sexta-feira, dezembro 07, 2007

Honrem-se os vivos

Ainda faltam alguns dias para que se comemore o nascimento de Jesus – muito embora a análise aos factos históricos e científicos nos digam que tal deva ter ocorrido a 19 de Setembro de menos sete da nossa Era (-07), convencionou o Papa Gregório que essa data seria a 25 de Dezembro –, mas, em todas as lojas comerciais se despedem de nós com a frase característica desta altura: «Bem-haja pela visita e muito Boas Festas!»

A esse propósito comentei, um dia destes, com uma diligente funcionária de um estabelecimento comercial de Viseu, que as pessoas, nesta época, se afadigavam na compra de presentes com que mimar a quem amam ou aqueles de que precisam, mas de quem, ao longo do ano, nem sequer, na grande parte das vezes, se lembram.

Esta situação fez-me vir à memória o caso das pessoas que andam sempre a caminho do cemitério, carregadas de caríssimos ramos de flores, para enfeitarem as campas a quem, bastas vezes, durante a vida, negligenciaram os devidos cuidados, carinhos e atenções.

A senhora, digníssima lojista e viúva, acrescentou ao meu raciocínio que «outros, nem isso, pois só se lembram dos que já partiram em dia de “Todos os Santos”, porque parece mal não ser visto no cemitério, nesse dia!»

Eu, cá por mim, digo: - Se me quiserem honrar, bem tratar, dignificar e glorificar, façam-no enquanto estou vivo. Tratem-me bem, publiquem os meus livros, dêem-me amizade agora. Depois… depois já não retribuo coisa alguma. As homenagens, os galardões, os beijos e as flores são para a vida, não para a morte!...

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