«Quando somos velhos tudo o que é mau se chega a nós» – dizia, com imensa sabedoria e experiência de vida, a minha avó materna. Como era uma criança não ligava nada a estes aforismos populares.
Agora entendo, perfeitamente, que ela tinha razão. Pois sinta na carne e nos ossos o advento desses problemas de saúde a que ela fazia referência, já que os vivia intensamente.
Desde segunda-feira passada que uma dor intensa, nos ossos da bacia, mais concretamente, na zona sacro-iliaca me atormenta e me dificulta, de forma muito acentuada, a marcha.
A esse propósito até já disse a minha esposa:
- Sabes, mulher, isto é velhice!
- Tens de ir ao médico! – Disse-me ela, com carinho.
Não respondi, mas fiquei, seriamente, a matutar: «ir ao médico?» A qual? Ao de família? Ele não me parece ser entendido neste tipo de patologia, além de que não há consultas logo disponíveis. A um ortopedista? Talvez, mas lá se me vai o subsídio de Natal.
Estas questões são, lamentavelmente, as que se põem, aos milhares de idosos portugueses, em termos de serviços de saúde.
É que, desgraçadamente, não há, em Portugal, um bom apoio de assistência médico/medicamentosa ao cidadão sem recursos financeiros.
Qual é, então, a “receita”, para tais casos? O que pensam os governantes e os políticos?
Estamos, de facto, num mundo cruel que nos envergonha e no qual se não vê uma lúzinha, ao fundo do túnel, Quem nos acode?...