quarta-feira, junho 20, 2007

Tradições

A variedade é uma forma de escapar à monotonia, melhor: à rotina cansativa e, talvez, provinciana do dia a dia de uma zona do globo que, quer queiramos quer não, continua ainda mergulhada na terra, sorvendo avidamente o húmus de uma ancestralidade rural que a envaidece e faz inveja a muitos povos dessa Europa, impante da sua história, mas que, por mor das suas revoluções industriais, perderam, em grau acentuado, a sua identidade tão cheia de tradições, usos e costumes severamente a cheirarem a feno e a flores.

Serve isto para dizer que nos orgulhamos do nosso provincianismo, pois ele vai no bom sentido, mantendo-nos com ânimo para o cultivo de valores que dignificam a nossa cultura e humana condição. E isto porque ainda se vivem e amam as coisas belas que a Mãe Natureza nos põe à disposição, apesar dos maus-tratos que, a cada momento, lhe infringimos, desrespeitando as dádivas ofertadas em bandeja florida do mais requintado, artístico e afamado cinzel.

As Festas a S. João, celebradas com entusiasmo em imensos lugares de Portugal, com fogueiras de rosmaninho ou outros aromáticos combustíveis mais nada são do que reminiscências das célticas celebrações, em que os druídas saudavam, com grande alarido, a chegada do Verão, acendendo fogueiras votivas no cimo dos montes, pedindo à grande Deusa a concessão em, dádiva forra, de cereais e frutos no tempo das colheitas.

Paganismo? Sim, porque não seguidor de princípios cristãos preconizados pelo Santo percursor! Não, porque amante da Natureza e da Vida como o é a estação da gestação úbere de todos os agros desta velha Ibéria e, por isso, dentro dos parâmetros da pregação do Santo que comia mel, bagas e gafanhotos e pregava a sobriedade e a virtude das coisas simples!

Todo o nosso passado é algo que urge não perder, muito embora tenhamos de separar o trigo do joio, aproveitando um e queimando o outro.

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