quinta-feira, novembro 23, 2006

Evoluir para solucionar

Aprendi, na infância, que o honrar a palavra dada era uma das grandes virtudes de qualquer pessoa respeitável. E isto era tão evidente que os empregados de meu avô materno diziam dele que «quando o Augusto Cardoso dá a sua palavra, nem que se mije, mas não volta atrás!» No entanto, mormente essa sua faceta de honradez, era também uma pessoa que sabia adaptar-se às mudanças da história e da sociedade em que estava inserido evoluindo positivamente segundo a conjuntura de cada momento, porque, dizia-me ele, «só os burros é que não mudam. Para melhor muda-se sempre, até que daí se possa vir a perder popularidade e vantagens económicas ou sociais!»

Parece-me hoje, que já passaram quase seis décadas, que aquele meu avô, apesar de ter sido homem de poucas letras, não deixava, à sua maneira, de ser um sábio. E, talvez por isso, eu me lembre tão carinhosamente dele como, aliás, do outro avô e das duas avós que tão bem me queriam e me fizeram. Deus os tenha a todos na sua guarda!

Ser homem digo eu – olhando para o passado – é ser-se capaz de honrar compromissos, mas também ser suficientemente inteligente para evoluir discernindo o bem e o mal, de cada instante, virando o espelho do sextante de acordo com a mudança de ângulo solar no horizonte visual.

Vem isto tudo a propósito das políticas da ministra da Educação e do ministro da Saúde, pois, pelo que nos é dado observar, parece-nos que estas pessoas não estão abertas ao que as envolve e, daí, não são capazes de evoluir, pensando nos outros, nos que choram as dores de uma instabilidade profissional e social permanente. Não honram a sua palavra de democratas e de socialistas ou seja: não se abrem à dor dos outros e, como burros teimosos, continuam na asneira e no ostracismo mental de que são feitos.

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