Um amigo meu que já não está connosco dizia algumas vezes que «os artistas são, quase sempre, mal interpretados e, por isso acabam a vida com grandes carências económicas,» o que – diga-se – não deixa, de certo modo, de ser uma verdade, embora um tanto cruel, mas, ainda assim, verdade.
Não foi esse o panorama no passado. São conhecidos muitos nomes que, ao longo da História, gozaram das benesses que a fama da sua arte lhes trouxe. A aristocracia, com posses, apoiava e protegia as artes, garantindo aos artistas a sua evolução técnica e intelectual e, de forma bem evidente, a sua sobrevivência como indivíduos especiais da Sociedade em que estavam inseridos.
É claro que o Tempo e a Mentalidade são, agora, bem diferentes! Não se vive em comunidades centradas no “Senhor” dos bens locais, onde as restantes pessoas dependiam dele, quer com a força dos braços; quer pela cedência através do aluguer, tanta vezes a preço exorbitante, das terras que eram seu sustento.
Daí que cada qual tem hoje de achar o melhor meio de Ser e de Estar sem que a sua coluna vertebral se anquilose em curvaturas de traumatizante servilismo. Ainda bem que é assim!
Ser artista, nos dias que correm, é difícil, muito difícil, afirme-se sem rebuço. Não basta ter talento e técnica para se vencer. Essas qualidades não bastam. Actualmente é necessário (é indispensável) ter, ao lado ou por detrás, uma máquina de marketing que apoie e empurre todo aquele que enverede pelos caminhos da Arte, seja ela qual for.
Porém – digo eu que sei disso –, nem sempre são apoiados e impelidos os melhores. Há por aí muita aberração técnica e intelectual a viver os benefícios de tais maquinismos.
É, facilmente, entendível que esses fabricados colossos, com pés de barro, mais cedo ou mais tarde, ruíram como castelo de cartas à mais pequena rajada de vento e… não ficarão para a História. E a selecção natural, por meio da sua lei implacável, os fará cair no esquecimento, apagando o seu nome da lista dos sublimes.
Só o que é bom e tem mérito é digno de ficar, quer pela reprodução de seus genes, quer pela elevação da sua Arte. Não tenhamos ilusões!...
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