Milagre! Mas o que é, afinal, um milagre? Dizem os dicionários que é «qualquer fenómeno para o qual não exista uma explicação natural.» Ora, esta definição não satisfaz – direi mesmo, não pode satisfazer – quem é mais exigente e coerente consigo próprio, uma vez que – quem tem, no seu alforge de conhecimento adquirido pelo estudo, algo mais do que a simples convicção religiosa – as coisas precisam de ser entendidas e, bastas vezes também, sentidas com verdadeiro espírito cientifico ou – se quiserem – socrático/descartiano.
Comemora-se este ano o 90º aniversário das Aparições de Fátima e, por isso, fala-se muito no milagre do Sol. Milagre? Não. Apenas – por sugestão intuída e bombardeada pelos inocentes pastorinhos – uma alucinação colectiva, cuja dinâmica se tornou tão potente, em vibração radioeléctrica cerebral (seja-me permitida esta imprecisão terminológica) que, a cerca quarenta quilómetros de distância, houve ainda mentes que a captaram e, por isso, «viram» também o Sol a bailar no azul do céu.
É bem evidente que o Sol – astro vital do sistema em que habitamos – prosseguiu imutavelmente a sua trajectória cósmica sem qualquer alteração. Todavia a mente daqueles “influenciados” e crentes peregrinos e dos hipersensitivos, que, por telestesia, do mesmo modo, foram tocados, construiu o fenómeno numa visualidade verdadeiramente notável e impressionante.
Milagre é toda a fenomenologia que, no momento em que ocorre, a ciência ainda não teve meios para explicar ou justificar – deveriam dizer os léxicos de forma clara e concludente, de modo a que as pessoas não se sentissem chocadas e ofendidas ao tomarem conhecimento das descobertas científicas que contradizem aquilo em que, convictamente, acreditam ou acreditavam.
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