quinta-feira, maio 17, 2007

Uma coisa de cada vez

A vida é toda feita de surpresas e nada, ou muito pouco, do que se planeia acaba por vir a ser realizado de acordo com o esquiço da primeira hora. Uma casa que o arquitecto esboçou de uma certa forma termina, quase sempre, de modo bem diverso, fugindo à ideia original, umas vezes, porque se veio a verificar que a consistência do terreno não correspondia ao que fora pensado, outras, porque os custos seriam um tanto mais elevados do que o orçamento comportava, outras ainda, porque o pessoal de construção não teria qualificação suficiente para a execução cabal da obra nas condições primeiramente pensadas.

Já Camões dizia que «mudam os tempo, mudam as vontades» querendo afirmar que nada – nem o amor, como era o caso dele – é eterno. Tudo está em constante e permanente mudança, pois como afirmou Lavoisier «… tudo se transforma», até mesmo, e sobretudo, o pensamento dos homens.

Solução para esta realidade? Ser ambicioso, sim, e muito, na planificação das coisas, mas -vinque-se com veemência – na execução, só fazendo uma coisa de cada vez para que não se corra o risco de, por precipitação de atitudes e inconsistência de caboucos, virmos a esbarrar com escolhos imprevistos no caminho e ter de aceitar e enfrentar a derrocada de todos os nossos belos sonhos.

O Homem caminha pondo um pé à frente do outro e depois o outro adiante do anterior, numa sucessão persistente, de passo após passo, o que o leva de forma reflexa ao ponto final do que se propusera inicialmente.

Tudo tem que evoluir no tempo próprio e não é precipitando, apressada e inconscientemente, os factos que chegamos mais depressa á meta que nos dará a vitória, é avançando, tranquilamente, com precisão e segurança, que atingiremos o triunfo.

E isto aplica-se na sociedade e na política e – como dizia meu avô paterno – «não é por nos levantarmos ainda de noite que amanhece mais cedo!...»

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