«O saber não ocupa lugar» – diz o povo e, penso eu, com imensa razão!
Há quem diga que estamos a viver a Era dos Velhos em Portugal, já que a população do nosso país mostra fortes índices de envelhecimento.
Este quadro se, por um lado, nos parece bom, porque «cada velho é – dizia-se num passado pouco distante – uma autêntica biblioteca a que se pode ir buscar a ponderação de muito saber acumulado», pelo lado da realidade dos factos, é bastante falho de verdade. Atentemos bem e veremos que qualquer recipiente para guardar seja o que for, precisa de um tratamento prévio afim de que aceite aquilo que pretendemos seja armazenado com vista à sua futura e proveitosa utilização.
Quero com isto dizer que, infelizmente, temos uma imensidade de pessoas idosas que por não terem tido, na sua infância e juventude, acesso à instrução, são hoje os tais recipientes que pouco de útil puderam guardar para deixar à geração que se lhe seguiu e daí, mormente o muito respeito e carinho que lhes é devido pela sua idade e por serem a razão de cá estarmos agora, não terem a força de uma sólida sabedoria acumulada, capaz de fazer com que o «mundo pule e avance», como afirma António Gedeão, na sua Pedra Filosofal.
Bem sei que o que acabo de escrever é bastante polémico e controverso, mas se o faço é para estimular tudo e todos para a necessidade absoluta de diminuirmos a iliteracia que, em percentagem tão elevada, ainda impera em Portugal e nos aflige de forma bem vincada.
“Sei que nada sei” e nada posso, mas, mesmo assim, atiro a pedra ao lago para que as águas se agitem e formem uma onda que chegue às margens e mude alguma coisa.
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