domingo, janeiro 16, 2011

Ainda “Janeiras e Reis”

De um modo geral (há, no entanto, algumas excepções) os cantares do Cancioneiro Popular que cantam os “cueirinhos”, “paninhos” e fraldinhas do Menino Jesus a serem lavadas no rio, ou a serem estendidas ao sol nas suas margens; além de outras que dizem que o pequenino filho de Maria dorme nas palhinhas da manjedoura enquanto os Anjos, Sua Mãe e José velam e cantam de mansinho, são canções de embalar.

A propósito, é bom referir, essas simples, ingénuas e lindas canções que serviam para adormecer os mais pequeninos, por (saudável e terna) adaptação, foram integradas, pelo povo, em muitos dos cantares levados, de porta em porta, no período da colecta de Janeiras e Reis.

Vem isto a contexto, por eu, ontem, no III Encontro de Cantares de Janeiras e Reis, realizado pelo Rancho Folclórico “Verde-Gaio” de Lordosa, ter reparado que dos quatro grupos que actuaram, pelo menos três, apresentaram cânticos com essas características.

E isso é bem mais notório, quando as estrofes retiradas das velhas “canções de embalar” são cantadas a solo, não fazendo parte do refrão, o qual, por seu turno, se afasta da doce ternura da poética entoada pelo(s) solista(s).

E, ignorantemente, ainda há quem diga que o cancioneiro popular é naif, quando, de ingénuo, ele nada tem, bem pelo contrário…

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