segunda-feira, março 31, 2008

Arte e Artistas

Um amigo meu que já não está connosco dizia algumas vezes que «os artistas são, quase sempre, mal interpretados e, por isso acabam a vida com grandes carências económicas,» o que – diga-se – não deixa, de certo modo, de ser uma verdade, embora um tanto cruel, mas, ainda assim, verdade.

Não foi esse o panorama no passado. São conhecidos muitos nomes que, ao longo da História, gozaram das benesses que a fama da sua arte lhes trouxe. A aristocracia, com posses, apoiava e protegia as artes, garantindo aos artistas a sua evolução técnica e intelectual e, de forma bem evidente, a sua sobrevivência como indivíduos especiais da Sociedade em que estavam inseridos.

É claro que o Tempo e a Mentalidade são, agora, bem diferentes! Não se vive em comunidades centradas no “Senhor” dos bens locais, onde as restantes pessoas dependiam dele, quer com a força dos braços; quer pela cedência através do aluguer, tanta vezes a preço exorbitante, das terras que eram seu sustento.

Daí que cada qual tem hoje de achar o melhor meio de Ser e de Estar sem que a sua coluna vertebral se anquilose em curvaturas de traumatizante servilismo. Ainda bem que é assim!

Ser artista, nos dias que correm, é difícil, muito difícil, afirme-se sem rebuço. Não basta ter talento e técnica para se vencer. Essas qualidades não bastam. Actualmente é necessário (é indispensável) ter, ao lado ou por detrás, uma máquina de marketing que apoie e empurre todo aquele que enverede pelos caminhos da Arte, seja ela qual for.

Porém – digo eu que sei disso –, nem sempre são apoiados e impelidos os melhores. Há por aí muita aberração técnica e intelectual a viver os benefícios de tais maquinismos.

É, facilmente, entendível que esses fabricados colossos, com pés de barro, mais cedo ou mais tarde, ruíram como castelo de cartas à mais pequena rajada de vento e… não ficarão para a História. E a selecção natural, por meio da sua lei implacável, os fará cair no esquecimento, apagando o seu nome da lista dos sublimes.

Só o que é bom e tem mérito é digno de ficar, quer pela reprodução de seus genes, quer pela elevação da sua Arte. Não tenhamos ilusões!...

sábado, março 29, 2008

Dúvidas, precisam-se

Se há estrelas no Céu a brilhar e a marcar a rota aos marinheiros – digo eu poética e (quase) ingenuamente – é porque o Universo existe e tem energia para que tal suceda.

Energia?!...

Sim! Seja ela qual e de que natureza for. É essa essência “omnipotente” que dá alma e vontade de ir adiante nas horas negativas que, algumas vezes, nos tomam e acabrunham, tirando, de certa forma, o gosto pelo existir.

Para os religiosos essa energia que é e está em tudo e é tudo, tem o nome da divindade de sua devotada crença. Para os cientistas é, apenas e só, energia e, como tal, uma dimanação da inteligência cósmica regida por regras/leis e equações matemáticas muito precisas e, provavelmente, imutáveis.

Mas, como tudo, ficam sempre dúvidas. Umas por ignorância, outras por falta de provas cabais que as credibilizem e assegurem definitivamente.

São as dúvidas que, afinal, dão cor e beleza à vida. Um mundo sem dúvidas seria – creio-o – uma terrível pasmaceira ou, antes, uma insípida rotina capaz de destruir o mais atreito ao comodismo e à imobilidade. Os dias deixariam de ter interesse, pois, antecipadamente, seria conhecido o futuro.

Eu não gostaria de viver num mundo de certezas em que tudo estivesse, prévia ou dogmaticamente, estabelecido e inalterável. Isso seria “uma papa feita” em que ninguém necessitaria de pensar questionando o seu modo de ser e estar. Então – acreditem –, não seria possível a evolução física, social, económica, religiosa, moral etc. da Humanidade e de toda a Natureza. Que seca!....

- Vivam as dúvidas e quem as têm e as promove!!!

quinta-feira, março 27, 2008

Dia Mundial do Teatro

Alegria - (No meio da cena) – Sou Eros, sou alegria, prazer, bem-estar e Luz a brilhar no coração dos Homens!

Tristeza- (Entrando em cena) – Estou triste, bem triste, pois sou Tanatos! Sou o drama, a penumbra que entra e escurece a alma de quem a mim se entrega!

Alegria - Nós somos Teatro. Eu sou a palavra dita e o gesto que exprime a emoção de cada frase.

Tristeza - Sim! Somos Teatro! Eu sou o silêncio e a imobilidade que, quase sempre, dizem mais que o espalhafato e os discursos inflamados!

Alegria - Eu sou o Sol que berra à Lua para que se ilumine e se torne bela na noite sombria.

Tristeza - Eu sou o Luar que vagueia pela Terra quando muitos dormem para que possam gozar do descanso necessário.

Alegria e Tristeza - (Em coro, de mãos dadas, à boca de cena) – Vamos ao Teatro, porque o Teatro é… Vida, Paz e Amor!

- Cai o pano –

quarta-feira, março 26, 2008

Comentário

Sobre os "Sinais de Trânsito" recebi o seguinte comentário:

«O povo assim o diz, mas actualmente a demência já vem do banco da escola, onde nem os professores conseguem cumprir o seu dever correctamente. Não sei onde iremos parar, mas a cavalgar deste modo, para bem não é certamente.
Beijos
Gostei deste lugar
Pandora»

terça-feira, março 25, 2008

Sinais de trânsito

Os acessórios existentes à borda das estradas foram lá colocados para servirem os automobilistas, ajudando-os na navegação e facilitando-lhes a vida, de modo a evitar acidentes de consequências nefastas ou simplesmente desagradáveis.

É o caso dos espelhos côncavos existentes em certos entroncamentos que se lá estão é (devia ser) para possibilitar a visão da rua convergente, por forma, a que os condutores saibam se podem ou não avançar com segurança.

Pois é!... Só que, infelizmente, muitos desses espelhos já não se encontram correctamente orientados e, como é óbvio, não serve de nada estarem lá ou não estarem.

É um ciclo vicioso o que s e passa com muitos deles. Alguém, consciente e de boa fé, orienta o espelho para que cumpra cabalmente a sua função, mas – não se sabe como, nem porquê – passados dias (ás vezes horas) ficam, de novo, desorientados e imprestáveis.

Sucede algo parecido com as placas de sinalização e de informação que ou são mutiladas de parte da sua estrutura, ou são torcidas, deixando naturalmente de cumprir a função para que foram implantadas.

Quem faz e por que o faz? É questão para a qual não tenho uma resposta satisfatória. Mas que existe, lá isso, existe!

Fala-se muito em vandalismo gratuito. Será que é só isso? Não existirá por detrás de tudo algum inconfessável objectivo puramente terrorista ou comercial? Já se viram coisas piores! É que o alumínio, depois de fundido e transformado em lingote, não fala, mas… vale dinheiro,

Solução para tais problemas?

- Injecções de “boa educação e de muito civismo”, aplicadas desde o banco da Escola, porque «de pequenino se ensina o menino e torce o pepino.» – Diz muito bem povo.

sábado, março 22, 2008

Inteligência e Vontade

Um dia alguém me disse que «tudo o que eu quisesse, tudo conseguiria, pois era inteligente e isso bastava.».

Que ideia triste e falsa!...

É que – sei-o agora – não basta ter uma mente bem estruturada, capaz de raciocínios elaborados e bem definidos, é preciso – é fundamental – ter (também e sobretudo) uma estrelinha a luzir no nosso céu.

Há gente burra, por isso incapaz de conjugar pensamentos um pouco mais complicados, mas que, com toda a sorte deste mundo, consegue aquilo que os outros (os inteligentes), por mais que se esforcem, nunca atingirão.

Será uma incongruência da vida e da sociedade?

Admito, sem convicção, que sim! Todavia não deixo de afirmar que tal situação humano/filosófica, não deixa de ser uma realidade tão palpável que acaba por se tornar confrangedora e dolorosa.

Sem querer ser guru a aventar hipóteses incontestáveis e incontestadas (sempre fui contra os dogmas), direi, simples e sinceramente, que o problema existe, porque não temos em nós uma vontade férrea, capaz de virar o mundo do avesso e, assim, atingir aquilo que congeminamos em nosso “dotado” intelecto e titubeamos nos momentos cruciais das nossas “grandes” realizações.

Já o disse aqui: o importante não é ser inteligente, é ser esperto, não pôr nunca questões humanistas à frente de nós, e, desse modo, destituídos de escrúpulos, ir avante, apenas sob o impulso da vontade.

Não! Não sei e não quero ser assim!

sexta-feira, março 21, 2008

No dia da Poesia - "Dúvida Existencialista"

Eu já não sei o que sou,

nem sequer p’ra onde vou,

porém sei o que não sou

e sei p’ra onde não vou.

O que sou a ninguém cabe,

p’ra onde vou é mistério.

Tudo o resto Deus o sabe

e há que encará-lo a sério.

Se existir é fantasia

do tempo inexistente,

o Destino é uma via

que me deixa descontente.

Se é que “Cronos” não existe

– como dizem pensadores –

por que é que a tudo resiste

e me fere com mil dores?

quinta-feira, março 20, 2008

Amizade e Solidão

Num poema, o Professor Doutor Agostinho da Silva diz: «Cada vez gosto mais de menos gente.» Isto parece, na realidade, ilógico e um tanto egoísta.

Não! Bem pelo contrário! Quer simplesmente dizer que, há medida que vamos envelhecendo (ou amadurecendo), vamo-nos apercebendo que nem todos quantos nos rodearam nos querem (ou quiseram) com o mesmo amor que lhes demos.

Afinal, «nem tudo que luz (ou luziu) é ouro!...»

Nos tempos áureos da nossa vitalidade social, profissional, económica e humana os “amigos” são como moscas à volta do mel, em chusma bajuladora e servil. Depois… depois abandonam o barco como ratos anunciando naufrágio.

«Amigos cento e dez ou talvez mais, eu tive» – disse, num soneto, Camilo Castelo Branco –, mas quando cegou, só um restou e o escritor termina dizendo com certa mágoa, mas muita compreensão: «mas que cento e nove marotos!...»

No fundo, ressalta muitíssimo bem toda a mentira que, a mais das vezes, gira em torno daquele sentimento que devia ser sagrado e dá pelo nome de amizade.

Mas não! Os homens – digo; homenzinhos – amam quando precisam e recebem algum provento dessa “amizade”.

Por isso, parafraseando: cada vez mais amo menos gente!

Sim! O Verdadeiro amor fica restringido a menos pessoas: umas por a vida as ter levado para outras paragens, outras por a morte as ter tomado em seus braços, outras ainda por não terem sido sólidas em seu bem-querer.

Assim sendo, fácil se torna entender a solidão sentida e vivida por milhões de pessoas por esse Mundo fora.

«Que cento e nove marotos!...»

segunda-feira, março 17, 2008

Respeito pelos outros precisa-se

Cada vez me sinto menos capaz de entender, como é que, no início do século XXI, ainda há homens – digo governos, com letra minúscula – que não respeitem os direitos adquiridos por outros ao longo de muitos e muitos anos e, até, gerações.

Imaginem – mal comparadamente – nós portugueses, um povo pequeno com poucos recursos, sermos, agora, invadidos e molestados pelos nossos queridos amigos espanhóis, sob o pretexto de que este território, chamado Portugal, lhes pertence porque eles são maiores em espaço e em número de habitantes e porque, no passado, já fomos um território único que dava pelo nome de Ibéria ou Espanhas.

Qual seria o Lusitano que aceitaria, de bom grado, tão intempestiva intromissão?

Quando, nos séculos XVI e XVII, (reinado dos Filipes) tal sucedeu nós não gostamos mesmo nada e sacudimos essa opressão.

No entanto, tal unificação poderia ser viável, através de acordos, bem estudados e bem elaborados, em que ficasse, perfeitamente, salvaguardada a nossa identidade cultural, linguística, social, histórica, de liberdade religiosa e de valores essenciais de um povo, orgulhosamente livre e democrático, que “deu novos mundos ao Mundo”. Assim por que não?!... Nós não deixaríamos de sermos nós.

Todavia como está a acontecer com o Tibete, ah! Isso é que Não, de modo nenhum!!!

As Pessoas e os povos são para serem respeitados nos seus direito de identidade e na sua personalidade!...

sexta-feira, março 14, 2008

Economia, para onde nos levas?

Quando era garoto, minha avó materna dizia que o país estava em crise económica e que, por via disso, havia que desenvolver esforços para se economizar o mais possível e, assim, enfrentarmos o futuro, graças a algumas reservas postas no fundo da burra. Queria ela, naturalmente, dizer que é fundamental criar-se um pé-de-meia que assegure uma velhice menos apertada e mais confortável.

Entendo a preocupação de minha avó, mas… aqui é que está o busílis da questão, hoje é praticamente inviável, com salários e pensões de reforma totalmente inadaptados às oscilações altistas da inflação, tentar, sequer, fazer qualquer tipo de economia. E a crise começa aí!

Bem sei que a situação não é só nossa, já que, de modo bem evidente, todo o mundo vive e sente o problema, mas… (lá vem outra vez a adversativa) ao que se vê, ninguém faz nada para modificar este feio quadro.

Quem o podia e devia fazer aumenta, desregradamente, os combustíveis, numa especulação estupidamente tresmalhada, como touro fugido dos curros, correndo louco e sem direcção definida. Entretanto, o pânico criado vai enchendo os cofres de quem é, já, escandalosa e vergonhosamente, rico, enquanto a plebe continua a empobrecer e a cair numa miséria confrangedora.

É um mundo de injustiça social e de discriminação financeira o que se vive angustiosamente no início deste Século XXI!

Que fazem os governantes e os políticos de todo o Mundo? Como sanar, de uma vez por todas, este cruel estado de coisas? Será que já nada vale a pena e só resta esperar a destruição e a morte para a seguir, do caos, ser construído um Mundo novo?

Não sei! Todavia, não deixo de erguer a minha fraca voz, pois pode ser que alguém, com poder e com vontade, ouça e lute pela alteração deste triste estado de coisas. É da utopia que surgem as grandes realizações capazes de voltar as páginas à História!...

quarta-feira, março 12, 2008

Cega-rega

Março é o mês da Poesia e, por isso, durante este período, irei colocando aqui alguma coisa desse género. Hoje cá vai uma cega-rega, para os meninos desentaramelarem a língua.


O gato apanhou o rato,

O rato chiou ao gato,

O gato mordeu o rato,

O rato fugiu do gato,

O gato ficou sozinho,

O rato seguiu caminho.

É gira esta cega-rega,

Mas no meio da refrega

Ninguém topou a moral,

Que está lá, como é normal!...

segunda-feira, março 10, 2008

Homens e homens

Há homens e Homens. – Ouve-se dizer com frequência.

Não! Não basta um corpo belo e atraente que acaba por cair como folha no Outono. É preciso – é fundamental – ter cabeça e coração.

Cabeça para discernir e separar o trigo do joio e tomar decisões em seu proveito e dos outros. Coração para sentir e viver e preocupar-se com a dor e as dificuldades de quem o rodeia e, também, ter emoções e afectos a tudo e com tudo que o envolve.

Não quero ser homem esbelto e vazio a cair como folha seca no fim do Verão! Quero ser Homem preocupado e sensível e ser folha verde e perene pelo tempo sem Tempo!

sábado, março 08, 2008

A propósito de "Lutai, Mulheres!

O meu amigo de longa data (conheço-o ainda menino de calções), José Teles, a propósito do artigo “Lutai Mulheres!” que publiquei ontem neste blogue diz, com carinho e muito entusiasmo, o seguinte:

«Calema, que bom encontrar-te por aqui. Por aí, que bom encontrar quem, em coerência, levanta bandeiras, muitas...e todas elas no combate pela liberdade e dignidade humana.»

Nunca agi de outro modo, toda a minha vida foi (e é) uma constante luta pelos valores que tenho como fundamentais de qualquer sociedade que quer ser tida como civilizada e, de forma vincada, democrática.

Ser Homem é lutar, com todos os meios a seu alcance, pela liberdade de pensamento e acção, numa busca esforçada pela igualdade de direitos, mas também e sobretudo de deveres.

É que não há liberdade sem que se tenha o dever – digo, obrigação – de respeitar o nosso semelhante, numa fraternidade séria e sincera, fazendo-o com humildade e sem que os outros se apercebam, ou seja: sem alardes ruidosos, nem fogos de vista que estoiram e acabam por nada deixar, ou se deixam, é dúvida e dor, coisas que não são de aplaudir, e muito menos de legar.

Por isso: Viva a Liberdade e a Dignidade para cada ser humano! E viva quem por tal e para tal desenvolve seus esforços!

sexta-feira, março 07, 2008

Lutai, mulheres!

Amanhã (8 de Março) é Dia Internacional da Mulher.

Pois é! Que o seja!...

Mas que não seja, meramente, um dia de senhoras a confraternizar, a comer, a beber e a divertirem-se em reuniões frívolas sem objectivos e, por isso, sem qualquer interesse.

É preciso – é fundamental – que as nossas senhoras se juntem sim, e estudem e discutam os seus problemas, que lutem contra a discriminação em género; contra o assédio social e sexual na sociedade e no emprego; contra a violência doméstica, por parte dos companheiros ou dos filhos (quando adultos); contra a injustiça social; contra a desigualdade de salários; contra tudo o que as machuca e diminui como seres humanos dignos de respeito e consideração.

Elas são a razão primordial da Humanidade, sem elas, sem a dádiva do seu amor, e sem o seu aparelho reprodutor, este planeta, em que ainda habitamos, seria bem mais pobre.

Ó Mulheres de todo o Mundo, juntai a vossa voz e gritai a vossa indignação pelos vilipendios a que estais sujeitas hora a hora, dia a dia! Erguei a bandeira rubra do vosso querer e bradai, a plenos pulmões, a vossa revolta de séculos de subordinada sujeição!

Sede, enfim, a Mãe-Terra que tudo dá e a que tudo tem direito!...

quarta-feira, março 05, 2008

Comentário a mensagem deste blog

«Boa tarde, Exmo Sr. José Calema
Em primeiro lugar quero-o cumprimentar e saudar por ter notícias suas. Já agora, digo-lhe como obtive as mesmas. Hoje com 42 anos, sou Professor (Grão Vasco, em Viseu) e recordar que nos conhecemos já lá vão, 30 anos. Era eu escuteiro, aluno em 1977, na Festa Anual dos Escuteiros recitei um poema Seu, com o nome Revolução Cultural. Na altura, falámos algumas vezes, no âmbito de uma Associação Cultural, ligada ao Orfeão de Viseu e pelas consequência que tive em recitar tal poema, nuna mais o esqueci. Não sei se alguma vez soube, mas após ter recitado o mesmo, fui convidado pelo Padre Coelho, na altura, Chefe dos Escuteiros de Viseu, na Igreja do Carmo, a deixar os Escuteiros. Esta semana vou recitar o Poema,no âmbito de evento promovido pelo Agrupamento de Escolas de Sátão, na qualidade de Presidente da Associação de Pais (Apeagesatao), na semana da Leitura. Vim aqui participar no seu Blog, comentando a posição dos Pais, através da sua Associação Nacional, no encontro Nacional, em que participei, em Gondomar. Efectivamente o que aconteceu em Gondomar foi uma tomada de posição favorável em relação à Ministra, tendo-lhe sido pedida coragem para levar por diante as suas reformas. Naturalmente, como Pai e representante de uma Associação de Pais do interior, fui em parte surpreendido por esta postura, já que no decorrer dos trabalhos, apenas foi afirmado que os Pais deviam estar do lado dos Professores e que estes continuam a merecer a confirnaça de Todos. Já, quanto às reformas e em particular a avaliação, nunca ninguém se opôs, apenas muitos Professores se revoltam com o prazo da sua aplicação. Eu, como Pai, revolto-me com muitas situações que ocorrem na Educação, quando se diz que a Educação é para TODOS, quando ainda hoje, somos confrontados com o despacho de encerrar Escolas.

Pode perfeitamente ser necessário o encerramento de Escolas que tenham menos de 10 alunos, mas paralelamente a este despacho, deviam ser anunciadas as soluções e o garante que nenhum aluno, deixa de poder ir à Escola, esta com melhores condições, etc.

Também não partilho da Ministra e da Confap, quando a Ministra tem uma postura inicial de descrédito total dos Professores, tentando passar a mensagem que os mesmos não trabalham. Não trabalham alguns Professores como em todas as profissões.

Sou de opinião que todas as partes se devem sentar à mesa, a "negociar" discutir a reforma e TODOS encontrarem soluções exequíveis.

Quer como Professor, quer como Pai e mesmo na qualidade de Presidente do CE da Apeagesatão, não me revejo na tomada de posição da Confap, mas sim do lado dos Professores quando reinvindicam os seus direitos, quando aos prazos de implementação da reforma e quando encerram Escolas, quando não se apresentam e estudam alternativas e as garantias que nenhum aluno deixa de poder ir à Escola.

Agradeço-lhe a atenção dispensada e prometo vir novamente a este Blog, sempre que tenha tempo.

Sem outro assunto

Rui Martins

Que devo eu dizer mais? Só mesmo que lamento o amigo Rui ter deixado os Escuteiros por ter recitado um Poema de minha autoria que não agradou aos seus superiores. Afinal, para que serviu o 25 de Abril?...



segunda-feira, março 03, 2008

Professores e sua luta

Confesso que não entendo o que vai na mente das pessoas…

Quando multidões de professores, por todo o país protestam contra as políticas da Ministra da Educação, vêem-se, por outro lado, dirigentes das associações de pais a elogiar, de forma ostensiva e que me parece despropositada, as políticas e modos de actuação causa de toda a presente contestação.

E eu que sou leigo na matéria (embora, em tempos, até já tenha sido professor), mas que – parece-me!?... – não sou parvo, ouso, então, perguntar: de que lado está a razão, dos professores, dos sindicatos, das associações de pais, da ministra?

Eu sei que nem sempre as maiorias têm razão, pois é fácil obter bons resultados nas massas, através da euforia colectiva, as quais entram em efeito “bola de neve”, mas daí à bajulação pura e gratuita, como se viu, um dia destes, em que a Senhora Ministra foi “elevada aos altares”, numa santidade que é bem difícil de descortinar, vai uma distância abissal... (As reticências não são mero acaso).

Que se passa afinal? Brincamos com a democracia? Ou, simplesmente, queremos, como nos tempos da ditadura, impor ideias e vontades que doiem e traumatizam quem trabalha, honesta e profissionalmente, em prol das crianças e jovens deste país?

Haja, no meio desta crise social, um mínimo de coerência e decência!...