónicas, contos, histórias romanceadas, tudo.

Nesses passeios, “estica pernas”, vou observando as modificações, normais, que vão ocorrendo em cada rua e em cada praça, bem como nas próprias casas e quedo-me triste ao ver que, talvez em nome do periferismo, a urbe central (ou nuclear) está a cada dia mais deserta e com mais prédios em degradação, senão mesmo a ameaçarem ruir a curto prazo. E já não falo do comércio que, hora a hora, vai fechando portas.

- Ó Viseu, da minha juventude, onde está o bulício de então?

Não se trata de nada de anormal, mas sim do evoluir da sociedade e dos tempos. – Afirme-se sem rebuço,

Por quê tal fenómeno?

Porque os responsáveis pelo desenvolvimento citadino (autarcas, empresários, cidadãos etc.) não foram capazes de ver a mudança radical do mundo e das coisas nos últimos trinta anos do século XX e não tiveram discernimento para acompanhar a modificação económica, social e mental da vida humana, agarrando-se, quais “velhos do Restelo”, a um tradicionalismo que não volta mais. Agora, sem nexo, chora-se o “leite derramado” e não se cuida de tomar medidas que dêem uso aos imensos baixos abandonados, tornando-os em apartamentos onde viva gente que torne a povoar uma cidade que precisa de população no seu cerne habitacional.

Já de outras vezes disse isto mesmo, no entanto, ninguém se mostrou disposto à mudança e a remediar o que de mal se fez.

Espero que as gerações mais jovens sejam capazes (se, entretanto, lhes derem oportunidade) de dar a volta a isto e tornarem o Futuro bem mais risonho.

quarta-feira, dezembro 01, 2010

A Neve e o Mito...

A neve é fria e dói, sobretudo quando o agasalho é escasso, mas enche-nos o olhar, porque transforma tudo em belíssimas esculturas do mais branco e fino mármore de Vila Viçosa.

Gosto de ver a neve através da janela do meu escritório confortavelmente aquecido, pois, desse modo, extasiou o olhar sem sentir a algidez que ataca o meu pobre e gasto esqueleto e me causa dores nada (mesmo nada) agradáveis.

Vi, pelos noticiários, que a neve já embelezou, com a sua alvura, vários pontos de Portugal, mas eu ainda a não vi da janela do meu escritório.

Quando era criança, ouvi dizer à gente do Povo, em que eu estava inserido, que «ano de nevão é ano de pão», pois, segundo diziam, a neve contribuía para um profundo trabalho de desinfecção (desinfestação) dos campos com a morte das bichezas que atacam os agros quando se dá a rebentação das sementes, na Primavera. Não sei se é verdade, todavia faz sentido, lá isso faz.

Nesta vida há muita coisa a fazer sentido e que, depois, não passa de mais um (de muitos) mitos criados pelas Comunidades humanas no decorrer do Tempo.

Parece que o Homem, precisa de mitos, mesmo que esses mitos sejam figuras monstruosas em suas acções. Por exemplo, como é possível adular e desejar um morto que foi um verdadeiro “Anticristo”, em Portugal, no pensar e no proceder, chamado Salazar?

- Merda p’ara os mitos e para quem os cria!...