segunda-feira, junho 09, 2008

Poesia em prosa que podia ser em verso

Esta madrugada dei comigo a pensar e a tirar da memória coisas que elaborei e não fixei em suporte que as eternize, em graciosa entrega aos vindouros que, gostosamente, nos hão-de suceder.

Se todos os poemas, que congemino na minha cabeça, tivessem sido escritos, eu já não teria gavetas, nem baús onde guardar tanta papelada.

Se todos os poemas, que congemino na minha cabeça, tivessem sido escritos, eu já teria sido expulso desta sociedade, demasiado adulta em que estou inserido e que é incapaz de aceitar toda a infantilidade que me vai na alma e, às vezes, também no corpo.

Se todos os poemas, que congemino na minha cabeça, tivessem sido escritos, eu já teria sido internado num manicómio, porque os homens, hoje, são, excessivamente, sérios para permitirem todas as loucuras e fantasias que me vão na mente e atingem, por vezes, também o meu dolorido e cansado corpo.

Se todos os poemas, que congemino na minha cabeça, tivessem sido escritos, eu teria já perdido os dedos de tanto escarafunchar na terra, em horas de desespero, e a voz de tanto bradar no deserto as dores das injustiças que me atingiram como balas de canhão.

Mas, ainda assim, vou continuar a não escrever tudo o que penso, porque quero manter-me criança e louco e não me afogar entre palavras e papeis, pois, só desse modo, poderei ser feliz e… ser Homem.

Eu quero ser, verdadeiramente, Homem!!!

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