Dói-me a alma e estoura-me o coração, pois recebi hoje, em correio electrónico, uma proposta para a publicação do meu romance «Sei?(!) Não sei!(?)» em que, afinal, a editora o que propõe, de forma descarada, mas vestida num invólucro de muita educação e dissimulação, mais não é do que uma mera edição de autor, já que todos encargos correm por nossa conta e risco. É o consumismo e o lucro a imperar simplesmente nas coisas da cultura.
Pobre daquele «em quem luz algum talento»!.... Todavia esse fenómeno não é de agora. Fernão Mendes Pinto só teve a sua universal “Peregrinação” posta em letra de forma cerca de trinta anos após a sua morte e Fernando Pessoa, em vida, apenas viu publicado o seu livro “Mensagem”.
Que havia eu de querer se sou apenas mais um escritor/poeta perdido na multidão, sem capitais e sem “máquina promotora” a empurrá-lo? Quem sou eu? Talvez mais um zero à esquerda entre milhares neste país onde é difícil viver ou, somente, sobreviver.
Vamos em frente que o mundo não acaba hoje!...