Diz o Povo e muitíssimo bem que “quem não sabe é como não vê!”
Nada mais real e verdadeiro. Por mim tenho essa experiência. Para abrir – numa máquina que meu filho e nora me ofereceram, para não ter de ficar inactivo no lugar para onde “emigro” de segunda a sexta-feira, de cada semana – uma página, ou melhor: um ficheiro, estou a ver-me, autenticamente, como um ceguinho que não sabe o que fazer se é deixado sozinho, numa encruzilhada, duma terra em que nunca esteve. Pois é. Hoje sinto-me assim. Sou um sobrevivente de navio naufragado, metido num bote salva vidas, em pleno oceano de ondas alterosas. Olho o “monitor” em busca de algo que me indique onde está a “estrela polar” que me norteie e me diga qual o rumo a tomar. Melhor dizendo, qual o ícone a activar com a setinha provinda do “rato” (no meu caso TrackBall de comando de pé – engenhoca que o meu filho inventou para resolver o problema da minha deficiência motora).
Sinto-me perdido num turbilhão de dúvidas e de ideias. Sinto-me, aliás, como os portugueses. São tantas, tantas as coisas, neste país, que confundem e turbilhonam o espírito e a mente do cidadão comum, que se torna difícil entender e equacionar o que se vai passando em redor de cada um em particular e, ou de todos, no colectivo. O que, em princípio, parecia (e era) simples torna-se, de um instante para o outro, numa complicação de mil diabos. Ele é a Justiça que se despista em loas e tricas de palavreado inútil e em leis que atrasam e não levam à resolução rápida de processos e julgamentos. Eles são os políticos que, sem nexo ou influenciados por benesses a obter em futuras eleições, se lançam em acusações de pouco interesse para o bem da “rés pública”. Ele são, por último, os governantes que, sem terem noção das dificuldades dos cidadãos, exigem (ampliadamente) aquilo que acaba por levar o pobre do “Zé-povinho” à ruptura humana e económica, deixando-o sem saber em que inferno vai parar e, muito menos, sem saber como livrar-se de tamanho sufoco.
Portugal anda perdido. Os portugueses estão perdidos. E eu não vejo, pelo menos por agora, como descalçar a bota da minha ignorância informática. Entretanto, tal como todos os portugueses, vou em frente, sempre na esperança de dias melhores. Ficar parado, de braços caídos, isso é que nunca! Mesmo com as barbas a arder, o corpo dorido e a alma em ferida é preciso e urgente ir avante com confiança e certo da vitória.
Santo Deus! Afinal, consegui!
Não pelas lições que, em casa, me deram meu filho e minha nora, mas pela forma persistente como encarei a situação e, puxando pelos meus já gastos miolos, pus-me a fazer experiências que acabaram por resultar naquilo que pretendia.
O lema de Aquilino Ribeiro era: «Alcança quem não cansa!»
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