quarta-feira, abril 30, 2008

É preciso, é urgente mudar

Embora seja muitíssimo raro (não tenho paciência para tal), ontem deu-me para andar na Internet a saltitar de blogue em blogue, qual borboleta num jardim florido, em busca nem eu sei de quê.

E quedei-me admirado, não com o conteúdo dos textos (bastante bem pobres uns, triviais alguns e óptimos muitos deles), mas com a beleza estética apresentada. Um mau prato de comida apresentado de forma atraente faz com que o comensal o ache produzido pela mão de grande mestre cozinheiro.

É claro que, confesso, senti alguma inveja de tanta beleza, pois eu – digo-o sem rebuço, nem complexo – em matéria de informática não passo de um ignorante ou de um mero aprendiz de feiticeiro que, entretanto, nunca virá a ser mestre no ofício.

Todavia, não me sinto inferiorizado por isso, pois me movem outros valores e capacidades que me enchem a alma e alegram o coração.

«Cada qual é para o que nasce» diz um aforismo português, ainda que não possa, de modo nenhum, concordar com ele, já que é dever de cada pessoa tudo fazer em prol da sua valorização profissional, cultural, artística, moral, numa palavra: humana. Se assim não fosse (pela minha deficiência, inibidora de muita coisa) eu nada seria nos dias que correm… Mas não! E sinto orgulho e (por que não dizê-lo, sem falsa humildade?) vaidade no que faço e nas lutas que travo, hora a hora, para ser, mental e individualmente, o que sou e como o sou.

O que quero dizer é: que é importante reconhecer os nossos pontos fracos e, sem preconceito ou complexo, ir avante na senda do presente para se atingir o futuro, construindo-o melhor pedra a pedra, na esperança de que o planeta em que (ainda) vivemos, possa regenerar de todos os erros que, contra ele, temos cometido e, lamentável e estupidamente, apesar dos avisos (alterações climáticas, extinção de espécies, etc.), continuamos a cometer.

É preciso, é urgente modificarmo-nos enriquecendo o cofre do nosso conhecimento mantendo-o, entretanto, sempre aberto para que os outros tirem, também, proveito dessa imensa riqueza.

segunda-feira, abril 28, 2008

Esperança para viver feliz

As coisas mudam em cada dia e nós – já o disse de outras vezes –, à medida que amadurecemos, vemos tudo de forma diferente do dia anterior, mas (falo por mim), embora saiba que nem tudo vai bem, ainda me resta um tudo nada de esperança, para acreditar que há-de chegar um tempo mais radioso do que o presente que vivemos, perpetuamente, em angústia e na incógnita da hora seguinte.

O povo diz que “a fé é que nos salva!” Não tenho a certeza da verdade de tal aforismo, contudo, num optimismo quase infantil, vou usando e abusando dessa teoria, pondo-a, de certa forma em prática. Neste ponto sou um tanto como os políticos que mesmo sabendo que vão perder eleições teimam em dizer que elas estão ganhas e que, por isso, farão isto e mais aquilo, enganando os papalvos que os apoiam e sentindo-se felizes.

Cá por mim, sigo em frente na esperança de dias melhores, mesmo sabendo, por estudo e por convicção humano/filosófica/esotérica, que tal só sucederá no tempo dos meus netos, pois, pela lógica da Natureza, já cá não estarei quando a “besta for amarrada por mil anos e houver, finalmente, um Novo Céu e uma Nova Terra.”

Por isso, enquanto por cá andar, vou pretender agarrar o Sol e a Lua com a força da minha inteligência e com o poder do meu corpo dolorido pelo frio de muitos Invernos de mau passadio e luta pela sobrevivência e vou, acreditem, sentir-me feliz, porque humildemente humano, respeitado e invejado (sem motivo) por muita gente.

E viva a Vida, mesmo que amanhã não haja sol e tudo esteja diferente!...

sexta-feira, abril 25, 2008

Lutas indignas de homens

Por que será que os homens são tão sequiosos de protagonismo e… (por que não dizer?) poder? É que – diga-se – quando surge ocasião, são “cem cães a um único osso”!...

Para mim, cidadão comum, estas corridas à liderança, carregadas de ambição e de recônditos objectivos, causam-me nojo e, de certo modo, vergonha por o ser humano descer, tantas vezes, a baixezas indignas da sua qualidade de animal superior.

Mas quem sou eu para julgar alguém?!...

Posso não ser nada nem ninguém, contudo sou um homem que vive e luta, com entusiasmo, pelos meus direitos e pelos dos que me rodeiam. Por isso, tenho direito a manifestar o que me vai na alma e no coração. E o que vejo, não só em Portugal, é horrivelmente confrangedor e doloroso.

Para se obter um “tacho” ou uma posição mais ensolarada, rebaixa-se o ou os adversário(s), espezinha-se a dignidade do oponente e sei lá que mais…

Fico triste diante deste panorama de homens guerreando verbalmente o seu semelhante por causa de um “lugar ao sol”, onde possam dar mais nas vistas e “ser alguém”.

Que fazer, neste caso? Será que mudamos o outro?

Creio bem que não. Mas, ao menos, grito a minha indignação e, se calhar, a minha loucura de querer que tudo e todos sejam perfeitos e que irradiem amor e paz na conturbação da vida e do mundo que passa por nós bem torto e distorcido na imagem que imprime na nossa retina.

Sinto-me impotente neste caso e… portanto, vou adiante!...

quarta-feira, abril 23, 2008

As mulheres e a desigualdade

Ana Ramon comentou sobre a “Caixa de Pandora; aqui publicada; que «segundo reza o mito, só a esperança ficou retida no cofre que Pandora apressadamente fechou, ao ver que tinha sido vencida pela curiosidade. – E, em esclarecimento, acrescenta: – «coitadas das deusas e mulheres que volta não volta são acusadas de serem responsáveis por todo o mal que existe no Mundo. :))))»

Embora seja homem tenho de reconhecer toda a razão de que está coberta, esta minha amável leitora. Na realidade, apesar dos avanços que a ciência e a filosofia têm tido, ainda, infelizmente, existe quem atribua às mulheres o mal de tudo, pois as considera sem direitos e sem inteligência para grandes rasgos e realizações: eternas submissas ao machismo mórbido de uns tantos loucos e ignorantes.

Essa amarga e injusta teoria deve-se, infelizmente, às religiões que reservam e exigem à mulher um papel de subalternidade deveras acabrunhante.

E – refira-se – não são só, lamentavelmente, as religiões da mais remota antiguidade que o fazem nos seus livros doutrinários. A Bíblia no Antigo e no Novo Testamento, deixam o sexo feminino numa posição muito pouco cómoda, pois as empurram para a obediência cega ao macho dominante no agregado familiar. Outro tanto sucede com o Corão e com bastantes outros escritos de carácter religioso.

A própria Igreja Católica Romana coarcta às mulheres o direito a exercerem o sacerdócio. Vá, lá que num passado não muito longínquo era vedado às mulheres, durante a liturgia, cruzarem (sequer) o arco mais próximo do altar, a não ser para casarem ou serem baptizadas e comungarem. A separação dos lugares (homens e mulheres) só há poucos anos deixou de existir nos templos, por isso nalguns deles é visível a grade separadora.

É triste e dói ver as nossas almas gémeas assim apoucadas!

Mas dói muitíssimo mais ver que, neste início de século XXI, apesar das mudanças, existem situações nada favoráveis às mulheres de todo o Mundo, não havendo a tão apregoada igualdade entre os direitos dos seres humanos (machos ou fêmeas).

É preciso abrir pulmões e gritar, gritar até que a voz nos doa, para que a desigualdade acabe e todos sejam iguais em direitos, mas também em deveres.

Muito mais haveria para dizer sobre tão palpáveis verdades, todavia, prefiro deixar isso à inteligência de quem me lê!...

terça-feira, abril 22, 2008

Leitura e Progresso

Nada há de mais gratificante para qualquer artista do que saber que o seu trabalho é (ou foi) apreciado pelos outros. Foi o que sucedeu comigo, no passado fim-de-semana, ao querer oferecer um livro meu a alguém de muito afecto para mim, foi-me dito pelo editor que a obra em causa, estava esgotada e que o único exemplar existente, era o do arquivo e que, por isso, não podia ser cedido a ninguém.

Fiquei triste por não ter dado aquele exemplar. Manifestei o desgosto a minha esposa que me admoestou dizendo que eu devia era estar muito alegre por haver quem gosta do que escrevo. Por isso, dando razão à sabedoria de minha esposa, fiquei feliz por, dos quatro livros que já publiquei, todos estarem totalmente esgotados.

Num país em que tão pouco se lê é, de facto, “meter uma lança em África” conseguir tal proeza. E, a esse propósito, ocorre-me questionar: Será verdade que se está a ler mais em Portugal? E caso a resposta seja afirmativa ser-me-á lícito inquirir de novo: Esse aumento de leitores é fruto da diminuição da iliteracia ou das campanhas pró leitura que têm vindo a ser feitas nos últimos anos?

Qualquer que venha a ser a resposta, uma coisa é certa: É bom! É muito bom que assim seja! Pois quer dizer que o país começa a avançar rumo a progresso, graças à diminuição dos iletrados e, em consequência, da ignorância que, por muitos anos, nos acabrunhou, colocando-nos numa escala muito inferior no mapa geral das nações.

Se assim for, fico feliz e grito finalmente: Viva Portugal!

sábado, abril 19, 2008

Divagar

«Aqui por casa o lema é: Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti. – Comentou uma minha leitora amiga, a propósito do artigo “Tortura nos nossos dias” e acrescentou – Espero deste modo conseguir que as minhas filhas cresçam com mais ou menos consciência de que somos todos iguais e também temos, assim, direitos iguais.»

Creio-o, este pensamento é o de todos os pais e educadores conscientes do seu dever de darem exemplos e regras de vida, dos quais resultem jovens capazes de construir uma sociedade e um mundo menos conturbado (perturbado) do que este em que vivemos.

Se as coisas não são e não estão boas não há que alijar culpas, pois, de um modo ou de outro, todos nós somos culpados, uma vez que todos nós nos julgamos apenas com direitos e esquecemos os nossos deveres e manifestas obrigações.

E esta verdade é tão evidente que, quando algo corre de forma a afectar a nossa integridade física ou moral, logo desatamos em queixas e culpabilizações sobre quem, a mais das vezes, nada tem a ver com o assunto, esquecendo-nos que, afinal, nós é que não andamos bem.

O ser humano, neste campo é um fracasso! Assumir responsabilidades nos falhanços é o acto mais difícil de cumprir! Todos nos julgamos infalíveis, como Deuses em altares de barro! E depois, depois é o caos!...

… Meia palavra basta ou não?!...

quinta-feira, abril 17, 2008

Caixa de Pandora

Muito antes de eu ter sido comentado (neste blogue) por alguém que se assina de Pandora, eu escrevi, como se vê pela data aposta em baixo, o poema que, hoje, lhe dedico com toda a amizade e consideração.

«Abra-se o cofre, / saltem cobras e lagartos; / soltem-se êxitos e fracassos; / libertem-se deuses e demónios; / apareça o sonho e a realidade; / venha a coragem e o medo!

Saia tudo, / (mesmo tudo!) / o que existe / e persiste / e, ainda, é / e faz do indivíduo / tal qual ele é.

Saia a miséria e a opulência; / a castidade e a luxúria; / o riso e o choro; / o prazer e a dor; / o ser e o zero; / o tudo e o nada, / porque isso / é… o Homem!!!

Eu, ó Deus, / também sou assim!...

2002-11-22»

segunda-feira, abril 14, 2008

Tortura nos nossos dias

Ao falar-se de “Direitos Humanos” sempre nos vem à mente a horrível questão da tortura como se essa fosse a única forma de entender a violação de tais direitos.

E logo nos lembramos da antiguidade em que por essa via se obtinha a obediência de quem queríamos subjugar.

Mas tortura não é só isso!

Somos torturados (até por nós mesmos) sempre que “temos” de executar tarefas que mexem negativamente com a nossa forma de ser e estar. E isso é tão frequente que (a maioria das vezes) quase nem nos damos conta. Por exemplo: uma pessoa que, durante uma refeição de grande etiqueta e protocolo, se vê na obrigação, para não dar nas vistas, de comer algo que não e lá muito de seu agrado, se o faz, está ser de vítima de uma tortura, neste caso, imposta a si próprio. Outro exemplo é quando, por falta de emprego ou condições de vida, nos vemos forçados a sair do lugar que gostamos e onde temos as nossas relações e amizades indo para outro onde nada nos é familiar.

Mas – repito a adversativa –, também é tortura, o termos de obedecer a quem não tem mérito para tal. E aqui está todo o busílis da questão, pois, no dia a dia, nos vemos forçados a deixar-nos subjugar por políticos que, não tendo mérito nem escrúpulos, editam, num grugulejar mórbido da sua incompetência, regas, leis e despachos (e não sei que mais?) que colidem com os nossos valores, morais, sociais, económicos, religiosos e de humano amor a nós e ao nosso próximo.

Tortura é a perda da liberdade individual.

Assim sendo, como se hão-de sentir os povos e as nações que se vêem anulados nas suas convicções e direitos de cidadania?

A resposta não me cabe a mim e sim, a cada de nós, consoante os nossos conceitos e – é muito importante – sem espezinharmos os nossos deveres de seres inteligentes e capazes de nos assumirmos como verdadeiros Homens.

sábado, abril 12, 2008

Realidade e Optimismo

Há eminências de certos acontecimentos que estupidamente descuidamos – para não dizer, com toda a propriedade, negligenciamos – certos de que as coisas só acontecem aos outros ou só noutros países. Depois, quando algo bate à nossa porta: Aqui d’el-rei que estamos desgraçados!

O optimismo é uma virtude, mas tem limites. Não se podem (ou devem) descurar os sinais que as coisas nos mostram, eivados apenas da boa-vontade e da esperança de que tudo vão ser favas contadas. No Mundo nada funciona assim. Existem imponderáveis que alteram as previsões e, até, o normal curso da vida e (todos) temos de estar, minimamente, preparados para os contratempos e as mudanças provocadas ou naturais.

Pelo que se vê, na governação portuguesa, tudo são rosas e tudo corre e correrá sobre rodas, num desacautelado deixa correr que assusta e dói. Claro que também não somos apologistas do negativismo populista de certa oposição que, quando foi (e teve) poder, se mostrou incapaz de ser e de fazer melhor.

Diz o povo que «no meio está a virtude». Por isso, como na culinária, a dose certa (nem de mais, nem de menos) de optimismo e de precaução é que será o ideal, para que o país e a vida se tornem melhores e mais suportáveis.

A inteligência é, em todos os casos, a mais adequada das medidas a tomar para se evoluir e acabar com as assimetrias que nos acabrunham e deixam exaustos para as políticas e para a ganância dos políticos.

Como, irónica e sarcasticamente, dirá um cego, «vamos a ver» como decorrerão a coisas!?.. É que (parece) já estamos em período pré eleitoral!...

sexta-feira, abril 11, 2008

Guerra Fria...

A propósito do texto anterior, Carlos Martins disse:

"Guerra Quente", perfeito este termo.
E em meio a essa quentura toda, e a frieza de antigamente, indubitávelmente há algo em comum, a hipocrisia das pessoas.
Excelente texto, excelente blog!

Obrigado Carlos

quinta-feira, abril 10, 2008

"Guerra Fria" e "Guerra Quente"

Lembro-me perfeitamente de, uns anos após a II Guerra Mundial, termos vivido um longo período de tensão nervosa sob o medo constante e eminente do deflagrar de um conflito nuclear entre a extinta União Soviética e os Estados Unidos da América. A esse estado de dúvida e nervosismo alguém (e bem) apelidou de “Guerra Fria”..

O Mundo transformou-se, como era de esperar, a URSS desapareceu e com ela as políticas então vigentes; criaram-se novas nações; seguiram-se outros modos de ser e estar; surgiram ou ressurgiram pensamentos adormecidos, mas o nervosismo e a tensão, ao contrário do que seria de supor, não se extinguiram.

E… quase como por magia, explodiram, por todo o lado, sentimentos bélicos traduzidos em golpes de estado, guerras civis, guerrilhas, terrorismo e sei lá que mais, já não de forma fria como anteriormente, e sim, de modo aberto e desenfreado de homens e povos desvairados pelo ódio e pela ambição do poder e do ter.

Agora, se repararmos com atenção, estamos a viver uma “Guerra Quente” e bem quente, com milhares de mortos e feridos por todo o Planeta e com milhões de cidadãos com fome e em fuga constante e desesperada. Os Direitos Humanos são espezinhados de forma peremptória e descarada. Os homens roubam e exploram desapiedadamente outros homens e, lamentavelmente, tudo queda vergonhosamente impune. É o caos e a degradação moral e social dos valores primordiais das sociedades e, também, dos governos e dos governantes, num despotismo confrangedor de pôr os cabelos em pé.

Será que tudo isto não é Guerra? Será, pela disseminação planetária destes acontecimentos, que isto ainda não é uma Guerra Mundial?

Para mim, é uma guerra e uma guerra de proporções imprevisíveis, mas, em todo o caso, uma Guerra, uma Grande Guerra que a todos afecta e de cujas consequências, ninguém escapa tome-se disso a devida consciência. Não é, ainda – diga-se –, o Armagedão de que fala o Apocalipse, todavia não tarda muito que o seja efectivamente.

Como travar este, assustador, estado de coisas?

Não sei! Como é óbvio, gostaria de o saber! Sei, entretanto, que não podemos quedar-nos de “braços cruzados” e temos, por isso e para isso, de gritar, esbracejar e… por todos os meios ao alcance de cada um de nós, espalhar a Força e a Energia do Amor, pois só através dele os Homens se salvarão!

segunda-feira, abril 07, 2008

Coisas inconguentes dso Ensino

Fala-se imenso de crise no Ensino e dos problemas do professorado que, na realidade, existem e são deveras preocupantes. Contudo ninguém diz que a maior parte da causa dessa questão está localizada nos “técnicos de gabinete” – desconhecedores da realidade presente no terreno – que, (quase) empiricamente, elaboram planos, portarias e leis perfeitamente desajustadas às circunstâncias de cada momento, de cada escola, de cada aluno e de cada professor.

Papel!... Muitos papéis escritos – de boa fé, não se duvida – com coisas que (aparentemente) são bonitas e querem (numa primeira análise) ser funcionais e úteis. É verdade que sim! Mas que afinal, infeliz e desgraçadamente, na prática, não resultam porque não têm como ser aplicadas, ou ainda porque não especificam de que forma obter o indispensável proveito.

Vive-se num Ensino afogado em burocracia mal elaborada porque um tanto surrealista de gente que quer “mostrar serviço”, mas que não sabe o que pensa e muito menos o que escreve.

O mundo é heterogéneo e não uniforme. As diferenças existem e são tão palpáveis e evidentes que só os tolos se não apercebem delas. As escolas, os professores, os alunos e as comunidades têm necessidades totalmente diversas umas das outras. Estou a referir-me, concretamente, ao chamado Ensino Especial.

Integrar. Sim, é preciso! Mas, atenção, não tudo, nem todos! Há quem não tenha capacidade para tal integração por razões demasiado óbvias que não vale a pena enumerá-las.

Podem dizer que há os professores e os técnicos de apoio… pois sim, porém, daqui a algum tempo verão que não é bastante e que – na minha modéstia e do alto da minha cátedra de pessoa com deficiência, com quase 60 anos na luta pela causa da valorização desses cidadãos – a razão está (queiram ou não) do meu lado.

E, por hoje, fico por aqui.

sexta-feira, abril 04, 2008

Hipocrísia

Disse o Dr. Mário Soares, há dias na TV, que «as ditaduras são todas muito hipócritas na sua propaganda,» uma vez que dão uma imagem (de bem-estar e felicidade) que, afinal, não existe. Ao que eu pergunto, levado pelo que vejo e me dói: serão só os regimes ditatoriais a fazê-lo? Não há políticos e governantes de regimes democráticos a usar a mesma técnica?

Não vale a pena responder a estas questões, por demais evidentes que elas são. Se, até na vida privada, existem pessoas que, vivendo em terríveis condições económicas, alardeiam, por palavras e atitudes, uma opulência a que não têm acesso, por que não hão-de os políticos e os governantes pavonear realidades fictícias, como modo de somarem votos em tempo de eleições?

Depois, também se põe a asserção de que «quem mostra sua pobreza ou fragilidades, perde os amigos.» Esta última frase é tão verdadeira que modifica comportamentos. E, então, surge a falsidade ou hipocrisia a que o antigo Presidente da República fez referência. Mas, note-se, não é por maldade que alguém o faz, é, evidentemente, por razões palpáveis de sobrevivência.

Por que a vida é difícil e a exigir grandes sacrifícios, há que, mesmo artificialmente, mostrar um status que, sendo mentira, abre oportunidades para se chegar a outros portos. Vive-se, hoje, muito da aparência e do faz de conta, porque, se assim não for, é-se, implacavelmente, marginalizado em (quase) todas as actividades humanas.

Que mundo este, ó Deus, que mundo!...

quarta-feira, abril 02, 2008

Ainda a Arte e os Artistas

Na Grécia Antiga (há 2000 a 2500 anos), era motivo de disputa e de muito orgulho as famílias abastadas darem guarida aos poetas, quando em itenerância. O mesmo sucedia, na Europa da Idade Média, com os Trovadores que se deslocavam de região para região como forma de subsistência.

Entretanto, tal já não acontecia no Século XVI, pois conta-nos a História que o Grande Camões, teve de sobreviver das esmolas angariadas pelo seu fiel criado Jau, uma vez que a generosidade de El-Rei D. Sebastião fora de apenas quinze mil reis/ano ou seja, nos dias de hoje, uns míseros € 3000/ano, o equivalente ás pensões mínimas concedidas, agora, aos idosos pela Segurança Social.

Diz o também poeta Pe José Maria Toldo que «para se conhecer bem o mundo é preciso ler os poetas.» já que, pela sua sensibilidade, são eles quem melhor entendem as vicissitudes da sua época.

E a pergunta surge com toda a naturalidade: como se podem ler os poetas se (já) não há quem lhes publique os versos? As editoras que o poderiam e deveriam fazer estão sujeitas, pela elevada percentagem de iliteracia existente em Portugal, a não conseguirem vender as suas edições a muito curto prazo e, por isso, a terem prejuízos avultados. Nos tempos que correm tudo depende do lucro que se obtém de forma célere, porque os investimentos de longa duração são caros e, daí, deixarem de ser interessantes.

Estamos numa Era mercantilista em que só interessa o lucro imediato e… o resto são cantigas de poetas loucos, que acabam por morrer à mingua por lhes faltar a máquina do marketing e da publicidade agressivamente furiosa que – como dizia no meu anterior artigo –, muitas vezes, não premeia os melhores, mas tão somente aqueles que tiveram cunhas e alguma sorte ou, o que é bem pior, os “pimba” que ludibriam os ignorantes.

Não vale a pena dizer mais nada! O que disse, está dito!...