Num passado, de há pouco mais de quarenta anos, os campos em Portugal eram como um jardim – todos cultivados e a produzirem agros de todas as espécies. Hoje o que mais se vê são hectares e hectares de terra abandonada e tornada em matagal sem préstimo, porque improdutiva.
A que atribuir tal panorama? São inúmeros os factores que causaram e continuam a causar o fenómeno.
Até aos meados do século XX, a iliteracia, por um lado e a falta de indústria que ocupasse muitos braços, por outro, obrigavam as famílias, carregadas de prole, a aproveitarem todo esse caudaloso manancial de mão-de-obra, a utilizarem-no numa agricultura que agradava à vista, mas que mais na era do que uma mera forma agrícola de subsistir à fome a que só alguns escapavam. A agricultura – dizia-se – «era a forma de se empobrecer” alegremente”!» as aspas, neste caso, põem em causa a alegria dos agricultores, já que não pode haver alegria na míngua.
Depois veio a emigração para as grandes urbes e para o estrangeiro e começou, em muitas aldeias, a desertificação e o panorama que agora temos.
Entretanto, empresários vindos de fora, com outros modos de ver e cultivar, estão a adquirir algumas das terras que se encontram de monte e estão a começar a tirar bons proventos dessa atitude empreendedora.
Por quê?
Primeiro, porque ao adquirirem as propriedades pulverizadas em mil parcelas (à boa maneira egoísta dos portugueses «do divide e subdivide para que todos tenham um niquito no mesmo sítio»), logo trataram de emparcelar, acabando com muros, arretos e comoros, que não permitem o trabalho de um tractor ou de qualquer outra máquina agrária.
Segundo, fizeram um estudo sobre qual a melhor cultura a desenvolver no local, de modo a obterem as melhores colheitas, em quantidade e qualidade, seguindo um plano predefinido e elaborado com rigor, sem o desenrascar que nos é característico.
Isto deixa que pensar…
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