Há mais de cinquenta anos, dizia meu pai, numa metáfora e com ironia, que “quem sobe os degraus duma faculdade, logo se julga doutor e já não quer sujar as mãos com trabalho, só quer mandar.”
Talvez por esse espírito tacanho, de alguns (muitos) portugueses, estejamos a viver as dificuldades destes dias. Não soubemos guardar os excessos, nem fomos capazes de criar novas coisas e preguiçamos, preguiçamos disparatadamente. A vida era-nos fácil. Parecia que tudo nos caía do Céu, qual maná, no deserto, aos judeus em busca da “terra prometida”.
E Portugal ficou de monte, com terra e terra por cultivar, fugindo á quadra do poeta de S. Pedro do Sul, António Correia de Oliveira que diz: «(...) quando a preguiça morrer | até o monte maninho | dará rosas, pão e vinho.»
A fome, que já assola muitas famílias, está a fazê-las retornar à terra, a cultivar as abandonadas leiras, todavia ainda não é bastante. È urgente que as terras, de pousio, voltem a ser aradas com uma agricultura inteligente, científica e produtiva, mas não gananciosa e poluente que as deixe exauridas e contaminadas.
E… se houver excesso, pela boa qualidade dos produtos obtidos, que se exporte, criando riqueza e, de certo modo, emprego para quem dele carece, para que lhe não chamem de “geração à rasca” e sim, de “geração desenrascada”, que soube arregaçar as mangas e, suando as estopinhas, trabalhar a terra, tirando dela quanto ela tem para dar.
Que mais há para dizer?!...
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