segunda-feira, dezembro 17, 2007

O Natal e os Evangelhos I

Contam os Evangelhos que José e Maria, por mor do censo imperial romano, se deslocaram da localidade onde residiam para a da sua circunscrição administrativa afim de se recensearem. Todavia, porque as estalagens estivessem bastante cheias, não puderam ficar em nenhuma.

Santa ingenuidade!...

As estalagens israelitas, nesse tempo, eram uma espécie de claustros, quadrados ou rectangulares, em que, nas alpendradas circundantes ao pátio central, a céu aberto, se localizava um espaço onde se serviam e confeccionavam as refeições, sendo o restante ocupado pelas mercadorias dos hospedes que, por lá, se ajeitavam dormindo sobre fachões de palha, embrulhados em peles de ovelha ou de camelo, enquanto as alimárias ficavam no meio do pátio, onde, algumas vezes, ardia uma imensa fogueira.

Ora, assim sendo, não é credível que uma senhora, a iniciar trabalhos de parto, quisesse parir, sem qualquer recato, no meio de tamanha promiscuidade.

Daí que, a conselho de alguém piedoso e experiente na matéria, o recatado casal de Nazaré se tenha dirigido a uma das muitas grutas do sopé da colina, para, na maior puridade e digna intimidade, Maria poder dar à luz aquele que havia de mudar, com seus actos e ensinamentos, o pensamento e a vida do Mundo.

Não ficaram – repete-se – numa estalagem por falta de lugar para mais dois, mas, sim, por falta de condições para o acto mais importante de uma mulher. Tenhamos disso consciência!

Continua.

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