quarta-feira, maio 23, 2007

Solidão

A solidão é, nos nossos dias, o maior flagelo da humanidade, pois afecta milhões de pessoas em todo o Mundo. E os mais vulneráveis são, exactamente, os idosos e as crianças, uma vez que são, por mor da vida actual, os que mais tempo ficam, em casa, sem o calor de um afecto ou o recurso à proximidade de alguém com quem possam partilhar a palavra.

As pessoas produtivas têm, nos nossos dias, de ir trabalhar, de labutar pelo “pão-nosso de cada dia”. Então… os velhos que se desunhem, da melhor forma na rua (os que ainda puderem sair), lá em casa (os que já não tiverem pernas para a aventura de ir até ao jardim mais próximo). E as crianças, no fim das aulas, com a chave pendurada ao pescoço, perante os imensos perigos do exterior dos seus lares, fecham-se naquelas quatro paredes, até à hora dos pais chegarem, quantas vezes tão tardiamente que os miúdos dormem já, no sofá, frente à televisão.

Há os “centros de dia” para os idosos e os “centros de actividades de tempos livres (ATL) para os mais novos! – Dirão.

Pois, pois, mas – sendo uma solução aceitável –, o pior é que, aqueles espaços de convívio, não existem em quantidade bastante para resolver adequadamente toda a amplitude do problema.

Dantes – não há muitos anos, já que foi até ao primeiro quarto do século XX – as pessoas com mais de cinquenta anos eram já consideradas velhas e se morressem com mais de setenta anos eram velhíssimas. As crianças brincavam (por mim falo), no fim das aulas, nos largos e pracetas circundantes às suas casas, umas com as outras, sem receio de nada, nem por nada. E quando a noite chegava, já uma das avós ou dos avôs estavam em casa para lhes darem e receberem o colo e o afecto de que ambos precisavam, não se sabendo se era o menino que estava ao “colo” do mais velho se era este que usufruía o “colo” da criança.

Desse modo, ninguém sentia a angústia da solidão, uma vez que não havia défice afectivo. E, em consequência desse preenchimento sentimental, também não se ouvia falar (como agora) em depressões ou de doenças somatizadas da continuidade de estados depressivos.

O mundo tem e vai mudar, mas… quando? O que fazem ou vão fazer os políticos? Tudo é (parece-nos) tão lento!...

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