sexta-feira, dezembro 03, 2010

Ruínas citadinas - coisa do nosso tempo

Atravesso a cidade muitas vezes só para dar movimento ao corpo e quebrar o sedentarismo em que vivo, frente ao computador onde boto as minhas patacoadas mentais, quer em verso, quer de texto corrido: crónicas, contos, histórias romanceadas, tudo.

Nesses passeios, “estica pernas”, vou observando as modificações, normais, que vão ocorrendo em cada rua e em cada praça, bem como nas próprias casas e quedo-me triste ao ver que, talvez em nome do periferismo, a urbe central (ou nuclear) está a cada dia mais deserta e com mais prédios em degradação, senão mesmo a ameaçarem ruir a curto prazo. E já não falo do comércio que, hora a hora, vai fechando portas.

- Ó Viseu, da minha juventude, onde está o bulício de então?

Não se trata de nada de anormal, mas sim do evoluir da sociedade e dos tempos. – Afirme-se sem rebuço,

Por quê tal fenómeno?

Porque os responsáveis pelo desenvolvimento citadino (autarcas, empresários, cidadãos etc.) não foram capazes de ver a mudança radical do mundo e das coisas nos últimos trinta anos do século XX e não tiveram discernimento para acompanhar a modificação económica, social e mental da vida humana, agarrando-se, quais “velhos do Restelo”, a um tradicionalismo que não volta mais. Agora, sem nexo, chora-se o “leite derramado” e não se cuida de tomar medidas que dêem uso aos imensos baixos abandonados, tornando-os em apartamentos onde viva gente que torne a povoar uma cidade que precisa de população no seu cerne habitacional.

Já de outras vezes disse isto mesmo, no entanto, ninguém se mostrou disposto à mudança e a remediar o que de mal se fez.

Espero que as gerações mais jovens sejam capazes (se, entretanto, lhes derem oportunidade) de dar a volta a isto e tornarem o Futuro bem mais risonho.

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