Num poema, o Professor Doutor Agostinho da Silva diz: «Cada vez gosto mais de menos gente.» Isto parece, na realidade, ilógico e um tanto egoísta.
Não! Bem pelo contrário! Quer simplesmente dizer que, há medida que vamos envelhecendo (ou amadurecendo), vamo-nos apercebendo que nem todos quantos nos rodearam nos querem (ou quiseram) com o mesmo amor que lhes demos.
Afinal, «nem tudo que luz (ou luziu) é ouro!...»
Nos tempos áureos da nossa vitalidade social, profissional, económica e humana os “amigos” são como moscas à volta do mel, em chusma bajuladora e servil. Depois… depois abandonam o barco como ratos anunciando naufrágio.
«Amigos cento e dez ou talvez mais, eu tive» – disse, num soneto, Camilo Castelo Branco –, mas quando cegou, só um restou e o escritor termina dizendo com certa mágoa, mas muita compreensão: «mas que cento e nove marotos!...»
No fundo, ressalta muitíssimo bem toda a mentira que, a mais das vezes, gira em torno daquele sentimento que devia ser sagrado e dá pelo nome de amizade.
Mas não! Os homens – digo; homenzinhos – amam quando precisam e recebem algum provento dessa “amizade”.
Por isso, parafraseando: cada vez mais amo menos gente!
Sim! O Verdadeiro amor fica restringido a menos pessoas: umas por a vida as ter levado para outras paragens, outras por a morte as ter tomado em seus braços, outras ainda por não terem sido sólidas em seu bem-querer.
Assim sendo, fácil se torna entender a solidão sentida e vivida por milhões de pessoas por esse Mundo fora.
«Que cento e nove marotos!...»
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