quinta-feira, setembro 07, 2006

Reencarnação

Em que ficamos? A reencarnação existe ou não existe?

Depende muito do tipo de fé de cada um. Para um céptico é bem evidente que não existe, nem pode existir, já que para ele só o que é cientificamente provado e comprovado é que existe Tudo o mais é hipótese, é especulação.

A este propósito é-nos lícito referir que há quem – ingenuamente – o queira negar reportando-se, por exemplo, à parábola do pobre Lazaro quando pede ao Pai Abraão (não a Deus): «peço-te, pai Abraão, que envies Lázaro a casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos; e os previna, a fim de que não venham para este lugar de tormento. Disse-lhe Abraão: têm Moisés e os Profetas que os oiçam! Replicou-lhe ele: Não pai Abraão; se alguns dos mortos for ter com eles hão-de arrepender-se! Abraão respondeu-lhe: Se não dão ouvidos a Moisés e aos Profetas, tão pouco se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dentre os mortos»! (Lucas 16, 27-31) . Pretendem basear a sua negação no facto de Jesus dizer “ressuscitar” e não “reencarnar” esquecendo-se que uma reencarnação é coisa para levar anos, dado que é preciso esperar o tempo da gestação de uma mulher e o de crescimento do indivíduo reencarnado, o que seria demasiado longo. Quando o reencarnado estivesse apto a passar a mensagem já quem dela precisava teria morrido, pois a esperança de vida, naquela época, andava por volta dos 40/50 anos.

Também há quem cite o caso do bom ladrão quando, na cruz, ao lado de Jesus lhe pediu: «Jesus lembra-te de mim quando estiveres no teu reino! Jesus respondeu-lhe: Hoje mesmo estarás comigo no paraíso”»(Lucas 23,43) Pretendem esses negadores da reencarnação dizer que, então, Jesus deveria dizer: «Tem paciência, os teus crimes são muitos, deves passar por diversas reencarnações até te purificares completamente.» Que disparate! Então se Jesus – nas curas milagrosas que fez – disse sempre: «Vai os teus pecados estão perdoados!» Por que não havia de perdoar, misericordiosamente e de imediato, àquele homem que, com uma incomensurável fé, se arrependera dos seus maus actos?

E as negações continuam, passando pelas cartas de São Paulo como por exemplo: «Na ressurreição dos mortos enterra-se um corpo corruptível e ressuscita um corpo incorruptível...» (1 Cor15,42-44). e por aí adiante. Esquecem-se esses mentores da não reencarnação que o corpo incorruptível de que nos fala Paulo mais não é do que a alma, ou espírito, ou energia do corpo corruptível que é dado pelo ventre da mãe que o gerou e que após a sua morte evolui no espaço, pronto, se for o caso, a ser novamente “colocado” num novo corpo em gestação noutra mulher.

Depois vêm com a epístola aos Filipenses quando é afirmado: «Estou pressionado dos dois lados. Tenho o desejo de partir e estar com Cristo, já que isso seria muitíssimo melhor; mas continuar é mais necessário por causa de vós.» (1,21) Baseados nisto dizem: «Se ele (Paulo) tivesse acreditado ser possível a reencarnação, haveriam sido inúteis os seus desejos de morrer, já que voltaria a encontrar-se com a frustração de uma nova vida terrena.» Oh! Santa inocência! Não vêem que – como atrás já foi dito – o tempo para o retorno é muito grande e podia deixar de ser o tempo indicado para quem vivia naquela geração?!...

E, ainda, dizem esses negadores: «A afirmação bíblica mais contundente e lapidar de que a reencarnação é insustentável vem trazê-la a Carta aos Hebreus»: - «Está determinado que os homens morram uma só vez e depois tenha lugar o julgamento.» Mas é claro que assim é, pois o corpo que suporta a nossa alma ou espírito ou energia só vive uma vez, mas – diz o texto sagrado – depois vem o julgamento e é nesse momento que o Pai (Deus) determina o tempo de voltar ou não à Terra noutro corpo e noutra vivência totalmente diferente.

Entretanto, para quem for aberto à crença em coisas não visíveis ou impalpáveis torna-se fácil aceitar a sua existência.

Em que se baseiam aqueles que acreditam na existência da reencarnação?

Os textos sagrados do Antigo Testamento falam disso de forma muito discreta e tímida, veja-se, por exemplo, o salmo [89 (90)] que diz: «Reduzis o homem ao pó da Terra e dizeis: “Voltai filhos de Adão!” mil anos a vossos olhos são como o dia de ontem, (...) Tu os arrebatas como um sonho, ou como a erva que, de manhã, viceja...» Voltai ao pó. Quer dizer que, para além de termos sido feitos do pó, já lá estivemos muitas manhãs como a «erva que viceja». Pelo contrário Cristo, nesta matéria, é um tanto mais atrevido não negando a sua existência.

Vejamos, como prova do que acabamos de afirmar, mais os seguintes exemplos (dois entre muitos) e que são os episódio narrados no Evangelho de Mateus em que, a propósito da morte de João Baptista, está escrito: «Porque todos os profetas e a Lei anunciaram isto até João. É que, acrediteis ou não, ele é o Elias que estava para vir. Quem tem ouvidos, ouça!» (Mt. 11 – 13 a 15)

E, mais adiante, o mesmo escritor sagrado repisa essa mesma ideia. «Os discípulos fizeram a Jesus esta pergunta: “Então, por que é que os doutores da Lei dizem que Elias há-de vir primeiro?” Ele respondeu: “Sim, Elias há-de vir e restabelecer todas as coisas. Eu, porém, digo-vos: Elias já veio, e não o reconheceram; trataram-no como quiseram. Também assim hão-de fazer sofrer o Filho do Homem.” Então os discípulos compreenderam que se referia a João Baptista.» (Mt. 17, 10-13) e (Mc. 9, 11-13)

Como é, então, que o próprio João Baptista afirma que é apenas “a voz do que clama no deserto?

Deus é Pai, Todo Misericordioso, e, no acto da concepção de cada criatura, faz esquecer o passado, pois, para Ele, só contam os comportamentos do presente. O passado é passado, nada mais vale. O presente é que tem de ser devidamente aproveitado na conquista da nossa perfeição.

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