As palavras são filhas da mente humana e, por isso, logo que proferidas ficam sujeitas à interpretação do ouvinte que – consoante a sua cultura ou os seus princípios morais ou, ainda, os seus interesses pessoais – lhes dá o mérito que lhe convém e não aquele que o emissor pretendia e, naturalmente, seria seu desejo.
Vem isto a propósito de um sonho que tive esta madrugada em que, não sei onde, nem porquê, nem como, nem para quê, eu tinha de fazer o discurso de encerramento do tal misterioso evento e, porque na altura em que chegou a hora “de deitar bocas” – como soa, em gíria, dizer-se – estavam já só algumas pessoas na sala, comecei agradecendo «aos valorosos guerreiros que brava e empenhadamente tinham levado o combate ate ao fim, pois mais valia poucos e bons do que muitos e ruins…» enfim, trivialidades que tantas vezes se atiram ao ar e não se sentem.
No final, uma senhora com forte pronúncia italiana, toda abespinhada veio a mim dizendo que a ofendera «porque chegara só na hora do meu discurso, mas viera, pronta para o que fosse preciso». Arrogantemente – reconheço-o agora – ripostei que «combatentes voluntários de fim de batalha não são precisos para nada.» Esqueci-me eu que é depois dos temporais que todos os braços são necessários para a reparação dos estragos e que toda essa força de reconstrução tem de actuar em uníssono num só objectivo: o bem-estar de todos no futuro.
Futuro? Qual é o futuro de Portugal se não há concentração de esforços num só objectivo? Será que mesmo no meio da crise que vivemos, ainda se luta pelo poder? Ó Meu Deus! Assim, onde vamos parar?...
Sem comentários:
Enviar um comentário