Se alguém “fez a travessia do deserto”, no sentido metafórico da expressão, é porque retornou de um qualquer período em que, protagonisticamente, se apagou, aos olhos do mundo, e esteve envolvido em profunda introspecção pessoal.
Também se usa essa mesma expressão quando alguém se ausenta e, portanto, durante algum tempo não é visto, nos locais habituais à sua presença.
No entanto, nesses espaços temporais, não deixa de haver uma ou outra pessoa que dê por essa ausência e faça uma grande festa quando volta a dar de ventas com o nómada que “fez a travessia do deserto”.
A mim tem-me sucedido isso. Das vezes que tenho estado fora da minha cidade, ou que me não vêem um pouco mais delongadamente, ao reencontrarem-me, mimam-me com expressões reveladoras do quanto me estimam. Estou, é claro, a falar dos verdadeiros amigos, pois aos outros «tanto se lhes faz como se lhes fez.»
Ser amigo, afinal, é isso mesmo: ser lembrado e desejado durante as ausências.
Quantas amizades dessas existem nos dias que correm?...
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