quinta-feira, junho 21, 2007

Inveja

Dizia-me, já lá vão longos anos, o meu amigo de infância e juventude José Luís Ferreira: «Estou a escrever tão bem que até tenho medo!»

Na altura, achei que era mais um dos exageros megalómanos do Zé e não liguei importância à frase, pois, diga-se, também não a entendi. Agora, olhando para trás, compreendo todo o sentido daquela asserção.

Quando alguém porque é empenhado, abnegado, talentoso, artista e, sobretudo, competente, logo cria, naqueles que não têm ou não se esforçam por possuir tais qualidades, um profundo sentimento de inveja e (quem sabe?) de revolta, pela sua incapacidade, que, de uma forma ou de outra, afectará, pela energia negativa irradiada, o ser alvo dessa mesma inveja.

O susto de quem faz (bem ou mal, isso até, se calhar, nem é importante) reside na reacção ou reacções dos outros, daqueles que nada fazendo, nem tendo ideias, quando vêem algo que não conseguiram (quando tiveram tais condições) realizar, talvez para se desculpabilizarem da sua inércia, têm a língua afiada para a crítica, destrutivamente, acérrima àquilo que, de bom, alguém executou.

Esta análise é válida em todos os campos da actividades humana, mas torna-se, muitíssimo, mais visível na área da política e dos políticos, em especial daqueles que, tendo possuído o poder, não foram capazes de mexer uma palha, no sentido da melhoria das situações t idas como anómalas.

Quem tem ideias, realiza coisas e, por isso, vai à frente no tempo, não pode sentir-se imune aos tiros que, os que ficaram para trás, de certeza, vão disparar. Daí eu entender, hoje, toda a razão do medo sentido pelo meu amigo Zé Luís.

E não vale a pena dizer mais nada!...

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