sábado, abril 09, 2011

Dúvida

Já o disse por varias vezes e de vários modos, o Mundo – terra e homens – vive os estertores de um “tremendo” e doloroso parto.

Em face disso, torna-se impossível fazer previsões, a longo e mesmo a médio prazo. Se ontem era desta forma, hoje já não o é. Amanhã não o sabemos. Dantes era fácil calcular futuro com larga margem de tempo, mas neste momento as coisas, os factos e o pensamento dos homens alteram-se a cada minuto.

Não é ainda o caos, no entanto as pessoas vivem debaixo de grande tensão, temendo o que sucederá a seguir. Daí surge instabilidade, dúvida e desorganização. Queremos e não sabemos o quê. Caminhamos sem conhecer a rota e o destino final.

E este estado perturbado de estar na vida leva-nos a uma angústia atroz que, por seu turno, nos atira para depressões de difícil diagnóstico e quase impossível cura.

Então, o que fazer?...

Simplesmente viver o quotidiano com o ar de quem nada sabe e nada quer e seguir adiante, a buscar e a gozar cada momento como se fosse o último, melhor, como se for o primeiro de muitos que hão-de vir.

Hoje, para se ser feliz, tem de se viver, apenas e só, um dia de cada vez, pensando: o que for será!...

quinta-feira, abril 07, 2011

FMI ou FEEF - "Vem aí o Papão"!...

Ontem, depois da comunicação do 1º Ministro ao país, a dizer que íamos recorrer à ajuda económica externa, uma ex-colega de jornalismo, que estimo com muito afecto, para encerrar a edição do seu jornal, telefonou-me, com imenso senso profissional, para que, do alto da minha idade e muitas lembranças, lhe dissesse, usando da vivência anterior, o que foram esses tempos em que o FMI “geriu” Portugal.

Respondi-lhe que a maioria dos portugueses nem se apercebeu que estávamos sob “tutela” financeira vinda de fora.

Os tempos eram outros, a vida era outra. Estava-se ainda no uso do escudo como moeda em Portugal. As pessoas individual e familiarmente não estavam, ainda, sufocadas com a dívida da casa, do carro, dos electrodomésticos. Vivia-se do rendimento do trabalho, já que o desemprego não imperava e subjugava, como sucede actualmente, por outro lado, havia muita gente (quase a maioria) que gozava a exploração de um pequeno naco de chão, donde obtinha umas couves, uns tomates e/ou umas batatas e feijões para botar na panela o que, raramente, acontece no presente.

Portugal, por essa altura, não se subalternizava ao jugo esganador da Europa avarenta, gananciosa e comandada pelos interesses mesquinhos da Banca sempre ávida de lucro.

Mas não tenhamos medo, pois, no passado, já vencemos mil apertos e aflições e, galhardamente, “a lamber as feridas” sempre soubemos ir avante e continuar a ser “Nação valente e imortal”.

terça-feira, abril 05, 2011

Honra e Glória à Inteligência

A minha gata, quando a brincadeira lhe não convém, tem sabedoria bastante para se esconder algures, mesmo que deixe o rabo de fora. Julga ela, por certo, que nos engana. Talvez não nos aldrabe, mas, pelo menos, ganha tempo e fôlego para uma nova diversão.

Este comportamento instintivo dos bichos, faz-me lembrar alguns políticos ronhentos a pararem, por pequenos períodos de tempo, para, de repente, contra-atacarem com suas tendenciosas estratégias e, vitoriosos, “levarem a água ao seu moinho”.

É o chamado “jogo do gato e do rato” em que a inexperiência do pequeno roedor o faz cair no engodo do desinteresse do predador, caindo-lhe facilmente na goela ávida e gulosa.

Louvores a quem e para quê?!...

Eu não gosto de ratos, mas simpatizo (e muito) quando eles se mostram suficientemente inteligentes para escaparem às malévolas intenções do predador. È um pouco como nas touradas. Divirto-me se o touro se torna esperto e leva de cambolhada os forcados que, depois de tão maltratado, ainda o querem humilhar, agarrando-o à córnea ou à barbela.

Tudo isto vem a propósito da entrevista que José Sócrates concedeu, ontem, à noite, à R.T.P., em que o meu amigo Vítor e a Sandra, inexperientes perante muita prática, foram atirados pela arena, como forcados na frente de um touro astuto e com força para dar e vender.

E pronto, ficou tudo dito…!

domingo, abril 03, 2011

Saudade...

A minha muito querida Amiga (com A maiúsculo) Maria Azevedo, escreveu, no Facebook, o que a seguir transcrevo e que revela quanto amor e sensualidade trouxe da sua terra – toda plantada no meio do Oceano Atlântico – e que lhe enche a alma de poetisa e de mulher a transbordar sensibilidade, por todos os poros de seu corpo e pelos refegos recônditos da sua alma.

«... Ilha, o cheiro de terra, o som das calemas, o segredo dos búzios... Em sonhos altos p'las manhãs... Deixo-os soltarem-se, os mais escondidos, agitados, na brisa vinda de longe, hábeis como teias e palavras, os meus lugares, como searas, chuvas e ondas... E fico sentada no alto do monte, fingindo marés, no lugar sereno das memórias...!»

Este sentimento perene e, também, fremente que assim escorre, da ponta de seus dedos tocando as teclas do computador, foi levado para as “suas” ilhas açorianas, pelos marinheiros de Corte Real, nas cordas duma velha viola e chama-se: Saudade.

A vivência da Saudade não se explica, sente-se e vive-se com alegria e tristeza, prazer e dor e deixa-se fincar no coração, em horas de nada fazer.

Ter ou sentir saudade de algo, não é melancolia, nem espera do que virá, é – ó Deus! – o sonhar com sensações já vividas e que, talvez, não tornarão mais.

Quede-se tudo o que já foi e não volta, mas guarde-se o bom que a memória nos pode dar!...

sexta-feira, abril 01, 2011

"Censos 2011"

O Instituto Nacional de Estatística fez este Censo, ao que se vê, não para ser um instrumento de consulta e esclarecimento sobre o panorama humano português, mas, simples e legalmente, para cumprir calendário.

É triste que se tenha olvidado a questão de “quantas pessoas existem em Portugal com deficiência, e de que tipo de deficiência são portadoras?”

Enfim, perdem-se oportunidades soberanas de conhecer a realidade humana deste país que (quase) vai navegando num pélago “sem rei, nem roque”.

Será que, no Instituto, os funcionários não têm ou não conhecem pessoas com deficiência, para que assim as esqueçam? É lógico que eu (ninguém) não acredito em tal coisa! Então, por quê o esquecimento? Foi uma atitude política, para esconder a realidade? Receberam instruções superiores nesse sentido?

A confusão existe e persiste na mente das pessoas bem intencionadas e com desejo, efectivo e afectivo, de ajudar quem, na verdade, bem precisa.

É certo que a Vida, com e sem “censo”, prosseguirá seu rumo, de confusão e omissão, e o “navio nacional”, aos baldões, terá de singrar até, um dia, encontrar uma praia de abrigo, onde possa fazer aguada, varado na areia Contudo, bem mais fácil se tornaria, ao comandante, se tivesse, na sua carta de marear, coordenadas bem definidas e devidamente actualizadas.

- «Arriba, arriba meu gajeiro! Sobe ao mastro real, vê se enxergas terras de Espanha, areias de Portugal!...»