Por que é os Cátaros consideravam a adoração da cruz como um acto fetichista e de paganismo primário? Então a Cruz não é o símbolo da redenção da humanidade, como em pequenos nos ensinaram e, por isso, até trazemos uma ao pescoço?
Para a maioria dos cristãos é evidente que sim! Ao analisarmos atenta e desapaixonadamente os factos, verificamos que outra forma de morte não poderia ter sido escolhida por Deus quando traçou o Plano da Salvação dos homens, pois, para a época, outro instrumento não havia mais doloroso e ignominioso. Ora a morte de Cristo tinha de ser um acto de grande humildade do próprio Redentor, que, com grande sentido de submissão ao Pai, tudo aceitou. Por outro lado, a cruz é o cruzamento de dois paus: um na vertical e outro na horizontal. Este significa o abraço de amor a toda a humanidade. O vertical pretende elevar-se e elevar-nos até à transcendentalidade, até Deus. Para que tal fosse bem visível outro instrumento não havia que não fosse a Cruz. É, no entanto, bem certo que os primeiros cristãos, muito especialmente os de Roma, se não identificavam pela cruz, nem com a cruz, mas por e com um peixe que resulta de ICTHUS, cuja palavra é formada pelas iniciais Iesous Christos Theou Ulios Soter que se traduz por Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador. A cruz, todavia, é bem mais simples e fácil de desenhar que qualquer outra marca identificativa, qualquer um sabe traçar uma cruz, até que seja só de forma mímica, num gesto aéreo feito com uma das mãos. A cruz é também o sinal mais ( + ), ou seja o sinal que revela toda a positividade matemática da nossa vi(n)da, como já sucedia com os antigos egípcios, para quem a cruz era um símbolo de vida e, muitíssimo antes de terem contactado com os cristãos, para os astecas ela constituía um símbolo sagrado. A cruz não se julgue que é um exclusivo dos cristãos, pois séculos antes de Cristo, já os escandinavos assinalavam as sepulturas dos seus reis com esse sinal. É evidente que, como é da tradição, a cruz da crucificação de Jesus e as dos “ladrões” que o ladearam era em forma de tau (T) ou seja da letra do alfabeto grego correspondente ao tê, isso não lhe retira a riqueza simbólica que anteriormente referi. Por isso, talvez a sua adopção pelos cristãos e não, de um modo mórbido, como interpretavam os Cátaros, de veneração ao instrumento doloroso de tortura e morte Daquele que só foi e se revelou autêntico Filho de Deus pela Sua Ressurreição. Cristo se não tivesse Ressuscitado de entre os mortos teria sido, tenho disso a certeza, como muitos outros, antes e depois Dele, apenas um homem (Sublime é certo, em seus ensinamentos), mas nada mais do que isso.
(Do meu romance a publicar «Sei!(?) Não sei?(!)»)
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