quinta-feira, agosto 24, 2006

Viriato existiu?

Viriato – ensinaram-nos – foi o chefe supremo dos Lusitanos. E sobre isso contaram-nos uma série de estórias que apenas podemos considerar como lendas tornadas história pela força da repetição. Existem até livros de autores afamados que, “por suas investigações”, o dão como verdadeiro, contando que ele era assim e assado e que casou com Fulana ou Beltrana e que esse seu casamento foi desta e daquela maneira. Quando, afinal, o que afirmam foi recolhido de velhos escritos que reproduzem, de uma forma ou de outra, as velhas e seculares lendas.

Então, Viriato existiu? Sim e não!

Sim, porque a Lusitânia era constituída por clãs e por tribos: um grupo de pessoas da mesma família era um clã; um grupo de clãs numa determinada região formava uma tribo. Cada clã tinha o seu chefe e igualmente se passava com cada tribo. O chefe de cada tribo usava a Viris: uma pulseira de cobre ou bronze (trabalhada ou simplesmente lisa) que o identificava. A palavra “viris” neste caso, queria dizer: virilidade guerreira no comando bélico; capacidade de decisão rápida e acertada na negociação ou na guerrilha. Do que se infere que todo o homem da viris era, obviamente, um Viriato. Havendo muitos ao longo de toda a Lusitânia e através das gerações durante a ocupação romana.

Não, se dissermos que Viriato era assim desta e daquela maneira e que fez isto e aquilo. E, para confirmarmos esta asserção, raciocine-se assim: Como era possível Viriato (se fosse um só) no mesmo dia – afirmam-no inscrições lavradas na rocha, em cada localidade – ter desenvolvido, vitoriosamente, uma acção de guerrilha contra os romanos em Lamas de Ferreira de Aves do Concelho de Castro Daire e, também, nas imediações de Folgozinho, lá para as encostas alcantiladas da Serra da Estrela? Que diabo são para aí uns três dias, bem puxados, a cavalo…

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