segunda-feira, outubro 25, 2010

Solidão no meio da multidão

O meu saudoso amigo Celestino Soares, esteve, no fim de seus dias, internado num Lar ou Centro de Dia (?) para pessoas idosas, mas – segundo me disse – vivia angustiado com a solidão que o invadia, pois estando num lugar cheio de pessoas não tinha com quem dialogar.

É verdade!

Estar no meio da multidão não retira de nós o doloroso sentimento de solidão se, quem nos rodeia, nada tiver em comum com os nossos gostos, as nossas vivências, os nossos conceitos sociais, morais, culturais e humanos. É estar num deserto psicológico que nos esmaga, magoa e aniquila.

Não ter com quem partilhar ideias e modos de Ser e de Estar é pior que ser metido num quarto escuro, onde a imaginação pode soltar-se e, com naturalidade, criar cenários fantásticos de beleza inigualável.

Um agricultor gosta de falar dos (seus) agros; um criador de gado delicia-se a contar os partos das suas vacas; uma ama maravilha-se a descrever as traquinices dos (seus) meninos, mas um artista, um poeta e um animador cultural, por maior que seja a sua cultura e capacidade de adaptação ao meio, acaba por se entediar com temas que são dos outros, mas que (a ele) nada dizem.

O Ser Humano tem destas coisas. Só ama e se insere numa comunidade com a qual se identifique. De contrário é o isolamento, a solidão física, mental e social.

Como eu temo a solidão no meio da multidão!...

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