Nunca me quis ligar à política, através da militância num qualquer partido, nem mesmo no pós 25 de Abril, quando a euforia da liberdade invadiu as pessoas ávidas de falarem e conhecerem ideias e princípios, já que, por mor dos 48 anos vividos na ditadura fascista, poucos eram os que tinha algum saber e vivência sobre tais assuntos. No dia 26 de Abril de 1974, por medo ou por outra qualquer razão, toda a gente se dizia revolucionária e contra o regime acabado de derrubar.
E milhares de indivíduos – desorientados pela voragem duma conjuntura de exageros e dúvidas sem dimensão – refugiaram-se, como salvaguarda da sua integridade social, económica e física, no M.D.P./C.D.E. (Movimento Democrático Português, antiga Comissão Democrática Eleitoral). Eu, por razão de desemprego e absoluta necessidade de comer e dar de comer à família, fui convidado para ir lá fazer, à noite, um part-time, por isso sei bem do que estou a falar.
Depois foram os assaltos às sedes dos partidos mais à esquerda do P.S. (actos de muito triste e feia memória na democracia nascente) e, como coelhos acossados por furão de caçador, foi a debandada – um para cada lado – dos (ditos) membros dessas formações de jaez político.
Para mim as coisa mudaram, pois arranjei outra forma de sobreviver, com dignidade e, agora sim, com liberdade. Todavia, apesar de tudo, nunca verguei a cerviz aos favores da política ou dos políticos e daí sentir-me feliz e liberto para dizer e pensar o que e como quero, sem ter de me sujeitar à obediência disciplinar de nenhum partido ou organização política.
Talvez, por esse motivo, não entendo a arrogância e, sobretudo, os métodos populistas e demagógicos que os políticos utilizam para se servirem e não para servir a coisa pública.
Assim, desgraçadamente, sinto-me enojado com os políticos deste país que, afinal, poderia ser um oásis numa Europa a caminhar, ninguém sabe, lá muito bem, para onde, nem para quê.
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