quinta-feira, maio 31, 2007

Partidos e políticos velhos

Como habitante, efémero, do Planeta Terra, e porque “Terra só há uma”, confesso que me sinto preocupado com o rumo que os políticos estão a dar aos destinos deste calhau rolante do Espaço que pode, por isso, vir a tornar-se uma Lua ou, se tal não suceder, ver desaparecer a vida por uns milhões de anos até se dar a sua, natural, regeneração.

Que andam os políticos, especialmente os que têm responsabilidades governativas, a pensar e a fazer? Será que não se apercebem dos perigos que corremos? Ou será, assusta-me dizê-lo, que em primeiro lugar está a “ganhuça”, sem escrúpulos, nem medo de partirem os seus próprios “telhados de vidro” com as pedradas que atiram a esmo contra o planeta em que vivem?

Dizia há dias, Helena Roseta no Jornal o Público, que os Partidos «estavam velhos e cheios de ideias ultrapassadas» e, em virtude disso mesmo, incapazes de tomar decisões acertadas e úteis ao equilíbrio das sociedades e da próprias urbes. Ela falava, é claro, referindo-se à Cidade de Lisboa, mas esse raciocínio é aplicável a toda a actividade política e humana dos nossos dias.

Será que com “riqueza” salvamos a nave em que navegamos pelo Cosmo? Creio bem que não!...

segunda-feira, maio 28, 2007

Discriminação?

Não cabe a ninguém julgar os outros, todavia existem situações que nos fazem pensar que, afinal, nem todos somos iguais na forma como nos tratam ou tratam das nossas coisas.

Estou concretamente a referir-me ao caso da menina inglesa desaparecida. E embora não vá, nem esteja a dizer nada de novo a realidade constatável é que, por esse Mundo além, durante estes já bem “longos” dias, desapareceram (acreditem!) algumas outras pessoas e, no entanto, a comunicação social (sempre tão atenta!... – a ironia justifica-se plenamente) nada disse ou, se o fez, fê-lo de forma quase imperceptível, de tal modo que ninguém deu por nada.

Por quê comportamentos tão dispares? Será que uns são filhos de Deus e os outros de uma divindade muitíssimo inferior? Será que as vidas humanas merecem tratamentos diferentes de acordo com a cor da pele, as etnias, a nacionalidade, as classes sociais donde provêm ou, (revoltantemente) ainda, a possibilidade económica que as embrulha?

Santo Deus! Em que Mundo vivemos nós?!...-

quarta-feira, maio 23, 2007

Solidão

A solidão é, nos nossos dias, o maior flagelo da humanidade, pois afecta milhões de pessoas em todo o Mundo. E os mais vulneráveis são, exactamente, os idosos e as crianças, uma vez que são, por mor da vida actual, os que mais tempo ficam, em casa, sem o calor de um afecto ou o recurso à proximidade de alguém com quem possam partilhar a palavra.

As pessoas produtivas têm, nos nossos dias, de ir trabalhar, de labutar pelo “pão-nosso de cada dia”. Então… os velhos que se desunhem, da melhor forma na rua (os que ainda puderem sair), lá em casa (os que já não tiverem pernas para a aventura de ir até ao jardim mais próximo). E as crianças, no fim das aulas, com a chave pendurada ao pescoço, perante os imensos perigos do exterior dos seus lares, fecham-se naquelas quatro paredes, até à hora dos pais chegarem, quantas vezes tão tardiamente que os miúdos dormem já, no sofá, frente à televisão.

Há os “centros de dia” para os idosos e os “centros de actividades de tempos livres (ATL) para os mais novos! – Dirão.

Pois, pois, mas – sendo uma solução aceitável –, o pior é que, aqueles espaços de convívio, não existem em quantidade bastante para resolver adequadamente toda a amplitude do problema.

Dantes – não há muitos anos, já que foi até ao primeiro quarto do século XX – as pessoas com mais de cinquenta anos eram já consideradas velhas e se morressem com mais de setenta anos eram velhíssimas. As crianças brincavam (por mim falo), no fim das aulas, nos largos e pracetas circundantes às suas casas, umas com as outras, sem receio de nada, nem por nada. E quando a noite chegava, já uma das avós ou dos avôs estavam em casa para lhes darem e receberem o colo e o afecto de que ambos precisavam, não se sabendo se era o menino que estava ao “colo” do mais velho se era este que usufruía o “colo” da criança.

Desse modo, ninguém sentia a angústia da solidão, uma vez que não havia défice afectivo. E, em consequência desse preenchimento sentimental, também não se ouvia falar (como agora) em depressões ou de doenças somatizadas da continuidade de estados depressivos.

O mundo tem e vai mudar, mas… quando? O que fazem ou vão fazer os políticos? Tudo é (parece-nos) tão lento!...

segunda-feira, maio 21, 2007

Filosofando...

- «Tu também estavas lá?» – é uma pergunta que surge no romance “Ben-hur” sobre a morte de Jesus, no Calvário. E de outra forma, mas com igual intenção, o jornalista e escritor Baptista Bastos, costuma inquirir: - «Onde estavas no 25 de Abril?»

A subjectividade de ambas as questões é a mesma ou seja, é um modo, discretamente perceptível, de conhecer a posição ou responsabilidade física e moral em um qualquer acontecimento relevante da História contemporânea do inquirido.

E as questões que se colocam a cada um a cada instante são tantas e tão variadas que não haveria espaço, nem tempo para serem, sequer formuladas. A cada segundo sucedem factos, favoráveis ou indesejáveis, que nos afectam e marcam para o futuro e de que nem nos apercebemos. Mas a verdade e que eles existem e têm influência nos comportamentos sociais para o devir. A sua dimensão e importância é que pode variar consoante o nosso estado evolutivo humano/cultural e de acordo com a nossa disponibilidade anímica para os aceitar ou rejeitar.

Os homens são fruto das circunstâncias e da capacidade de apreensão dos factores naturais ou não que, em sucessão, vão ocorrendo paralela e transversalmente ao nosso viver. Mas são, também e sobretudo, resultado do grau de aprendizagem que obtiveram, durante um apressado caminhar para a meta final das suas efémeras existências. A conjuntura muda, todavia o conhecimento fica a responsabilizar-nos pelos êxitos ou fracassos com que contribuímos ou não para essa mudança, seja ela óptima ou péssima.

Ontem, como hoje e, possivelmente, amanhã haverá perguntas de duplo sentido a fazer tendo em vista à obtenção de um mundo e de uma vida melhor, contudo a sua validade e utilidade, depende, somente, da forma a da finalidade com que as soubermos fazer, pois «de boa vontade está o inferno cheio!...» – Diz o povo e talvez tenha razão.

quinta-feira, maio 17, 2007

Uma coisa de cada vez

A vida é toda feita de surpresas e nada, ou muito pouco, do que se planeia acaba por vir a ser realizado de acordo com o esquiço da primeira hora. Uma casa que o arquitecto esboçou de uma certa forma termina, quase sempre, de modo bem diverso, fugindo à ideia original, umas vezes, porque se veio a verificar que a consistência do terreno não correspondia ao que fora pensado, outras, porque os custos seriam um tanto mais elevados do que o orçamento comportava, outras ainda, porque o pessoal de construção não teria qualificação suficiente para a execução cabal da obra nas condições primeiramente pensadas.

Já Camões dizia que «mudam os tempo, mudam as vontades» querendo afirmar que nada – nem o amor, como era o caso dele – é eterno. Tudo está em constante e permanente mudança, pois como afirmou Lavoisier «… tudo se transforma», até mesmo, e sobretudo, o pensamento dos homens.

Solução para esta realidade? Ser ambicioso, sim, e muito, na planificação das coisas, mas -vinque-se com veemência – na execução, só fazendo uma coisa de cada vez para que não se corra o risco de, por precipitação de atitudes e inconsistência de caboucos, virmos a esbarrar com escolhos imprevistos no caminho e ter de aceitar e enfrentar a derrocada de todos os nossos belos sonhos.

O Homem caminha pondo um pé à frente do outro e depois o outro adiante do anterior, numa sucessão persistente, de passo após passo, o que o leva de forma reflexa ao ponto final do que se propusera inicialmente.

Tudo tem que evoluir no tempo próprio e não é precipitando, apressada e inconscientemente, os factos que chegamos mais depressa á meta que nos dará a vitória, é avançando, tranquilamente, com precisão e segurança, que atingiremos o triunfo.

E isto aplica-se na sociedade e na política e – como dizia meu avô paterno – «não é por nos levantarmos ainda de noite que amanhece mais cedo!...»

terça-feira, maio 15, 2007

Filosofia de Vida

Todos sabemos que viver é uma coisa tremendamente difícil. Implica redobrada atenção, para não serem cometidos erros que afectem a integridade moral, psíquica e física nossa e de quantos nos envolvem nas relações quotidianas do cruzar ombro com ombro e dos afectos que damos e recebemos aos e dos que mais queremos. Pois eles são, directa ou indirectamente, carne da nossa carne na simples trajectória dos caminhos percorridos, com entusiasmo e também com dor, rumo á eternidade prognosticada desde a nossa concepção.

Daí que a indecisão, a dúvida, e o medo sejam o “pão-nosso de cada dia” das pessoas conscientemente bem formadas e, por isso, portadoras de princípios e valores educacionais e sociais que as tornam padrões a luzir no plano subjectivo da convivência e da sobrevivência, num meio naturalmente cheio de afiadas saliências que, a cada instante, podem ferir e destruir o normal avançar do individuo na maravilha e no sublime mistério do Ser e do Estar existencial e existencialista, na sua inequívoca e irrepetível unicidade.

Por tudo isto, no seio das incertezas que nos enchem e preenchem, há que acordar, diariamente, plenos de esperança, para termos a força necessária para fazermos melhor do que fizemos na véspera e, desse modo, sem alarde e destemidamente, sermos capazes de “levar a carta a Garcia”, levantando um pé de cada vez, na convicção serena, de calcorrearmos, sem pejo, a senda certa, embora efémera da Vida.

Que assim seja!

sábado, maio 12, 2007

Ciência e Fé

Milagre! Mas o que é, afinal, um milagre? Dizem os dicionários que é «qualquer fenómeno para o qual não exista uma explicação natural.» Ora, esta definição não satisfaz – direi mesmo, não pode satisfazer – quem é mais exigente e coerente consigo próprio, uma vez que – quem tem, no seu alforge de conhecimento adquirido pelo estudo, algo mais do que a simples convicção religiosa – as coisas precisam de ser entendidas e, bastas vezes também, sentidas com verdadeiro espírito cientifico ou – se quiserem – socrático/descartiano.

Comemora-se este ano o 90º aniversário das Aparições de Fátima e, por isso, fala-se muito no milagre do Sol. Milagre? Não. Apenas – por sugestão intuída e bombardeada pelos inocentes pastorinhos – uma alucinação colectiva, cuja dinâmica se tornou tão potente, em vibração radioeléctrica cerebral (seja-me permitida esta imprecisão terminológica) que, a cerca quarenta quilómetros de distância, houve ainda mentes que a captaram e, por isso, «viram» também o Sol a bailar no azul do céu.

É bem evidente que o Sol – astro vital do sistema em que habitamos – prosseguiu imutavelmente a sua trajectória cósmica sem qualquer alteração. Todavia a mente daqueles “influenciados” e crentes peregrinos e dos hipersensitivos, que, por telestesia, do mesmo modo, foram tocados, construiu o fenómeno numa visualidade verdadeiramente notável e impressionante.

Milagre é toda a fenomenologia que, no momento em que ocorre, a ciência ainda não teve meios para explicar ou justificar – deveriam dizer os léxicos de forma clara e concludente, de modo a que as pessoas não se sentissem chocadas e ofendidas ao tomarem conhecimento das descobertas científicas que contradizem aquilo em que, convictamente, acreditam ou acreditavam.

sexta-feira, maio 11, 2007

Globalização

Fala-se muito em globalização, na aldeia que é o Mundo, na interacção dos povos etc,, etc., mas a realidade, ao que nos é dado ver, é um tanto diversa desse modo de pensar e agir.

Se não, vejamos: a globalização leva à uniformização da sociedade, quiçá da técnica e do pensamento. E daí surgem as empresas multinacionais que asfixiam e eliminam as pequenas e médias estruturas comerciais, industriais e de serviços, quer nos países ricos, quer nos de menores recursos, nestes últimos (como é o nosso caso) acabam mesmo por acentuar as desigualdades económicas e sociais, não melhorando, como seria óbvio, a qualidade dos produtos ou dos serviços, porque tudo passa a ser feito em série em que a quantidade é o que unicamente importa (a quantidade aumenta o lucro) e, por isso mesmo, se torna fácil haver erros ou simples imprecisões no “controlo de qualidade”.

Dantes, nas pequenas e médias empresas., o cliente sabia, á partida, que ia ter um tratamento personalizado e que o índice de satisfação atingiria a ordem aproximada dos 100%, pois o empresário e os seu funcionários empenhar-se-iam para agradar ao “velho e amigo” cliente. Ora, hoje tudo é impessoal: a menina do atendimento, o (ou os) operador(es) que executam a encomenda, o transportador, enfim, toda aquela máquina humana envolvida.

Depois surgem as falhas. Estamos – um entre milhares – a reportar-nos ao caso de uma multinacional (cremos que francesa) de lavandaria que, depois de ter “lavado” (?) uma peça de roupa branca de algodão, a entregou com uma mancha amarelada no bordo e pessimamente passada a ferro.

Tal nunca sucedeu quando íamos à lavandaria do bairro, (encerrada por mor das multinacionais) à Senhora D. Alzira (o nome é fictício) e ela e a sua empregada executavam, hábil e criteriosamente, o trabalho, dando toda a satisfação aos seus fregueses.

Comentários… para quê?...

quarta-feira, maio 09, 2007

Ecologia II

Ontem fui passear para Parque Municipal de Fontelo – o maior e melhor pulmão da Cidade de Viseu – e fiquei triste, muito triste mesmo. Aquela belíssima mata para onde, eu e muitos jovens do meu tempo, íamos estudar em vésperas de exames e fazer passeios ecológicos com as namoradas, aproveitando a frescura aromática das árvores seculares, já não é nada do que era.

Há – nota-se a cada passo – grande descuido, quer no tratamento dos espécimes vegetais, quer nos equipamentos que integram o espaço que já foi património residencial dos Bispos de Viseu.

Uns sanitários existentes, por (provavelmente) falta de condições de higiene e por avançado estado de degradação, foram demolidos. Muito bem, estamos de acordo! Mas, ao contrário do que seria previsível e necessário, não foram substituídos por nova estrutura que sirva as mesmas funções. Por outro lado, uma bonita, útil e rústica ponte de madeira que dava continuidade a uma senda pedonal, por mor da sua vetustez e do rigor do Inverno, entrou em colapso e para ali ficou a exibir as suas, agora, feias ruínas, numa mostra do desprezo a que foi votada. Umas “jaulas” que, (erradamente, diga-se) em tempos, albergaram mamíferos e aves selvagens, apresentam uma feia imagem de abandono.

Isto confrange e dói e não é digno de uma Capital de Distrito que se ufana da sua beleza e do seu progresso. Onde estão os ecologistas desta terra ou o que andam eles a ver e a fazer?...

segunda-feira, maio 07, 2007

A Arqueologia e o Evangelho

Há tempos vi, num dos canais de Tv., um documentário sobre as mais recentes descobertas arqueológicas em Israel, creio que em Jerusalém. Após aturadas investigações e sofisticadas análises de ADN, os cientistas/investigadores concluíram, entre outras coisas, que, afinal, Jesus – o Cristo – fora, efectivamente, casado com uma tal Maria – que julgam ter sido a cognominada de Madalena e que com ela tivera um filho – o que não causa espanto, pois outros, muito antes, já o tinham sugerido.

Só que estes especialistas foram mais longe, afirmando que – quando Cristo, alçado na cruz, na hora derradeira de sua vida, afirmou: «Mulher, eis o teu filho!» e, de seguida olhando o discípulo “muito amado” (que ninguém, até agora, sabe com rigor quem era, apenas se aventam hipóteses pouco consistentes) conclui dizendo: «eis aí a tua mãe!» – Jesus estava a falar para Madalena e para seu próprio filho.

Num primeiro momento, isto pode parecer natural, mas, depois, seguindo o texto evangélico e analisando os factos com um pouco de atenção, logo percebemos que tal não poderá ser assim interpretado. Ninguém iria dizer a uma mãe; «eis aí o teu filho1» nem a um filho «eis a tua mãe!» Isso só sucederia se estivessem separados há muito, muito tempo, o que não era, de forma alguma, o caso.

Portanto, continua certa a interpretação de que Jesus recomendou a sua própria mãe – senhora viúva e desamparada – ao (tal) “discípulo muito amado” para que lhe desse o apoio e bem-estar de que iria precisar daí em diante, já que os outros seus (de Cristo) irmãos, não eram filhos dela, mas da primeira mulher de José seu pai.

Que dissertar mais sobre o assunto?!...

quinta-feira, maio 03, 2007

Obesidade

Nestes últimos dias, tem-se falado imenso no flagelo do nosso tempo, ou seja, da obesidade, muito especialmente, da obesidade infantil. E neste caso, para além dos erros alimentares, atribui-se o fenómeno à falta de exercício físico praticado pelos mais novos.

Diz-se que os miúdos já não brincam nas praças, jardins ou parques como acontecia antigamente. O que, de facto, é verdade. Isso sucede porque esses lugares são, hoje em dia, inseguros e os pais, a trabalhar, não podem acompanhar as crianças como era seu desejo. Num passado de trinta, quarenta anos, os lugares de recreio público estavam cheios do riso das crianças a brincarem e das recomendações dos avós que vigiavam as folias infantis.

Então os casos de obesidade nos mais pequenos eram raríssimos. E agora? Por que motivo tal não sucede?

Dizia-me, ontem, minha esposa, com imensa propriedade, justificando este triste estado de coisas: «Os tempos mudaram e mudaram tanto que as crianças ficam todo o dia “enjauladas” nas creches ou nos A. T. Ls, até os pais as irem buscar, depois de saírem dos empregos. Por outro lado, os “velhos” avós encontram-se também “enjaulados” nos lares de terceira idade, onde são “armazenados” como mercadoria sem préstimo porque, em suas casas, seriam um estorvo à vida dos filhos e dos netos.»

É cruel, mas esta é a realidade que se vive e a que ninguém consegue eximir-se!...