Natal é nascimento dum ser humano. É o surgir de uma vida preciosa. O Homem não tem preço, a sua dimensão é algo que o transcende e lança no cosmo, igualando-o e dando-lhe – como refere o texto bíblico – similitude divina. Natal é todos os dias e a todas horas, «é – diz o poeta – sempre que nasce uma criança do ventre de uma mulher.» Mas Natal é – também – uma efeméride que o calendário Gregoriano regista, todos os anos, em 25 de Dezembro (embora a ciência actualmente afirme, fazendo análise à história e seguindo os novos dados da astronomia, ter sido a 19 de Setembro), para assinalar o nascimento de uma criança que “revolucionou” o pensamento e a conduta de muitos homens do seu tempo e de imensos outros que vieram depois.
E essa criança desejada e anunciada, desde há muitos séculos, pelos profetas; amada, na hora do seu nascimento, pelos humildes e puros de coração, dizem os evangelhos; procurada, ciosamente, pelos “magos” da altura que souberam ver, (provavelmente) na conjunção de planetas, o indício de uma nova era religiosa nas sociedades humanas e odiado pelos poderosos, desse tempo e das gerações que se lhe seguiram, que consideravam como subversivos os seus ensinamentos, perseguindo todos aqueles que entendem ser boa linha de conduta lutar pelas causas justas que conduzam à igualdade, fraternidade e liberdade de todos os homens, num verdadeiro sentido de construção de um mundo melhor.
Essa criança – repete-se –, humanamente igual a todas as outras, cresceu e foi Homem e foi dínamo de novas energias, duma nova força filosófica, social, económica e religiosa. Esse homem – génio diferente de quantos pisaram a Terra antes e depois dele – foi a prova acabada da similitude com o próprio Deus, porque, tal como nós, partícula indivisível dessa mesma Energia Universal, ainda que a “centelha” (Dele) fosse bem mais intensa que a de cada um de nós. Essa criança a quem chamaram de Emanuel, Messias, Jesus e Cristo era, para além da enorme essência divina de que estava imbuído, sobretudo, um homem bom que amava todas as coisas e todos os seres viventes e que sofria, numa solidariedade inultrapassável, as dores de todos os oprimidos e, por isso, condoído, dava conforto, lenitivo e “cura”, pela sua enorme capacidade psíquica, às maleitas físicas, mentais e espirituais de quem dele se abeirava.
Natal é o acto de dar sem condicionalismos, nem demora. É Amar e Viver a alegria própria e a dos que estando carentes, numa solidão sem culpa, sentem e sabem que ainda existem almas capazes de lhes enviarem uma flor, uma fatia de bolo, um agasalho para os rigores do Inverno e, quanto mais não seja, um simples, mas muito terno, beijo ou uma palavra plena de afecto e sinceridade. Natal é pensar nas pessoas com deficiência carecidas de apoio, nos idosos que chegaram ao fim de suas vidas de mil canseiras pobres e abandonados, nas crianças famintas de pão, de carinho e de amor. Mas... Natal não pode ser esmola, nem nada que se lhe pareça. Natal não pode ser filantropia de instituições de benemerência, nem de clubes de serviços com gente bem instalada na vida, mas árida de vivências que não sejam a sua futilidade.
Natal é ser Homem – em toda a dimensão do termo – é entender, viver e sofrer com o próximo as suas angústias e dores. Natal é – numa palavra – Amor! Amor todos os dias e a todas as horas!
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