Há expressões no léxico popular que, embora engraçadas pela sua tipicidade e ingenuidade, não deixam de carecer de alguma boa vontade, para serem aceites e, francamente, entendíveis, por quem não conhece bem a nossa língua. Por exemplo, um clínico vê um doente e, depois da consulta, alguém quer saber notícias através de um familiar e a resposta surge, com naturalidade: «o médico torceu-lhe o nariz!» O que a pessoa queria dizer com tal afirmação (ou frase feita ou idiomática) era, simplesmente, que «o doente não estava nada bem!»
Fazendo humor sobre o caso diríamos: - Bolas! Já não lhe bastava a doença, quanto mais o médico pôr-se a torcer o nariz ao pobre do enfermo! Coitado do infeliz!...
Houve, nos finais dos anos 50 do século XX, em Viseu, um escrevinhador, em semanários da região, que apunha, no cabeçalho dos seus escritos (diga-se: arengas medíocres, mas bem fascistas), a seguinte asserção: «quando o Mundo passa torto à minha porta, dou-lhe um pontapé.»
Pobre Mundo, se já ia torcido e a cambalear, com um pontapé… Imagine-se só como ficava depois de, tantas vezes, ter passado à porta do tal fulaninho!...
Felizmente um punhado de Capitães fez o 25 de Abril em 1974 e “a mula da cooperativa” (era assim que chamávamos o tal sujeito) perdeu o pio porque senão o “Mundo” estaria hoje, de certeza, totalmente paralítico com tantos pontapés. Oh! se não estava!?...
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